Os cinco candidatos a governador mantiveram o tom do primeiro debate e repetiram a estratégia de atacar Reinaldo Azambuja (PSDB) no segundo confronto promovido pelo jornal Midiamax. Acuado pelas denúncias de corrupção, principalmente da Operação Vostok, o tucano ensaiou reação e apelou à proposta de delação premiada rejeitada pelo MPF (Ministério Público Federal) para atacar o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT).
Desde a prisão do filho, Rodrigo Souza e Silva, determinada pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, este foi o primeiro debate que contou com a presença do governador. Ele faltou aos eventos promovidos pela Fetems, Grande FM de Dourados e pelo Sindicato dos Policiais Civis.
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Marcelo Bluma (PV) e João Alfredo (PSOL) iniciaram o tiroteio contra o tucano. “Faltam policiais nas ruas e o Governo só reservou R$ 500 para combater o narcotráfico, qualquer um de nós tem esse dinheiro”, afirmou o socialista.
Na sua avaliação, o atual Governo repete a mesma mentira várias vezes, estratégia semelhante ao presidente alemão Adolf Hitler, que levou a Alemanha ao nazismo e a Segunda Guerra Mundial. “Parece a Alice no País das Maravilhas, porque eu não vivo neste Estado do Reinaldo”, ironizou.
No primeiro confronto, Reinaldo perguntou para o juiz sobre as obras e parcerias com os municípios. “Vou fazer o que você não fez, só no 4º ano”, rebateu o pedetista.Ele destacou que os hospitais regionais de Três Lagoas e Dourados não foram entregues. Odilon prometeu combater à sonegação fiscal para conseguir dinheiro para realizar as obras.
No contra ataque, o tucano citou o Hospital do Trauma de Campo Grande, que foi inaugurado em abril, mas ficou sem funcionar até meados deste mês, e prometeu entregar o estabelecimento de Três Lagoas até o fim do ano. Reinaldo ainda prometeu relançar a obra em Dourados. Ele cancelou a obra iniciada pelo antecessor, André Puccinelli (MDB), apesar de o Governo já ter desembolsado pelo empreendimento.
Alfredo trouxe a Operação Vostok na primeira oportunidade em que se dirigiu ao governador. Ele destacou trechos do despacho do ministro Félix Fischer, onde cita movimentações atípicas de R$ 40 milhões na conta do tucano e R$ 11 milhões do filho.
Reinaldo desqualificou o trabalho da procuradoria da República. “O Ministério Público fez ilação com esses pilantras que roubaram o Brasil”, acusou. Ele lembrou que até o presidente Michel Temer (MDB) – já denunciado por obstrução da justiça, corrupção passiva e de chefiar organização criminosa – é acusado pelos donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista.
Em momento de passar a imagem de superior aos demais, Reinaldo fez questão de deixar claro que é milionário. “Eu movimentei R$ 39 milhões, não foi R$ 27 milhões (?)”, enfatizou. “Meu filho movimentou muito mais”, emendou.
“Não aceito condenação sem direito ao contraditório, tenho 21 anos de vida pública e nunca tive condenação”, exaltou-se.
João Alfredo aproveitou a deixa para frisar que os inquéritos contra o governador no STJ tramitam em segredo de Justiça. Ele destacou que o ministro não considerou graves as acusações, como decretou a prisão de 14 pessoas, incluindo o filho, um deputado estadual e um conselheiro do Tribunal de Contas. “Foram desviados R$ 210 milhões!”, exclamou.
Em seguida, lembrou, sem citar o nome, do ex-governador André Puccinelli e Edson Giroto, investigados na Operação Lama Asfáltica. “Todos se vangloriavam inocentes e estão presos”, observou.
Na réplica, Reinaldo prometeu entregar todos os documentos para o candidato e ao eleitor que desejar conferir as acusações apuradas pela Polícia Federal. “Mostro os documentos, está tudo aberto”, garantiu.
Em seguida, Odilon e João Alfredo fizeram dobradinha para atacar o tucano pelo desmatamento de 20,5 mil hectares da Fazenda Santa Mônica. O socialista lembrou da suspeita da PF de que a propriedade de 38 mil hectares teria sido comprada com propina paga pela JBS.
“Estão sendo desmatados 20 mil hectares no coração do Pantanal, patrimônio natural da humanidade”, lamentou o magistrado. Ele ainda lembrou que o dono da fazenda, Élvio Rodrigues foi secretário municipal em Maracaju quando Reinaldo era prefeito e foi preso na Operação Vostok.
Alfredo apontou que montante supostamente desviado pelo tucano, R$ 209,7 milhões, seria suficiente para construir quatro hospitais do mesmo porte do que será construído em Dourados. “Não basta a Lama Asfáltica”, lamentou.
Em dobradinha com Bluma, Odilon condenou as denúncias de corrupção que marcam a gestão tucana, como o uso de avião para fins particulares pelo ex-chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula. O juiz defendeu o fortalecimento do Gaeco e ressaltou que os desvios causados pela corrupção matam. “A corrupção mata de forma cruel, sofrida”, comentou.
Em segundo nas pesquisas, o juiz foi atacado primeiro pelo petista. “Não cuidou da sala do juiz, como pode cuidar do Estado de Mato Grosso do Sul?”, questionou Amaducci, referindo-se ao ex-chefe de gabinete de Odilon, Jedeão de Oliveira, demitido após 21 anos por desvio de dinheiro.
Odilon defendeu-se ao destacar que demitiu Jedeão e o denunciou para a Polícia Federal. Ele destacou que o desvio ocorreu entre o dinheiro entregue pela PF ao ex-funcionário e o banco. “Não promovi igual secretário preso”, afirmou, referindo-se ao ex-secretário de Fazenda, Márcio Monteiro, indicado para o Tribunal de Contas após as primeiras denúncias de corrupção no ano passado.
No último confronto da noite, Reinaldo aproveitou para atacar Odilon. “Não é juiz, é candidato, tem inquérito”, começou o tucano, fazendo referência a Jedeão. Em seguida, o governador apelou e acusou o pedetista de “sumir com R$ 11 milhões de sua sala”.
“Você é camaleão, denunciado por venda de sentença para traficante internacional”, acusou, recorrendo a trecho da proposta de delação de Jedeão de Oliveira, que foi recusado pelo MPF.
A delação também chegou a ter a investigação arquivada pela PF e foi classificada de insustentável pela OAB/MS. No entanto, Reinaldo insistiu na acusação e apelou ao dizer que Odilon “tem passado sujo, o de vendedor de sentenças”.
O candidato obteve direito de resposta para se defender e ressaltou que pediu, pessoalmente, a abertura de inquérito pela PF. “Eu pedi a abertura de inquérito contra mim, tenho passado limpo”, frisou o juiz.
Em outro ponto, Bluma tirou o candidato do MDB do sério ao pedir para ele dar detalhes do plano de saúde dos deputados estaduais. Mochi acusou o golpe e reagiu ao tentar desqualificar a pergunta. “Primeiro, você está totalmente desatualizado”, comentou.
De acordo com o presidente da Assembleia, cada deputado tem direito a auxílio saúde no valor de 20% do subsídio, ou seja, em torno de R$ 5 mil por mês. Ele frisou que o mesmo direito dos promotores e magistrados.
“É um privilégio! Uma regalia! Deveria acabar”, reagiu Bluma, ao lembrar que os vereadores da Capital não possuem benefício semelhante.
O próximo debate será o último do primeiro turno e será promovido pela TV Morena na última semana de campanha.
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