A suposta crise econômica, que achata salários do funcionalismo público e penaliza os moradores de Campo Grande, não existe para os vereadores. Nesta quinta-feira, eles aprovaram aumento de 26,33% a 159% nos salários dos parlamentares, dos secretários municipais, da vice-prefeita e do prefeito de Campo Grande.
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O parlamento decidiu entrar na festa a custa do sacrifício do contribuinte aberta pelo Supremo Tribunal Federal, que elevou os salários dos ministros em 16,38%, de R$ 39.293,23. O trabalhador, com um salário mínimo, levaria três anos para ganhar o valor pago em mês ao ministro do STF.
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Antes de voltar à realidade em 2019, quando vão começar a discutir medidas para reduzir o gasto com pessoa, que pode incluir demissão de servidores concursados, os parlamentares campo-grandenses decidiram participar do deboche.
Inicialmente, eles aprovaram reajuste de 26% nos próprios salários – elevando dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68 a partir de 2021. Atenção para o detalhe, este aumento pode chegar a 47% caso os deputados federais sigam o exemplo do Supremo e aprovem o reajuste de 16,38%.
Os vereadores aprovaram que o subsidio passa representar 75% do valor pago ao deputado estadual (R$ 25.322,25). A Assembleia aguarda o Congresso Nacional definir o salário dos deputados federais e senadores para aderir à farra.
A Câmara aprovou, ainda, o reajuste nos salários dos secretários municipais, da vice-prefeita Adriane Lopes (Patri) e do prefeito Marquinhos Trad (PSD), apesar da prefeitura não estar nadando em dinheiro. Neste mês, os servidores da saúde receberam o pagamento com atraso por falta de dinheiro.
Os secretários municipais terão reajuste de 159% no salário, que saltará dos atuais R$ 11.619,70 para R$ 30.142,88 (85% do valor pago ao chefe do Executivo).
Outra que terá motivos para turbinar a festa de Natal será a vice-prefeita, que ganhou aumento de 108%. O vencimento passará de R$ 15.308,66 para R$ 31.915,99.
Marquinhos, que já considerou irrisório o salário de R$ 11 mil pago a um deputado estadual, vai ter motivos para rir no fim de ano. Os vereadores aprovaram aumento de 73,72% no seu subsídio, que saltará dos atuais R$ 20.412,42 para R$ 35.462,22.
Para quem ficou indignado com este deboche com o povo, que sofre com a falta de remédios e médicos, os buracos nas ruas, as obras paradas por falta de recursos e competência, a violência e o aumento da miséria, um alento, o aumento será gradual.
Confira a votação do reajuste estratosférico
A favor
- Delegado Wellingotn (PSDB)
- Antônio Cruz (PSDB)
- Dr. Lívio (PSDB)
- João Rocha (PSDB)
- Valdir Gomes (PSDB)
- Cazuza (PP)
- Dharleng Campos (PP)
- Odilon de Oliveira (PDT)
- Ademir Santana (PDT)
- Dr. Loester (MDB)
- Wilson Sami (MDB)
- Betinho (PRB)
- Gilmar da Cruz (PRB)
- Carlão (PSB)
- Enfermeiro Fritz (PSD)
- Chiquinho Telles (PSD)
- Pastor Jeremias Flores (Avante)
- William Maksoud (PMN)
- Enfermeira Cida Amaral (Pros)
- Ayrton Araújo (PT)
- Otávio Trad (PTB)
- Eduardo Romero (Rede).
Contra
- André Salineiro (PSDB)
- Vinicius Siqueira (DEM)]
Ausentes
- João César Mattogrosso (PSDB)
- Junior Longo (PSB)
- Veterinário Francisco (PSB)
- Lucas de Lima (SD).
Fonte: Midiamax
De acordo com o Midiamax, o aumento não ocorre de uma vez, e sim progressivamente até atingir seu total em 2021. Sendo 71% com efeito a partir da publicação da emenda; 80% em janeiro de 2019; 90% em 2020; e 100% no ano seguinte.
Na prática, o salário do secretario passa de R$ 11.619,70 para R$ 21.401,44 neste mês (71% do valor) e para R$ 24.114,30 em janeiro (reajuste de 107%). Em 2020, novo salto de 152%, com o subsidio indo a R$ 28.928,59. E finalmente, os R$ 30.142,88 em 2021.
Para o presidente da Câmara Municipal, João Rocha (PSDB), os vereadores estão sem reajuste desde 2009 – quando houve o último reajuste, o que por “si só justifica a apresentação da presente reforma”.
Dois vereadores votaram contra o aumento para a turma do primeiro escalão. “Votei contra todos os aumentos”, afirmou Vinícius Siqueira (DEM).Na sua avaliação, o Brasil está melhorando os indicadores, mas ainda não saiu totalmente da crise. “Ainda não é o momento de aumentar gastos públicos”, justificou-se.
Opinião semelhante tem outro parlamentar, André Salineiro (PSDB). “O cenário ainda não está favorável”, explicou-se.
Esta é a segunda vez que o legislativo municipal eleva os próprios salários para R$ 18,8 mil. Devido à crise enfrentada pelo município em 2017, eles desistiram do aumento aprovado pela legislatura anterior e mantiveram o subsídio em R$ 15 mil.
No entanto, a discrepância em relação ao índice aprovado aos servidores municipais neste ano é abissal. Enquanto os secretários terão os salários corrigidos em 159%, os 25 mil funcionários públicos, devido à crise, tiveram correção de 3,04% a 7,64% nos salários neste ano.
A aprovação dos salários depois das eleições deste ano e a dois anos de tentar um novo mandato é estratégica para evitar desgaste. Afinal, como tem eleitor que fica indignado hoje e até faz campanha como um louco daqui dois anos.
Essa conduta de debochar do povo não mudar se não houve mudança na postura do eleitor. Em uma pequena cidade do interior do Paraná, os vereadores desistiram do aumento e até reduziram os salários após revolta da população.
O que fará o povo mais esclarecido da Capital de Mato Grosso do Sul?
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