Dinheiro não foi causa da derrota de seis deputados estaduais nas eleições deste ano. Apesar de terem arrecadado R$ 1,564 milhão, eles não conseguiram votos suficientes para conquistar um novo mandato. Em média, os parlamentares investiram R$ 16,79 por voto, enquanto o campeão no pleito de 2018, Renan Contar, o Capitão Contar (PSL), gastou apenas R$ 1,06.
Acostumados com o poder, longe da realidade do cidadão acostumado a suar para sobreviver com pouco dinheiro e ainda penar para pagar os impostos, os deputados não economizaram para convencer o eleitor a lhes dar uma nova chance.
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Os seis derrotados investiram R$ 1,564 milhão, conforme dados parciais apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para conquistar 93.132 votos. Eles investiram 16 vezes mais que o Capitão Contar, que estourou nas urnas embalado pela onda pró Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente no segundo turno.
Os legisladores estaduais não economizaram nos motivos para não ter o apoio do cidadão novamente, como aprovar o aumento de impostos, o reajuste de 6,07% e o aumento na alíquota da previdência dos servidores públicos estaduais e a defesa do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), alvo de cinco pedidos de impeachment por causa da denúncia feita pela JBS.
O maior fracasso foi a deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), que conseguiu arrecadar R$ 680,8 mil. A parlamentar decepcionou a direção nacional do partido, que apostou alto na sua reeleição ao lhe repassar R$ 451.875. Outro derrotado, o deputado federal Elizeu Dionizio (PSB), doou R$ 111,6 mil. A tucana conseguiu 23.813 votos, o que significa investimento de R$ 28,58/eleitor.
Gasto deputados estaduais não reeleitos |
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Nome |
Receita |
Votos |
Mara Caseiro (PSDB) | R$ 680.808,33 | 23.813 |
Amarildo Cruz (PT) | R$ 271.513,45 | 15.919 |
Paulo Siufi (MDB) | R$ 229.500 | 8.649 |
Enelvo Felini (PSDB) | R$ 174.425 | 20.721 |
João Grandão (PT) | R$ 113.400 | 16.020 |
Mauricio Picarelli (PSDB) | R$ 94.900 | 8.010 |
O segundo maior investimento proporcional, de R$ 26,53 por voto, foi do deputado estadual Paulo Siufi (MDB), que voltou a ser réu na Operação Coffee Break por determinação do Superior Tribunal de Justiça. Ele arrecadou R$ 229,5 mil, sendo R$ 200 mil do senador Waldemir Moka (MDB), outro reprovado nas urnas.
Defensor fervoroso do ex-governador André Puccinelli (MDB) e condenado por improbidade por receber salário sem cumprir a jornada em um posto da saúde da Capital, Dr. Paulo Siufi só obteve 8.649 votos e só vai usufruir o cargo de deputado por apenas dois anos, já que ele assumiu no lugar do primo, o prefeito Marquinhos Trad (PSD).
O petista Amarildo Cruz arrecadou R$ 271,5 mil para conquistar 15.919 votos. É o terceiro maior gasto proporcional entre os não reeleitos, com R$ 17,05 por voto. O deputado investiu R$ 114.210 do próprio bolso, já que a direção nacional do PT só repassou R$ 40 mil. Ele deixou a desejar ao fazer uma oposição tímida à atual administração.
O maior fiasco foi Maurício Picarelli (PSDB), que deixa o parlamento após décadas. Fora da TV, seu principal cabo eleitoral, o deputado teve apenas 8.010 votos, apesar de ter arrecadado R$ 94.900. O maior investimento foi da direção nacional tucana, R$ 25 mil.
Sem os holofotes dos programas populares, Picarelli não teve nenhum prestígio no partido, considerando-se que sua colega Mara teve repasse 17 vezes maior. Nem o próprio parlamentar apostou na renovação do mandato, considerando-se que não recorreu ao próprio bolso.
Já o deputado Enelvo Felini (PSDB) apostou na reeleição e aplicou R$ 115,8 mil dos R$ 174.425 arrecadados para a campanha fracassada. O PSDB também só lhe repassou R$ 25 mil. O investimento do tucano é o 5º maior entre os não reeleitos, já que a proporção foi de R$ 8,41/voto. Ele conquistou 20.721 eleitores.
Mesmo com a candidatura indeferida pela Lei da Ficha Limpa, João Grandão (PT) investiu R$ 113,4 mil na campanha pela reeleição. O parlamentar tirou R$ 61,5 mil do próprio bolso e conquistou 16.20 votos, que foram anulados porque o registro foi indeferido pela Justiça Eleitoral.
Grandão foi condenado em segunda instância a 11 anos e dez meses de prisão na Operação Sanguessuga pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.
Dois ex-deputados não voltam apesar do investimento de R$ 759 mil
Outros dois ex-deputados estaduais investiram uma fortuna para tentar voltar ao legislativo, mas fracassaram nas urnas. O maior investimento foi feito pela ex-deputada Dione Hashioka (PSDB), mulher do diretor-presidente do Detran, Roberto Hashioka.
Ela investiu R$ 458.264 na campanha deste ano e conquistou 21.754 votos. Isso significa investimento de R$ 21,06 por voto, enquanto o campeão, Capitão Contar, gastou apenas R$ 1,06.
Ex-prefeito de Corumbá e ex-secretário estadual de Fazenda, Paulo Duarte (MDB), não teve êxito, apesar da arrecadação de R$ 301.206. Em média, o ex-petista investiu R$ 17,36 por voto, considerando-se os 17.343 votos conquistados.