A redução no número de policiais e o aumento da criminalidade devem marcar a gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), que disputa o segundo turno com o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT). Em quatro anos, houve crescimento de até 57,9% no número de roubos, furtos e estupros no Estado. A boa notícia é que houve queda expressiva em homicídios dolosos.
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Com a arrecadação ficando abaixo da expectativa nos últimos três anos e a “lei do teto” limitando os gastos por 10 anos, o próximo governador será obrigado a quase fazer milagres para resolver os problemas. Além da defasagem salarial de 23,44%, o Estado tem déficit expressivo no quadro de policiais e 15% das viaturas da Polícia Civil baixadas por problemas mecânicos.
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A guerra de facções, que vem inovando na crueldade dos crimes com decapitações das vítimas, e a utilização de armamentos pesados, como metralhadora .50 em assaltos, vai exigir mais investimentos em estratégia e inteligência para combater o crime organizado.
A população sente na pele a precariedade na segurança pública. Conforme a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), em quatro anos, o número de roubos teve crescimento de 26% na Capital, passando de 3.626 casos, registrados entre 1º de janeiro de 2014, para 4.571 no mesmo período deste ano. No Estado, foram 7,3 ml assaltos a mão armada em 2018, alta de 9,43% em relação ao último ano do mandato de André Puccinelli (MDB), com 6,6 mil casos.
O número de furtos oscilou positivamente em 11,3% no mesmo período, de 26,4 mil para 29,4 mil em nove meses.
De acordo com o Governo, houve aumento de 21,44% no número de estupros no Estado, de 1.040 para 1.263 ocorrências. Na Capital, a evolução foi ainda maior, de 57,9%, de 252 para 398 casos de estupro.
Violência em números em MS |
|
Furtos |
alta de 11,3% |
2014 | 26.456 |
2018 | 29.454 |
Roubos |
alta de 9,43% |
2014 | 6.696 |
2018 | 7.321 |
Estupro |
alta de 21,4% |
2014 | 1.040 |
2018 | 1.263 |
Homicídio |
queda de 28,6% |
2014 | 437 |
2018 | 342 |
Fonte: Sejusp |
O presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis), Giancarlo Miranda, destaca o aumento da violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul. “Somos primeiro no ranking nacional”, lamenta, citando que a proporção sul-mato-grossense é de 54,4 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional de 24/100 mil.
No geral, conforme o sindicalista, a média estadual é de 7,6 crimes contra a mulher, enquanto a média dos estados brasileiros é de 4,4/100 mil.
No entanto, nem tudo foi perdido nos últimos quatro anos. Houve redução de 28,6% na quantidade de homicídios dolosos em MS, de 437 para 342. A queda foi mais expressiva ainda na Capital, de 45,5%, de 112 assassinatos registrados de janeiro a setembro de 2014, para 63 no mesmo período deste ano, conforme a Sejusp.
Uma das causas do aumento da criminalidade é déficit na tropa da PM. De acordo com a lei, o número ideal seria de 9.616 policiais, mas só 4.791 militares estão na ativa. O efetivo é inferior ao registrado há 11 anos, quando a PM contava com 5,7 mil integrantes, conforme o presidente da AME-MS (Associação dos Militares Estaduais), tenente Thiago Mônaco.
Entre 2007 e 2018, a população sul-mato-grossense passou de 2,265 milhões para 2,748 milhões de habitantes. Isso significa que a proporção era de um policial militar para cada 397 habitantes. Hoje, existe um PM para 573 moradores.
Números da criminalidade na Capital |
|
Furtos |
Alta de 10,86% |
2014 | 11.500 |
2018 | 12.750 |
Roubos |
Alta de 26% |
2014 | 3.626 |
2018 | 4.571 |
Estupro |
Alta de 57,9% |
2014 | 252 |
2018 | 398 |
Homicídio |
Queda de 45,5% |
2014 | 112 |
2018 | 63 |
Fonte: Sejusp |
Somente após três anos e meio no cargo, o governador Reinaldo anunciou a realização de concurso público para contratar menos de 500 policiais militares. Este número é considerado insuficiente para atender a demanda de 4,8 mil militares.
O déficit da tropa sobrecarrega os policiais militares na ativa. Outro agravante é a defasagem salarial de 23,44%. Mônaco relembra que o policial sul-mato-grossense já chegou a ostentar o 3º maior salário do País, mas hoje não chega a ficar entre os 20 melhores.
O mesmo problema atinge os policiais civis, que recebem o 17º maior salário no País. Na campanha de 2014, o tucano tinha assumido o compromisso de elevar para o 5º melhor.
Levantamento do Sinpol mostra que 15% das 750 viaturas da Polícia Civil estão encostadas em decorrência de problemas mecânicos. Outro problema, de acordo com Giancarlo, é a destinação de 20 litros de combustível por semana, o que limita o trabalho dos agentes.
Sobre as novas viaturas distribuídas pelo governador no programa MS Mais Seguro, que teve investimento de mais de R$ 96 milhões e entregou 700 novas viaturas, o problema foi a utilização de critério político na distribuição. Conforme o sindicalista, cidades sem necessidade foram contempladas, enquanto outras continuaram com as velhas.
O Jacaré procurou a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública para falar sobre as críticas e fazer balanço, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue a disposição.