A coligação Avançar com Responsabilidade, do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ingressou com pedido de impugnação da candidatura a senador de Delcídio do Amaral (PTC). Os tucanos temem que o ex-senador engula o candidato do partido, o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, que ensaia subida nas pesquisas desta sexta-feira.
Delcídio fez a carreira política no PT e é a principal referência de Miglioli, que tenta deslanchar com o apoio de Reinaldo e do prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD). No entanto, o ex-senador começou a vida política no ninho tucano, quando foi ministro das Minas e Energia na gestão do presidente Itamar Franco e diretor da Petrobras na administração de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
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Ele venceu a primeira eleição em 2002 pelo PT, quando se tornou a principal aposta do então governador Zeca do PT. Em 2010, na condição de estrela petista em ascensão, acabou reeleito com votação recorde e se tornou o líder do Governo no Senado na gestão de Dilma Rousseff (PT).
Contudo, Delcídio caiu em desgraça ao ser gravado por Bernardo Cerveró, tentando evitar a delação do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. O suposto flagrante levou a prisão do senador, a primeira no atual sistema democrático, e a cassação do mandato por 74 votos.
Essa cassação lhe tirou os diretos políticos por oito anos, a contar do fim do mandato, herdado por Pedro Chaves (PRB). Em julho deste ano, a Justiça Federal de Brasília concluiu que Delcídio é inocente e não tentou comprar o silêncio de Cerveró. Pior, o ex-senador teria caído em uma armadilha.
Com a sentença absolutória em mãos, Delcídio tenta retornar à cena política sul-mato-grossense. Aliados e amigos até cantam vitória por antecipação, apesar da candidatura ainda não ter sido aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Delcídio pode tirar votos justamente de Marcelo Miglioli, que tenta repetir a sua trajetória política de chegar ao Senado após comandar a pasta responsável pelas obras.
Os advogados do PSDB pedem a impugnação de Delcídio com base na cassação do mandato pelo Senado em 2016. Pela Constituição, ele só poderá retornar à política em 2026.
O pedido é assinado pelos advogados José Rizkalla Júnior, Herbert Saraiva Sampaio e Jaime Henrique de Melo.
O Ministério Público Eleitoral também deve pedir a impugnação do ex-petista, considerando-se que deve zelar pelo cumprimento das leis.
Réus em outros processos da Operação Lava Jato e delator de supostos esquemas de corrupção, Delcídio afirmou, em coletiva sobre a candidatura, que está preparado para contestar os pedidos de impugnação.
A menos de 20 dias da eleição, com a disputa pelas duas vagas no Senado embolada e sem favoritos, o fator Delcídio pode fazer a diferença ou até ganhar.
Depois de homologar a candidatura de Zeca do PT na segunda-feira, essa decisão da Justiça Eleitoral promete agitar os bastidores da política regional até o último segundo.
Como a Justiça brasileira é brasileira, esta emoção pode se estender até o próximo ano.