O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, optou por uma solução caseira para o comando da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul. No Estado desde 2015, o delegado Cleo Matusiak Mazzotti foi efetivado no cargo de superintendente regional e substituirá Luciano Flores de Lima, famoso por integrar a Operação Lava Jato e ter conduzido coercitivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para prestar depoimento.
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Discreto e de fala mansa, Mazzotti conduziu e supervisionou grandes operações de combate ao crime organizado e à corrupção. Em 13 anos, como delegado da Polícia Federal, ele conseguiu fazer a diferença.
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Ele supervisou a Operação Lama Asfáltica, maior ofensiva contra a corrupção em 40 anos em MS, que já reuniu indícios de desvio de R$ 432 milhões dos cofres estaduais e levou para a prisão o ex-governador André Puccinelli (MDB). Poderosos e influentes na política regional por duas décadas, o ex-deputado federal Edson Giroto (PR) e o empresário João Amorim estão presos há quase nove meses acusados de serem chefes da organização criminosa.
Como as investigações ainda não foram concluídas, a Lama Asfáltica, que mirou as empresas de informática na 6ª fase em novembro do ano passado, vai continuar sendo prioridade na corporação. A esperança é de que seja criada força-tarefa para acelerar a conclusão das investigações iniciadas em 2013.
Formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Mazzotti começou no serviço público como analista de informações e agente operacional da Abin (Agência Brasileira de Informação), o serviço secreto do Governo federal.
Como delegado da Polícia Federal, ele começou em 2006 como chefe do Núcleo de Imigração em Foz do Iguaçu. Na cidade da tríplice fronteira com Paraguai e Argentina, ele comandou a Operação Igaraçu, que desmontou uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas em canoas grandes no lago da Usina de Itaipu.
Outro destaque foi a Operação Fragata, que levou à prisão de 14 acusados nos crimes de contrabando, corrupção, furto, roubo e tráfico internacional de entorpecentes.
Em Mato Grosso do Sul desde 2015, como delegado regional de combate ao crime organizado, Cleo Mazzotti comandou a Operação All In, que desmontou a organização criminosa chefiada por Gerson Palermo. O grupo criminosa atuava no tráfico transnacional de cocaína e atuava em MS e no Rio Grande do Sul.
A Operação Nevada prendeu integrantes de uma quadrilha que jogavam de aeronaves fardos de cocaína em fazendas de Bonito, que eram recolhidos e levados para São Paulo. A Justiça Federal condenou 14 integrantes da organização criminosa a 223 anos de prisão e confiscou todos os bens da quadrilha.
A Operação Nepsis combateu o contrabando de cigarro com a prisão de 43 pessoas em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Alagoas. A operação prendeu três gerentes da Máfia do Cigarro.
O novo superintendente deve manter o foco no combate ao tráfico internacional de drogas e deve procurar, principalmente, quebrar o poder financeiro dos narcotraficantes.
Outro setor com alto índice de sonegação é o de frigoríficos. Com a segunda fase da Operação Labirinto de Creta, a PF descobriu esquema de empresas que causou prejuízo de R$ 350 milhões ao fisco.
Até golpistas que atuavam na Capital há vários anos entraram na mira da corporação. A Operação Ouro de Ofir identificou uma suposta organização criminosa que deu golpe em 60 mil vítimas em todo o País.
Mazzoti ainda terá novos desafios com velhos problemas. O inquérito do lixo foi aberto em 2012 e segue inconcluso em decorrência dos recursos dos investigados para suspender depoimentos e postergar o andamento do caso.
Outro caso emblemático é o escândalo do Gisa, que ganhou dimensão nacional com a nomeação do ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta como ministro da Saúde.
Se os desafios são muitos, a falta de pessoal e estrutura ainda é um entrave para a Polícia Federal resolver os problemas brasileiros.