A mudança no comando da Polícia Federal mantém suspense sobre o futuro das investigações envolvendo os maiores escândalos de corrupção em Mato Grosso do Sul. Com a saída do de Luciano Flores de Lima, que permaneceu na chefia da corporação por menos de um ano, o futuro dos inquéritos dependerá do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
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A PF tem desafios imensos pela frente com emblemáticos, como a Operação Lama Asfáltica, que apura desvios superiores a R$ 430 milhões e suposta organização criminosa chefiada pelo ex-governador André Puccinelli (MDB), o ex-deputado federal Edson Giroto e o empresário João Amorim.
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Desde 2012, policiais federais se desdobram em apurar corrupção e fraude na bilionária licitação do lixo na Capital, que pode envolver o senador eleito e ex-prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PTB), a deputada estadual Antonieta Amorim (MDB) e a Solurb, concessionária que recebe quase R$ 90 milhões por ano da Prefeitura de Campo Grande.
Em novembro do ano passado, a superintendência voltou a apurar o envolvimento do ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM), agora promovido a ministro da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), no escândalo do Gisa.
A PF ainda apura o suposto esquema de cobrança de propina por integrantes do Governo estadual em troca de incentivos fiscais, conforme a denúncia feita pelos donos de dois frigoríficos e de um curtume em 28 de maio de 2017. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) teve o inquérito arquivado pelo Superior Tribunal de Justiça, mas a investigação prossegue em relação aos demais acusados.
Só que a PF sofre com a falta de pessoal para comandar as investigações. A demora na investigação é uma das principais críticas sofridas pela corporação dos acusados por corrupção, tráfico de drogas, contrabando de armas e cigarro.
A chegada de Luciano Flores, que foi integrante da Operação Lava Jato e ganhou fama internacional ao conduzir coercitivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu esperança de que haveria reforço no Estado.
Contudo, Luciano acabou nomeado para chefiar a PF no Paraná, onde tramita a Operação Lava Jato, considerada a maior ofensiva contra a corrupção na história brasileira e tida como menina dos olhos de Moro. Ele assume a vaga no lugar de Maurício Valeixo, que foi nomeado como diretor-geral da PF.
Flores já havia sinalizado a importância de criar uma força-tarefa para conduzir a Lama Asfáltica, devido a complexidade da investigação e do grande número de réus envolvidos.
Com a saída dele, a superintendência volta para o comando interino do delegado Cleo Mazzatti.
Além do novo superintendente, o rumo das investigações vai depender dos interesses de Sérgio Moro em reforçar as equipes para dar mais agilidade às investigações. O escândalo do lixo está indo para o sétimo ano na fase de investigação.
Isso é significa que o risco de o escândalo terminar impune é grande, considerando-se que casos de corrupção demoram para ser julgados na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.
O caso mais notório é o da Santa Casa de Dourados, ocorrido em 1998, mas que só foi julgado no final do ano passado. Além de levar duas décadas para concluir pela culpa dos envolvidos, os integrantes da cúpula do Governo de Wilson Barbosa Martins (MDB), o juiz Renato Toniasso só os condenou a pagar R$ 500.
A esperança do cidadão sul-mato-grossense é de Moro dê às investigações por corrupção e contra o crime organizado em MS a mesma agilidade empregada na Lava Jato, que já condenou mais de 160 pessoas em cinco anos.