Os sete estudantes da Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado, em Campo Grande, foram retirados no horário da aula para gravar o programa eleitoral do candidato a senador Marcelo Miglioli (PSDB) por uma mulher que não ocupava nenhum cargo público. A medida revela o risco que as crianças correram ao deixar a aula no carro da suposta funcionária pública.
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Luz Cáthia Ramos não exercia desde 3 de julho do ano passado o cargo de coordenador de apoio educacional da Secretaria Estadual de Educação. Na ocasião, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) a transferiu para o cargo de coordenadora (?) na Secretaria Estadual de Governo e Gestão Estratégica.
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“Informamos que a senhora Luz Cáthia Ramos, envolvida nos fatos apontados pelo Blog “o Jacaré”, na última terça-feira (16.10), apontada como servidora da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED), não responde por função nesta pasta desde o dia 6 de julho de 2017, quando deixou de fazer parte do quadro de servidores da SED”, informou a assessoria da pasta.
Luz Cáthia foi exonerada da Secretaria de Governo no dia 1º de agosto deste ano. Ela usou o cargo ocupado na Secretaria da Educação para pressionar a direção da escola para liberar os alunos no dia 14 de setembro deste ano.
A denúncia contra Miglioli foi feita à Justiça Eleitoral pelo advogado Valeriano Fontoura, da Coligação Amor, Trabalho e Fé. Ele narrou que a ex-funcionária informou que os estudantes deveriam participar de um evento “sobre educação” no Cecamp, um colégio particular.
Somente com o retorno dos alunos, a direção da escola ficou sabendo que era gravação do programa eleitoral do candidato a “senador do Reinaldo”. Dos sete pais, quatro não autorizaram a utilização das imagens dos filhos, mas o veto foi ignorado pela campanha tucana.
Marcelo Miglioli conversa com os estudantes e até faz um diagnóstico correto das escolas públicas estaduais: sem biblioteca, sem internet, sem ar-condicionado e com prédios em precárias condições. Como Reinaldo garante ter melhorado as condições da rede estadual, o candidato gravou em uma escola particular para o cenário ficar de acordo com a propaganda oficial.
Com a revelação de que os estudantes foram tirado no horário da aula pela assessoria do candidato, que faltou com a verdade em várias ocasiões. Ela não contou que era gravação para o horário eleitoral. E ainda teria dito que era coordenadora de apoio, cargo que não exercia há mais de ano.
Os pais ficariam muito mais preocupados se soubessem que uma ex-funcionária pública tirou seus filhos da escola sem autorização.
Esta denúncia foi recebida pelo desembargador Sérgio Martins, que deu cinco dias para Marcelo Miglioli apresentar a defesa.