Embalado na onda Jair Bolsonaro (PSL), o empresário Loester Souza, o Tio Trutis (PSL), tornou-se fenômeno na eleição ao gastar apenas dois centavos por voto e conquistar o mandato de deputado federal na sua primeira eleição. Por outro lado, o maior desembolso proporcional foi feito pela ex-vereadora Carla Stephanini (MDB), que não conseguiu se eleger, apesar de ter investido R$ 49 por cada voto.
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A campeã em gastos na campanha deste ano foi, pelo segundo ano consecutivo, a deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (DEM). Ela arrecadou R$ 2,237 milhões, próximo do limite permitido pela legislação de R$ 2,5 milhões. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e os números podem mudar até 6 de novembro deste ano, quando termina o prazo para a prestação de contas.
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Quatro candidatos gastaram mais de R$ 1 milhão para “conquistar” os eleitores, mas fracassaram na tentativa de conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados. O pastor e ex-presidente da Fundação Estadual do Trabalho, Wilton Acosta (PRB) declarou receita de R$ 1,563 milhão. Ele chegou a ser alvo de ação do Ministério Público Federal na reta final por suposto desvio no Banco do Cidadão.
O ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal (PP) recebeu R$ 1,317 milhão, mas não conseguiu evitar a terceira derrota consecutiva. Ele perdeu para o Senado em 2014 e a reeleição de prefeito em 2016.
Dois deputados federais, que ignoraram a revolta da população contra a corrupção e o presidente Michel Temer (MDB), receberam o troco nas urnas. Apesar de ter gasto R$ 1,303 milhão e ter contado com o apoio da igreja do pai, Elizeu Dionizio (PSB) não conseguiu se reeleger pela primeira vez.
O mesmo azar teve Geraldo Resende (PSDB), que perdeu pela primeira vez em 16 anos apesar de ter R$ 1,056 milhão para “convencer” os eleitores.
Na contramão dos políticos tradicionais, que votam de acordo com a conveniência e voltam a cada quatro anos para pedir votos, o fenômeno Tio Trutis declarou ter gasto R$ 1.525 na campanha eleitoral. Ele conquistou 56.339 eleitores, o que representa o gasto de R$ 0,02 por voto.
Para compensar a logística, o empresário usou e abusou das redes sociais. Em um vídeo que bombou, o candidato queimou na churrasqueira o material de campanha que o vinculava ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Trutis não vai apoiar ninguém no segundo turno.
Disputando a enésima eleição e depois de muitas derrotas, o médico cardiologista Luiz Ovando (PSL) declarou ter arrecadado R$ 8 mil para angariar 50.376 votos, gasto proporcional de R$ 0,15 por eleitor.
Por outro lado, faltou sorte, mas não faltou dinheiro para a ex-vereadora Carla Stephanini (MDB), ex-subsecretaria municipal da Mulher na gestão de Marquinhos Trad (PSD). Ela arrecadou R$ 957,5 mil, mas conseguiu apenas 19.533 votos. Proporcionalmente, foi o voto mais caro no Estado. Em segundo lugar, ficou o gasto de Wilton Acosta, com R$ 45,91.
O terceiro maior gasto por voto, de R$35,15, foi o de Elizeu Dionizio, que ficou famoso em protocolar o pedido de impeachment de Temer e depois votar, por duas vezes, contra a ação penal no STF contra o emedebista por corrupção passiva, obstrução da Justiça e de integrar organização criminosa. Os eleitores que viram o deputado Rocha Loures (MDB) carregando um mala com meio milhão não se deixaram iludir pela segunda vez.
O 4º voto mais caro foi de Dagoberto Nogueira (PDT),reeleito graças ao gasto de R$ 1,389 milhão, média de R$ 34,53 por voto.
Para conquistar o segundo mandato de deputada federal, Tereza Cristina não economizou dinheiro e investiu R$ 29,81 por voto. Líder da bancada ruralista e apelidada de “Musa do Veneno” por defender a liberação de agrotóxico no País, a parlamentar foi a única defensora de Temer a se reeleger no Estado.
Entre os eleitos dos grandes partidos e da política tradicional, o menor gasto por voto foi da vice-governadora Rose Modesto (PSDB), R$ 5,52/eleitor. Ela foi beneficiada pela disputa da prefeitura da Capital em 2016, quando perdeu no segundo turno para Marquinhos, e por acompanhar o Vale Renda de perto.
No caso de Rose, um incidente chamou a atenção no encerramento do primeiro turno. A agência do Banco do Brasil ficou sem dinheiro ao ser procurada pelos cabos eleitorais da candidata para trocar os cheques e a briga virou caso de polícia, conforme noticiou o jornal Midiamax. A dúvida de muita gente é se o banco tinha pouco dinheiro ou tinha muito cabo eleitoral?
A diferença nos gastos para deputado federal mostra que quando o candidato conquista ou consegue representar os anseios da população, não é necessário investir uma fortuna para conquistar o mandato de deputado federal.
Outra constatação, apesar de todas as denúncias de corrupção, tem muita gente garantindo mandato graças à estrutura milionária. E tem muito eleitor que não deu atenção à propaganda da Justiça Eleitoral, de ao trocar o voto por um benefício imediato, ele abre mão de cobrar o parlamentar por quatro anos.
Candidatos |
Receita (R$) |
Votos |
Gasto/eleitor (R$) |
Carla Stephanini (MDB) | 957.500 | 19.533 | 49,01 |
Wilton Acosta (PRB) | 1.563.988 | 34.062 | 45,91 |
Elizeu Dionizio (PSB) | 1.303.275 | 37.073 | 35,15 |
Dagoberto Nogueira (PDT) | 1.389.619 | 40.233 | 34,53 |
Tereza Cristina (DEM) | 2.237.994 | 75.068 | 29,81 |
Alcides Bernal (PP) | 1.317.062 | 46.734 | 28,18 |
Geraldo Resende (PSDB) | 1.056.517 | 61.675 | 17,13 |
Vander Loubet (PT) | 870.178 | 55.870 | 15,54 |
Beto Pereira (PSDB) | 792.252 | 80.500 | 9,84 |
George Takimoto (MDB) | 224.490 | 26.025 | 8,62 |
Fábio Trad (PSD) | 686.095 | 89.385 | 7,67 |
Rose Modesto (PSDB) | 667.600 | 120.901 | 5,52 |
Luiz Ovando (PSL) | 8.000 | 50.376 | 0,15 |
Tio Trutis (PSL) | 1.525 | 56.339 | 0,02 |
Fonte: TSE |