A advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, esposa do juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior, negou ter articulado o golpe de R$ 5,3 milhões em um aposentado de Petrópolis (RJ). Presa desde segunda-feira por supostamente integrar o grupo de estelionatários, segundo o advogado Wilson Tavares Belina, ela também foi enganada na história.
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O primeiro a admitir que foi enganado, mas pela advogada, foi o juiz Paulo Afonso Oliveira, da 2ª Vara Cível de Campo Grande, que autorizou o bloqueio e o saque dos R$ 5,3 milhões. Apesar de ter sido alertado pela defesa do idoso de 72 anos, o magistrado não determinou a conferência de assinatura para constatar a fraude.
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Conforme Oliveira, somente após ser comunicado pelo delegado Maércio Barbosa, da Dedfaz (Delegacia Especializada em Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários) é que suspendeu o levantamento e determinou a devolução imediata dos R$ 5,3 milhões. Nas férias, o magistrado Thiago Tanaka, determinou o bloqueio dos bens.
Na versão da defesa, Emmanuelle também foi vítima do golpe. “Essa questão é muito transparente. A doutora Emmanuelle funcionou como advogada, foi procurada nessa qualidade e fez o patrocínio de uma ação normal”, contou em entrevista ao Campo Grande News na tarde desta quarta-feira.
Só que José Geraldo Tadeu de Oliveira usou o nome falso de João Nascimento para cobrar a dívida, relativa a Fazenda Campo Limpo, de Tangará da Serra (MT). “Muitas vezes, o advogado nem pede o RG, simplesmente pergunta o número e escreve, assim como o CPF e o endereço da pessoa. O cartório sim tem o dever legal de conferir a autenticidade de um documento”, afirmou Tavares.
De acordo com o Campo Grande News, a advogada ficou com R$ 3,9 milhões dos R$ 5,317 milhões liberados pelo juiz. O valor é muito superior aos 30% (R$ 1,5 milhão)que Emmanuelle teria direito como honorário advocatício. Ao jornal eletrônico, Tavares insistiu que a esposa do magistrado só reteve 30%, incluindo as correções monetárias.
A advogada devolveu metade do dinheiro, conforme o juiz Paulo Afonso Oliveira. Wilson Tavares Belina confirmou que ela pretende devolver todo o dinheiro.
Emmanuelle foi presa por determinação da juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal. Como o processo tramita em sigilo, não é possível saber se já foi analisado o pedido de habeas corpus.
O Conselho Nacional de Justiça abriu procedimento para apurar a conduta de Oliveira, que trabalhou no fórum de Aquidauana por quatro anos com Aldo, entre 2001 e 2005. Ele afirmou que não é amigo do esposo de Emmanuelle nem mantém vínculo de amizade desde então.
O escândalo ainda não está totalmente esclarecido.