A reforma política não conseguiu acabar com o critério “injusto” que garantiu a vaga de deputado estadual para 11 candidatos com menos votos. Dos 24 contemplados com mandato a partir de 2019, três tiveram metade dos votos de Mara Caseiro (PSDB), que não conseguiu a reeleição. Outros nove postulantes tiveram mais votos do que os eleitos, mas foram excluídos pelo quociente eleitoral.
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A confusa matemática da Justiça Eleitoral para definir os eleitos é de conhecimento de todos os candidatos e é levada em consideração na formação das chapas proporcionais.
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A surpreendente votação do capitão Renan Contar, o Capitão Conta (PSL), com 78.390 votos, garantiu à coligação eleger sete deputados, dos quais cinco estão entre os menos votados eleitos.
A coligação dos medalhões do PSDB e DEM garantiu a eleição de sete parlamentares, mas deixou quatro fora da Assembleia Legislativa mesmo tendo mais votos do que sete candidatos eleitos.
A maior vítima desta conta é a deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), ex-prefeita de Eldorado por dois mandatos. Ela conseguiu 23.813 votos, mas não foi reeleita apesar de ser mais votada do que 11 candidatos.
O advogado João Henrique Miranda Soares Catan, 30 anos, neto do ex-governador Marcelo Miranda Soares, obteve menos da metade dos votos da tucana, 11.010, e conquistou o primeiro mandato no legislativo. É a segunda eleição do jovem. Em 2016, ao disputar a eleição de vereador de Campo Grande pelo PSDB, ele obteve 2.629 votos e ficou como terceiro suplente.
Para conquistar o novo mandato, João Henrique trocou o PSDB pelo PR e entrou graças a votação expressiva dos candidatos ligados ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Contar e Coronel David, com 45.903 votos.
O vereador Lucas Lima, do programa Amor Sem Fim (SD), teve apenas 12.391 votos, mas acabou eleito apesar de obtido menos votos do que sete candidatos.
Ele e Catan destronaram outros medalhões além de Mara, como a ex-deputada Dione Hashioka, o deputado estadual Enelvo Felini e o vereador André Salineiro, todos do PSDB; o ex-prefeito de Corumbá e ex-deputado estadual Paulo Duarte (MDB), o líder do prefeito Marquinhos Trad na Câmara Municipal, Chiquinho Telles (PSD) e Amarildo Cruz (PT).
Votação dos candidatos |
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Mara Caseiro (PSDB) | 23.813 | (não reeleita) |
Márcio Fernades (MDB) | 23.296 | (reeleito) |
Eduardo Rocha (MDB) | 21.121 | (reeleito) |
Dione Hashioka (PSDB) | 21.754 | (não eleita) |
Pedro Kemp (PT) | 20.969 | (reeleito) |
Londres Machado (PSD) | 20.782 | (eleito) |
Enelvo Felini (PSDB) | 20.721 | (não reeleito) |
Neno Razuk (PTB) | 19.472 | (eleito) |
André Salineiro (PSDB) | 18.953 | (não eleito) |
Herculano Borges (SD) | 17.731 | (reeleito) |
Paulo Duarte (MDB) | 17.343 | (não eleito) |
Gerson Claro (PP) | 16.374 | (eleito) |
Antônio Vaz (PRB) | 16.224 | (eleito) |
Amarildo Cruz (PT) | 15.919 | (não reeleito) |
Chiquinho Telles (PSD) | 15.596 | (não eleito) |
Evander Vendramini (PP) | 12.627 | (eleito) |
Lucas Lima (SD) | 12.391 | (eleito) |
Jorge Martinho (PSD) | 11.788 | (não eleito) |
Antonio Carlos Biffi (PDT) | 11.060 | (não eleito) |
João Henrique (PR) | 11.010 | (eleito) |
Fonte: TSE |
Na disputa por uma das oito vagas de deputado federal, o único injustiçado foi o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), 5º mais votado, com 61.675 votos. No entanto, o tucano perdeu a vaga para outros quatro candidatos eleitos com menos votação, como Tio Trutis (PLS), com 56.339, Vander Loubet (PT), com 55.970, Luiz Ovand (PSL), com 50.376, e Dagoberto Nogueira (PDT), com 40.233.
Com a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral, o ex-prefeito Alcides Bernal (PP) teve 46.734 votos anulados.
O Brasil não é o único país no mundo a ter critério criticado por não garantir a eleição do mais votado. Os Estados Unidos, o mais rico no mundo, elegeu Donald Trump, do Partido Republicano, mesmo ele tendo mais de 2 milhões de votos a menos do que a democrata Hilary Clinton.