O Supremo Tribunal Federal determinou a abertura de inquérito contra o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo. A Polícia Federal vai apurar o seu envolvimento com corrupção e associação criminosa na liberação de registros sindicais pelo Ministério do Trabalho.
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De acordo com o jornal O Globo, a investigação foi determinada nesta segunda-feira pelo ministro Edson Fachin, do STF. Ele acatou pedido feito pelo procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na Operação Registro Espúrio.
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Marun e a chefe de gabinete, Viviane Lorenna Vieira, são acusados de recorrer a manifestações fraudulentas para viabilizar registro de entidades sindicais de Mato Grosso do Sul.
Nesta operação, o Ministério Público Federal já denunciou 26 pessoas, entre as quais estão o ex-ministro do Trabalho, Helton Yomura, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e os deputados federais Cristiane Brasil, Jovair Arantes e Nelson Marquezelli.
A abertura de inquérito acaba com um dos principais argumentos de Marun, o de que não era alvo de nenhuma investigação por corrupção. Desde a posse como deputado federal em 2014, ele se notabilizou em condenar os desvios cometidos pelos integrantes do PT.
O ministro se notabilizou por defender o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), notório corrupto preso e condenado a 14 anos de corrupção pelo juiz Sérgio Moro.
Principal articulador político, Marun defende o presidente Michel Temer (MDB), denunciado por corrupção, obstrução de Justiça e chefiar organização criminosa. O presidente ainda é investigado pelo suposto recebimento de propinas de empresas do setor portuário.
O gaúcho sul-mato-grossense ainda é ferrenho defensor do ex-governador André Puccinelli (MDB), preso na Operação Lama Asfáltica desde 20 de julho deste ano. Ele considera o emedebista vítima de articulação política para tirá-lo da disputa do Governo estadual nas eleições deste ano.
Ao se tornar alvo de inquérito por corrupção, Carlos Marun se junta a outros integrantes do núcleo de Temer investigados pela PF, como os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, das Minas e Energia.
Até o momento, o ministro sul-mato-grossense não se manifestou sobre a abertura de inquérito. Quando foi citado pela primeira vez, ele negou a denúncia e pediu a abertura de investigação contra a PF pelo vazamento de trechos do inquérito.
Ministro critica “estado policialesco” e defende lei contra abusos de autoridade
O ministro Carlos Marun divulgou nota para criticar a abertura de inquérito pelo ministro Edson Fachin e lamentar o desgaste causado pelo vazamento da informação.
Ele também condenou o que classificou de “estado policialesco” e defendeu a aprovação da lei contra o abuso de autoridades.
Confira a nota na íntegra:
“NOTA
Em relação a informação vazada ao Jornal O GLOBO de que foi autorizada pelo ministro Fachin a abertura de inquérito contra mim, a recebi com a tranquilidade de quem nada deve e portanto nada teme. Nada fiz que extrapole as minhas funções previstas no ordenamento jurídico e não recebi nenhuma vantagem, devida ou indevida, pelas ações que desenvolvi em prol de sindicatos de MS.
Estou consciente de que o constrangimento que me impõe com esta medida é real e lamento o fato de que ao final não poderei buscar a reparação destes danos, haja visto que os que me acusam não serão sequer investigados.
Afirmo também a minha confiança nas atitudes de minha assessora Dra Viviane Vieira e lamento o constrangimento que ela está passando em função desta tendenciosa acusação que tem por objetivo me atingir e intimidar.
Sei que sou alvo de uma intimidação sob a forma de inquérito, mas desde já reafirmo todas as críticas que fiz a atitudes e decisões indevidas e ilegais que estão sendo tomadas por autoridades que deveriam zelar pelo estrito cumprimento da lei.
Reafirmo, ainda, a minha absoluta oposição ao estado policialesco que muitos tentam impor ao Brasil.
Por fim destaco a necessidade da aprovação de legislação que permita a punição de Abusos de Autoridade, para que pessoas indevidamente constrangidas possam ser indenizadas e eventuais culpados punidos.
CARLOS MARUN“