Campo Grande vem registrando queda nos acidentes de trânsito desde 2014 e esta redução não foi interrompida nem com o desligamento dos equipamentos de fiscalização eletrônica em dezembro de 2016. O número de ocorrências teve queda de 21,28% no ano passado e é o menor desde 2013, segundo o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
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Houve redução de 8,59% nos casos com vítimas. Só o número de mortes aumentou 20% em 2018, mas é inferior ao contabilizado na época da fiscalização eletrônica. Apesar dos números, a prefeitura contratou o Consórcio Cidade Morena e vai gastar R$ 15,4 milhões por ano com a reativação dos radares e olho vivo.
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No entanto, quem ganha com a volta dos radares? Para parte da sociedade, a “indústria da multa” é mais uma fórmula do poder público encher os cofres públicos. Já para as autoridades de trânsito, o retorno é fundamental para combater a estupidez e a imprudência no trânsito. Com o controle da velocidade, o número de mortes poderia ter sido ainda menor.
No total, o número de acidentes teve redução de 21,28% no ano passado, de 11.311 para 8.904. De acordo com o monitoramento do GGIT (Gabinete de Gestão Integrada no Trânsito), a média diária de acidentes teve redução de 36,73% em relação ao recorde de 2014 para 2018, passando de 38,5 para 24,39 por dia.
Pela primeira vez desde 2012, a quantidade de ocorrências no trânsito ficou abaixo dos 10 mil em Campo Grande.
Já os acidentes com vítimas teve redução de 8,59% no ano passado em relação a 2017, de 5.525 para 5.050. Em relação a 2014, quando foram registradas 7.608 ocorrências com feridos, houve queda de 33,62%.
A divulgação dos números irrita os dirigentes da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), que viu a receita com multas despencar com o desligamento dos radares. Os equipamentos começaram a ser reativados em dezembro, para desalento de quem os considera indústria da multa.
Para o chefe da fiscalização de trânsito do Detran, André Canuto, a fiscalização eletrônica é importante, porque o excesso de velocidade é fator predominante para as mortes. “Apesar dessa queda significativa, observamos o número maior de letalidade nos acidentes, o que quer dizer que aumentamos a violência das batidas em Campo Grande. Um dado que pode ser facilmente analisado por conta da falta dos equipamentos que controlam a velocidade dos condutores, já que estivemos o ano todo com radares inoperantes na cidade”, afirmou.
Canuto enfatiza o aumento de 20% nos óbitos em acidentes no ano passado, com 84 mortes, contra 70 em 2017.
O comandante do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito, tenente-coronel Franco Alan da Silva Amorim, tem uma explicação para a queda no número de acidentes com o desligamento dos eletrônicos. “Quando os radares deixaram de funcionar em 2017, os equipamentos ainda estavam fixados nos locais, o que deixava os motoristas receosos ao trafegar. No ano passado esses equipamentos começaram a ser retirados e na certeza da impunidade, os motoristas passaram a abusar da velocidade, o que aumentou o número de mortos”, explica.
Na mesma linha, o diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, já recorre aos dados a primeira quinzena deste mês para reforçar a importância dos radares. O número de acidentes teve queda de 9,2% em relação ao mesmo período de 2018, de 184 para 167 acidentes. Não houve mortes neste ano, contra duas no período de 1º a 16 de janeiro do ano passado.
“Isso já é motivo de comemoração. Começar o ano com uma queda significativa no número de acidentes registrados é resultado de um trabalho intenso de fiscalização e conscientização feita em conjunto com os demais poderes ligados ao trânsito”, festeja Bruno.
A Capital já foi campeã nacional em violência no trânsito. A situação começou a mudar com a criação do Gabinete de Gestão Integrada, que reúne órgãos de trânsito, de saúde e de segurança pública para discutir as causas dos acidentes e os meios de mudar a realidade.
O Jacaré tentou falar com um integrante da equipe, mas a assessoria da prefeitura levou seis dias para responder os dados sobre acidentes e não indicou ninguém para falar pela equipe.
Mesmo sem campanha educativa, o grupo merece as congratulações porque conseguiu reduzir os números.
A volta dos radares é importante para combater abusos, como foi o caso de um veículo esportivo Porsche, flagrado a 113 quilômetros por hora por volta das 10h na Avenida Afonso Pena, onde a velocidade máxima permitida é 50 km/h.
No entanto, a discussão é importante. Vale a pena o gasto de R$ 15,4 milhões por ano com a reativação dos equipamentos? Um quebra-molas não seria mais eficiente, barato aos cofres públicos e menos danoso ao bolso do contribuinte?
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