Somente em julho deste ano, 22 anos depois do suposto crime, a Justiça Federal de Campo Grande descobriu mais um sumiço de dinheiro envolvendo Jedeão de Oliveira, 50 anos, ex-chefe de gabinete do juiz Odilon de Oliveira (PDT). Ao procurar as cédulas apreendidas em poder da organização criminosa do narcotraficante Nilton Andrade dos Santos, o Pepito, para encaminhar ao Fundo Nacional Antidrogas, os funcionários não encontraram os reais, dólares, bolívares e guaranis.
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No dia 29 de setembro deste ano, o procurador Davi Marcucci Pracucho ingressou com ação de improbidade administrativa contra Jedeão. Além de acusá-lo de enriquecimento ilícito, o Ministério Público Federal cobra o ressarcimento do dinheiro desviado e o pagamento de multa de três vezes.
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Esta é a segunda ação por improbidade do MPF contra o ex-assessor. A primeira cobra R$ 10,6 milhões referente ao ressarcimento dos valores desviados, indenização por danos morais e multa civil. Sindicância do Tribunal Regional Federal da 3ª Região detectou o desvio em 26 ocasiões.
O novo crime só foi descoberto na hora da execução da sentença do juiz Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara Federal, que determinou o encaminhamento do dinheiro ao Fundo Nacional Antidrogas. Não houve problemas para a destinação de duas aeronaves, quatro armas de fogo, munições e uma fazenda.
Já o dinheiro, entregue pelos policiais federais em mãos para Jedeão em 23 de março de 1996, não foi localizado. Conforme o inquérito policial, o então chefe de gabinete da 3ª Vara Federal recebeu R$ 1.285, 7 dólares, 62,5 mil guaranis e 120 bolívares. Só o montante em moeda nacional equivale a R$ 5,1 mil em valores atualizados pela inflação.
O dinheiro estava em poder da quadrilha de Pepito, um dos primeiros narcotraficantes condenados a planejar o assassinato do juiz federal Odilon de Oliveira. Esta ameaça foi um dos motivos que levaram ao fornecimento de escolta da PF ao magistrado até este ano, quando o Conselho Nacional de Justiça decidiu tirar a proteção porque ele decidiu ser candidato a governado nas eleições deste ano.
Jedeão foi um dos protagonistas da campanha eleitoral deste ano. Em julho, ele propôs delação premiada contra Odilon, o primo e ex-chefe. No entanto, a proposta foi recusada pelo MPF e pela PF por falta de provas.
No entanto, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) usou a carta de Jedeão para atacar Odilon. O magistrado ingressou com denúncia contra o tucano no Superior Tribunal de Justiça.
O candidato a governador do PDT destacou que denunciou o ex-assessor à PF e pediu correição extraordinária ao TRF3. Ele frisou que investigou e não acobertou nenhuma irregularidade do primo.
A nova ação por improbidade administrativa será analisada pela juíza Janete Lima Miguel, da 2ª Vara Federal de Campo Grande. O processo que cobra R$ 10,6 milhões tramita em sigilo por determinação do juiz da 4ª Vara, Pedro Pereira dos Santos.
Na esfera criminal, a ação está conclusa para sentença do juiz Dalton Kita Conrado desde o dia 10 de agosto.
A demora de duas décadas para descobrir o suposto crime ilustra, sem comentários, a morosidade da Justiça Federal em Mato Grosso do Sul. E não é por falta de problemas com tráfico transnacional, contrabando de cigarro e corrupção.