A denúncia da “cola na prova” por ocupantes de cargos comissionados e fraude no concurso público, cancelado pela Justiça, tornou-se a gota d’água na coleção de escândalos e pode custar o mandado do prefeito de Aparecida do Taboado, José Robson Samara Rodrigues de Almeida, o Robinho Samara, 61 anos, do PSB. Por 5 votos a 3, a Câmara aceitou a denúncia que pode levar à cassação do chefe do Executivo.
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O pedido de impeachment foi protocolado pelo presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Gilson Alves Garcia. Ele citou oito ações na Justiça e dez inquéritos abertos pelo Ministério Público Estadual para apurar irregularidades de toda sorte, que vão desde nepotismo, fraude em construção de portais até desvio de terra no aterro sanitário.
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Para o sindicalista, o atual prefeito, que está no segundo mandato, vai deixar multas milionárias como herança maldita para o sucessor. Em três ações, a Justiça aplicou R$ 17 milhões em multas contra a prefeitura.
Os dois últimos concursos públicos foram cancelados pelo Poder Judiciário. O primeiro era para procurador jurídico e iria beneficiar o atual procurador-geral do município, Everton Caramuru Alves. A Justiça suspendeu o certame e afastou todos os ocupantes de cargos comissionados beneficiados pela fraude.
O segundo iria beneficiar o filho do procurador, Jonatas Emmanuel Padim Piacentini Alves, o secretário municipal de Administração, Kaiser Carlos Corrêa, o ex-secretário municipal de Obras, Rafael Alexandre Faria, entre outros.
O pedido de abertura de Comissão Processante foi aprovado pelos vereadores Moysés Chama (MDB), José Natan de Paula (PSB), Pastor Ronaldo Néris (PDT), Marcelo Fagundes, o Propaganda (DEM) e Walter Jose de Oliveira, o Veião (PTB). Votaram contra Gilson de Barros, o Gilson Cohab (PSD), José Rodrigues de Matos, o Zezão do PT, e Andrey dos Reis (PSDB).
Caso a cassação seja aprovada, a prefeitura passa para o comando do vice-prefeito, o pecuarista e estudante de Direito, Gustavo Carvalho, 38 anos, do PSDB. Vereador de oposição na gestão anterior, ele acabou se coligando com Robinho após intervenção do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Logo após a posse, prefeito e vice teriam rompido novamente.
A votação na Câmara reflete bem a atual fase da política brasileira. Vereador do PSB, mesmo partido do prefeito, votou a favor da denúncia. Já o tucano, da sigla do vice, votou contra.
A Comissão Processante será composta pelos vereadores Propaganda, Gilson da Cohab (presidente) e Moysés Chama (relator).
Dos eleitos em 2016, Robinho pode ser o segundo a ser afastado do cargo. O primeiro foi o prefeito Mário Valério (PR), de Caarapó, cassado pela Justiça Eleitoral. A cidade voltará às urnas para escolher o sucessor no fim deste mês.