As queixas do valor da conta de luz no verão se sucedem e causam perplexidade pelos aumentos absurdos promovidos pela Energisa MS. A revolta contra a concessionária é quase unanimidade no Estado. Prevista para arrecadar de 3 mil a 5 mil assinaturas, a campanha Energia Cara Não já conta com o apoio de aproximadamente 30 mil pessoas.
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Dos 720 vereadores sul-mato-grossense, quase metade já se prontificou a participar da reunião na Capital para pressionar grupo Energisa a rever os critérios adotados no fim de ano. Até a Assembleia Legislativa discutirá o assunto nesta quarta-feira com a diretoria da empresa.
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A comoção ocorre porque a energia é serviço essencial, tão importante quanto à água. O mecânico Hélio Antônio de Souza levou um susto ao constatar aumento de 715% na conta de luz de dezembro. Apesar da família ter ficado 12 dos 31 dias fora de casa, o valor saltou de R$ 328,07 para R$ 2.676,06.
Em pânico, ele procurou a concessionária para reclamar e foi “aconselhado” a pagar o valor estratosférico, para só então depois uma equipe verificar se houve algum problema. Caso não tivesse o dinheiro, o mecânico ficaria sem luz para sobreviver ao restante do calor infernal que se abate sobre a Capital.
O dono de uma chácara relatou aumento de 474% ao jornal Correio do Estado. A conta passou de R$ 108,92 para R$ 620,85. O engraçado é que este conta subiu entre uma consulta e outra, apesar da empresa só fazer a leitura do relógio uma vez por mês.
Um outro cliente ia precisar vender a casa para pagar a conta enviada pela Energisa. Conforme o Midiamax, a família de três pessoas recebeu a primeira conta no valor de R$ 16. A segunda teria sido enviada com a fatura total de R$ 79.135,79.
Neste caso, a concessionária não exigiu o pagamento para analisar o erro e enviou uma nova conta de R$ 101,22.
Os aumentos absurdos e abusivos se repetem em todos os 74 municípios atendidos pela Energisa MS e causa indignação. A campanha Energia Cara Não, lançada por Venício Leite, já coletou cerca de 30 mil assinaturas só neste mês. Ele pede que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) apure a causa do aumento e adote medidas para reduzir a conta dos 1,1 milhão de clientes da empresa em Mato Grosso do Sul.
Nesta quarta-feira, Leite vai fazer um relato da campanha aos deputados estaduais e repassar a queixa dos consumidores. A diretoria da Energisa foi convocada pelos deputados estaduais para se explicar na tarde de hoje na Assembleia Legislativa, a partir das 14h.
A indignação move os vereadores de vários municípios. Na próxima segunda-feira, segundo Waldir Gomes (PP), 300 parlamentares municipais devem se reunir na Capital para elevar a pressão contra a concessionária.
“A insatisfação contra a Energisa é geral”, afirma o progressista. “Ocorreram aumentos abusivos nas contas de dezembro a fevereiro e não tem motivo”, garante Gomes.
Como não possuem a competência para criar CPI para investigar a concessionária, os vereadores vão elaborar um documento para que a Assembleia Legislativa crie uma comissão parlamentar para investigar os aumentos abusivos na conta de luz.
A Energisa não deve comparecer ao encontro com os vereadores. No entanto, o presidente da Câmara de Campo Grande, João Rocha (PSDB), conseguiu agendar um encontro com a diretoria no dia 28.
O legislativo estadual já criou duas CPIs para investigar a concessionária de energia. Somente a segunda emplacou e reduziu o valor da energia em Mato Grosso do Sul, considerado o mais caro do País na época.
A primeira tentativa de investigar foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul no início dos anos 2000. Na época, a Justiça acatou o pedido da concessionária de que os deputados não tinham competência para apurar o assunto.
Isso explica a reunião do presidente da companhia no Estado, Marcelo Vinhares Monteiro, e do assessor jurídico, David Rodrigues, com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Paschoal Carmello Leandro, no dia 5 deste mês.
Oficialmente, conforme a assessoria da corte, a reunião foi para discutir o Expressinho, que reduziu em 50% as ações contra a Energisa no Juizado Especial da Capital.
No entanto, é muita coincidência, a diretoria não ter tempo para ouvir queixas dos consumidores, mas ter dispor de agenda livre para conversar com o mais alto funcionário do Poder Judiciário.
O caso merece atenção e ações urgentes, principalmente, por se tratar de serviço essencial e pagamento obrigatório. Não é a toa que a taxa de inadimplência da empresa não atinge 1%.