O Ministério Público Federal rejeitou a proposta de delação premiada porque o bacharel em direito Jedeão de Oliveira, 49 anos, não apresentou provas das denúncias feitas contra o juiz federal Odilon de Oliveira, candidato a governador do Estado pelo PDT. Somente após a proposta ser recusada, ele procurou o jornal Folha de São Paulo para tornar públicas as acusações feitas em documento registrado em um cartório de Bauru (SP).
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Réu por peculato e por improbidade administrativa desde julho de 2016, Jedeão acusa o pedetista de autorizar interceptações telefônicas de forma genérica, inflar dados sobre apreensões e utilização de cartas anônimas para autorizar abertura de inquéritos contra narcotraficantes.
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Os sites TopMídiaNews, Campo Grande News e Midiamax deram amplo espaço para a denúncia e publicaram as acusações contra o magistrado, que inclui liberação de veículos de luxo para criminosos e venda de sentenças.
Segundo a Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul, Jedeão se dispôs a fazer delação premiada no mês passado, quando começou, oficialmente, a campanha eleitoral. No entanto, ele não apresentou “elementos mínimos (provas) para início de tratativas para acordo de colaboração premiada”.
Alardeada pela mídia local, as denúncias não convenceram o MPF, que rejeitou a delação premiada proposta por Jedeão. Em nota, o órgão destaca que o advogado foi orientado a procurar o MPF caso o réu tivesse novos elementos a serem analisados. No entanto, quase um mês após ser comunicado, o ex-assessor não apresentou novas provas.
Como é de praxe nestes casos, o procurador vai analisar se existem indícios para a abertura de procedimento investigatório.
O advogado de Jedeão, José Roberto da Rosa, foi procurado pelos sites nesta quinta-feira e informou que não voltaria a comentar o caso porque estaria em “sigilo”.
A estratégia de usar acusações contra adversários na campanha eleitoral não é nova em Mato Grosso do Sul. Em 2012, quando enfrentou a candidatura de Edson Giroto, atualmente preso na Operação Lama Asfáltica, Alcides Bernal (PP) foi alvo de denúncia semelhante.
Na época, o progressista foi denunciado pelo presidente da Coopertáxi, Flávio Panissa, de dar um golpe na entidade. A denúncia foi apresentada pelo PSOL e repercutida em todos os jornais da Capital.
Veja aqui o escândalo criado contra Bernal
O então candidato, Sidney Mello, e Panissa foram condenados por calúnia a dois anos e quatro meses de detenção e a cooperativa acabou pagando R$ 300 mil pelo empréstimo, alvo do suposto escândalo.
Bernal superou a denúncia e venceu a eleição contra Giroto, que contava com o apoio de 17 partidos, do então prefeito, Nelsinho Trad (PTB), e do governador do Estado, André Puccinelli (MDB).
Candidato volta a citar armação política e pede para PF apurar denúncias feitas por Jedeão
O juiz Odilon de Oliveira voltou a reforçar a suspeita de que as denúncias do ex-assessor fazem parte de armação política. Segundo a assessoria de imprensa, ele pediu, nesta quinta-feira, que a Polícia Federal abra inquérito para apurar as acusações divulgadas pela Folha de São Paulo e pelos jornais regionais.
“Depois de dois anos que o ex-servidor foi exonerado só agora, a dois dias do início do programa eleitoral no rádio e na televisão ele vem distribuir as informações à imprensa. A pedido ou a mando de quem”, questionou, em entrevista à Rádio Caçula.
O magistrado classificou as denúncias como “levianas” e só possuem a finalidade de “desgastá-lo politicamente”. “Atrás dessas leviandades, que terão que ser, uma a uma, provadas, está, com certeza, o rosto de quem fará de tudo para não perder cargo político”, acusou.
Para o pedetista, quem estiver por trás das acusações “deu um tiro no pé”. “O povo sabe muito bem diferenciar quem está lambuzado na lama e quem está limpo”, destacou.
“Tão logo retorne, eu próprio irei requerer que a PF abra inquérito para investigar cada item, com a independência que sempre teve”, garantiu o juiz, que está em campanha na região leste do Estado.
Odilon não é o primeiro a se anunciar vítima de armação política. O ex-governador André Puccinelli (MDB), outro favorito na disputa pela sucessão estadual, também acusa os adversários de armação política com a sua prisão.
O presidente regional do MDB foi preso por determinação da Justiça Federal em 20 de julho deste ano, véspera da abertura das convenções políticas.
Aliás, a defesa do ex-governador chegou a citar a suspeita de armação política no pedido de habeas corpus encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça. No entanto, o pedido foi negado pelo ministro Humberto Martins, que considerou mais pertinente os argumentos de que o emedebista ocultou provas e manteve a prática do crime de lavagem de dinheiro.