Investigado por suposta fraude na emissão de registros sindicais, o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, articula a sua indicação para o cargo de conselheiro do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Sem mandato a partir de 2019, o principal defensor do presidente Michel Temer (MDB) quer garantir o salário mensal de R$ 32.074,85.
A articulação de Marun para a vaga do subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, foi publicada pelo site Jota. O nome do ministro é visto com preocupação entre os procuradores da República.
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Apesar de não ter nenhuma condenação, Marun é réu em ação por improbidade pelo suposto desvio de R$ 16 milhões da Agehab (Agência Estadual de Habitação). O processo tramita há cinco anos na Justiça estadual de Mato Grosso do Sul.
O último desgaste do ministro foi a Operação Registro Espúrio, que apura fraudes na emissão de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho. A Polícia Federal encontrou indícios contra o sul-mato-grossense e o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a investigação do deputado federal licenciado.
A vaga de Rocha no CNMP garante salário mensal de R$ 32 mil e ainda permite a ocupação de outros cargos públicos. O atual conselheiro é subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil e ministro dos Direitos Humanos.
O mandato vence no início do segundo semestre de 2019, mas Marun articula para ser aprovado neste ano. Em entrevista ao jornal Midiamax, ele não assumiu ser o responsável pela sua indicação e classificou o cobiçado cargo como “desafio interessante”.
Rocha era advogado do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), quando foi indicado para o cargo em 2015. O ex-chefe está preso em Curitiba e condenado a 14 anos por corrupção.
Marun ganhou fama nacional ao defender o ex-deputado e chegou a ser chamado de “Pit Bull” de Eduardo Cunha.
Agora, ele defende o presidente da República, alvo de duas denúncias no STF por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. Ontem, a Polícia Federal indiciou Temer por corrupção no caso dos portos.
Marun colecionou outras polêmicas, como ameaçar protocolar o pedido de impeachment do ministro Luís Carlos Barroso, do STF, porque ele autorizou a quebra do sigilo do presidente Temer.
Pensando no futuro, o ministro já declarou voto em Jair Bolsonaro (PSL), que lidera todas as pesquisas divulgadas para o segundo turno. Marun justificou que o ex-capitão tem agenda semelhante a Temer.
O ministro pode não ter vida fácil na Câmara. Outros dois integrantes da tropa de choque de Temer, Darcísio Perondi e Beto Mansur tiveram mais coragem do que Marun e se arriscaram nas urnas, mas não conseguiram a reeleição.
Vai faltar “boquinha” em Brasília.