Nos piores momentos da economia e mais vergonhosos da história, os governantes sul-mato-grossense sempre se orgulharam da queda na mortalidade infantil. No entanto, pela primeira vez em 26 anos, a taxa voltou a crescer no Estado e contrasta com a propaganda de que houve melhora.
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Reinaldo Azambuja (PSDB) é o primeiro governador desde Pedro Pedrossian (1928-2017) a não comemorar a queda no número de mortes de crianças com menos de um ano de vida. O tema já foi bastante divulgado pelos jornais e portais de internet no mês passado, mas O Jacaré o retoma pela importância como dado estatístico que revela piora na saúde pública e nas condições de saneamento.
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Conforme reportagem do Campo Grande News, pela primeira vez em 26 anos, houve aumento na mortalidade infantil em Mato Grosso do Sul, de 12,1 para 12,9 mortes para cada mil nascidos vivos entre 2015 e 2016. Os dados repetem no Estado tendência nacional, de aumento da pobreza e miséria na gestão de Michel Temer (MDB).
Na gestão de André Puccinelli (MDB), entre 2007 e 2014, a queda foi de 32,4%, com a taxa de mortalidade oscilando de 19,1 para 12,9. Durante os oito anos da administração de Zeca do PT, entre 1999 e 2006, a redução foi de 25,9%, de 25,8 para 19,1 mortes para cada mil nascidos vivos.
Neste período, Mato Grosso do Sul foi escândalo nacional em decorrência da mortalidade infantil indígena. Jornais e emissoras de televisão mostravam bebês morrendo de fome e desnutrição nas aldeias indígenas. Nas reservas, a taxa de mortalidade chegou a superar 140, números só registrados na África.
Contudo, mesmo assim, apesar da situação crítica dos índios, a taxa de mortalidade infantil teve queda nas gestões emedebista e petista.
O mandato de Wilson Barbosa Martins (1917-2018) viveu a bonança dos primeiros anos do Plano Real, mas enfrentou denúncias de trabalho infantil nas carvoarias. Na ocasião, o Governo estadual criou a primeira versão do Bolsa Família, denominado PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), que destinava ajuda de custo às famílias pobres da zona rural. A mortalidade infantil recuou de 28,9 para 25,8 entre 1994 e 1998.
Até Pedro Pedrossian, que administrou no período de hiperinflação e grave crise econômica causada pelo confisco do Plano Collor, conseguiu festejar oscilação de 10,5% de 32,3 para 28,9.
A reversão histórica na taxa de mortalidade infantil, de queda contínua para aumento de 6,6% após queda contínua de 5% ao ano, deve-se a vários fatores, como o empobrecimento das famílias, a crise econômica e a piora nas condições de vida das famílias, segundo a superintendente geral de Atenção à Saúde, Mariana Croda, em entrevista ao Campo Grande News.
Na ocasião, ela ainda apontou como causa a epidemia do zika vírus, que causou deformação nos bebês. No entanto, a epidemia foi mais forte na região Nordeste do País do que em Mato Grosso do Sul.
Preocupado com a repercussão negativa, a gestão de Reinaldo tratou de divulgar, também no Campo Grande News, de que houve melhora nos indicadores no ano passado. Na ocasião, divulgou que houve melhora nos indicadores, mas não apresentou números da mortalidade infantil.
A reação imediata só tem um fator, as eleições deste ano. Afinal de contas, se a morte de crianças voltou a aumentar, alguma coisa está muito errada e alguém é responsável por isso. Infelizmente, algo precisa ser feito para reverter esse quadro trágico. No entanto, até o momento, não houve anúncio de medidas para combater a tragédia, apenas a preocupação em minimizá-la.