A corrupção assola Dourados, segundo maior município de Mato Grosso do Sul e ponto estratégico para 35 cidades da região sul. Nesta terça-feira (12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Purificação, que mira fraudes e superfaturamento na área de saúde. O setor está a beira do colapso, com o principal hospital superlotado e sem leitos nas áreas de emergência e até em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
[adrotate group=”3″]
Desde a posse da atual prefeita, Délia Razuk (PR), as operações de combate à corrupção se sucedem no município. João Fava Neto foi preso e perdeu o cargo de secretário municipal de Fazenda por suspeita de desvio de dinheiro. Ele é sogro do filho da chefe do Executivo e deputado estadual Neno Razuk (PTB).
Veja mais:
Por desvio de dinheiro de leite em pó há 23 anos, ex-prefeito pode perder mandato de vereador
Justiça demora muito, mas começa a por na cadeia envolvidos em corrupção
Juiz condena oito a 131 anos de prisão por pagar propina a políticos de Dourados
STJ retoma investigação de “Mensalão Pantaneiro” e quebra de sigilo pode causar terremoto político
Quatro vereadores foram presos e tiveram R$ 25 milhões bloqueados por suposto pagamento de propina e desvio de dinheiro público. O ex-presidente da Câmara e vereador afastado Idenor Machado (PSDB) trocou o legislativo pelo Presídio Estadual de Dourados.
O pastor e vereador Cirilo Ramão descumpriu medida judicial de não frequentar a Câmara Municipal e voltou a se hospedar no presídio porque visitou o legislativo à noite, ignorando determinação do Tribunal de Justiça.
Não bastassem as operações se sucederem na cidade desde 2010, como Owari, Uragano, Cifra Negra, Pregão, entre outras, os políticos e autoridades continuam agindo como se os tempos não estivessem mudando no Brasil, devagar, mas estamos na direção certa.
A constatação fica evidente com a Operação Purificação, deflagrada hoje pela Polícia Federal para cumprir oito mandados de busca e apreensão e de uma prisão temporária.
Conforme o delegado Denis Colares, da PF, Ronaldo Gonzales Menezes comprou o CNPJ da empresa Marmiquente Comércio de Bebidas e Alimentos, que estava desativada desde 2013, só para ganhar o contrato milionário da Fundação Municipal de Saúde.
Mesmo sem funcionários, estrutura e equipe, a empresa foi contratada em regime emergencial, sem licitação, para fornecer alimentação aos pacientes e funcionários do Hospital da Vida, unidade de referência no atendimento de emergência e de alta complexidade para 35 municípios.
No ano passado, a empresa foi a única participante do pregão eletrônico e, como acontece no Brasil, ganhou o contrato por R$ 1,282 milhão.
O delegado evitou estimar valores desviados nem superfaturados. No entanto, Colares garantiu que existem indícios de que houve direcionamento na licitação e superfaturamento. Ele não confirmou, mas Ronaldo Gonzales Menezes foi preso na manhã de hoje.
No site da Receita Federal, a Marmiquente pertence a Crélio Escobar Gomes e possui capital social de R$ 100 mil. A PF ainda vai apurar para saber quem é o real dono da empresa beneficiada pela maracutaia neste caso.
O caso é exemplar sobre os efeitos da corrupção na saúde. O Diário MS revelou que o Hospital da Vida, uma das unidades atingidas pelo suposto esquema criminoso, está superlotado, com pacientes acomodados em corredores na emergência e nos quartos.
Em comunicado enviado no domingo, a direção do hospital alerta para a falta de leitos em UTI, aquela unidade em que a pessoa morre se não tiver vaga na hora. O setor está em colapso em Dourados.
Aqui o cidadão não tem dúvidas sobre o que causa a corrupção do seu bandido de estimação: sofrimento, agonia, desespero e até morte.