Presa desde 8 de maio deste ano na Operação Fazendas de Lama, a advogada Rachel Rosana de Jesus Portela Giroto, 36 anos, ganhou salário de R$ 10.323,47 por mês para cuidar do legado olímpico no Rio de Janeiro. A esposa do ex-deputado federal Edson Giroto, também preso, foi funcionária do Ministério do Espote por oito meses.
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O cargo comissionado foi garantido pelo então ministro do Esporte, Leonardo Picciani, do MDB, e seria para a advogada atuar como supervisora da AGLO (Autoridade de Governança do Legado Olímpico). A autarquia foi criada para administrar e viabilizar a utilização de instalações esportivas olímpicas e paralímpicas.
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A realização das Olimpíadas no Rio se transformou em escândalo com as suspeitas de corrupção. Com o Governo carioca falido e a prefeitura em apuros, o Governo federal ficou responsável em cuidar dos parques construídos para os jogos olímpicos de 2016 e reduziu o número de cargos de 300 para 95, com o fim do Comitê Olímpico, sendo que apenas cinco funcionários com dedicação integral.
No início do ano passado, outro escândalo, todo o parque olímpico estava abandonado e sofrendo deterioração por falta de manutenção. Rachel acabou nomeada em julho, em meio polêmica sobre o descaso do poder público com os equipamentos esportivos.
O salário da advogada, que ficou famosa na Lama Asfáltica ao contabilizar mais de R$ 1 milhão de lucro com um salão de beleza, entrou na mira do Ministério Público Federal. O procurador regional da Repúbica, Davi Macucci Pracucho, quer penhorar 42% do vencimento dela para garantir o ressarcimentos dos prejuízos causados pelos crimes apontados na operação.
Na ação penal, Rachel é acusada, junto com o marido e a secretária Denize Monteiro Vieira Coelho, 46, de ocultar R$ 2,8 milhões na construção da mansão cinematográfica no Residencial Damha I. A obra custou R$ 4,219 milhões, mas o casal declarou R$ 1,419 milhão à Receita Federal.
Em decorrência desta denúncia, a 3ª Vara Federal de Campo Grande decretou a indisponibilidade de R$ 3,175 milhões em bens e arresto de R$ 375 mil de Giroto, de R$ 514,3 mil de Rachel e R$ 309,6 mil de Denize.
Durante a análise da situação de Rachel, o procurador constatou que ela não se utilizou de 42% do valor pago pelo Governo.
No entanto, o pedido foi indeferido pelo juiz . “Contudo, conforme decisão proferida às fls. 1413, verificou-se que o valor remanescente que foi bloqueado, naquela ocasião, não era relativo ao subsídio da averiguada, e sim proveniente de outros depósitos efetuados, naquele mês, em sua conta corrente. O eventual fato, alegado pelo MPF, de a averiguada ter acesso a outras fontes de renda não desvirtua necessariamente o caráter alimentar dos seus subsídios, nem possibilita seu bloqueio ipso facto”, observa Bruno Cezar da Cunha Teixeira.
O Jacaré tentou ter acesso ao processo, mas foi encaminhado para o MPF. O procurador está de férias e não foi possível confirmar qual o emprego atual da esposa de Giroto.
O Portal da Transparência do Governo federal informa que ela foi supervisora da Autoridade de Governança do Legado Olímpico de 6 de julho de 2017 a 1º de março deste ano. Não foi possível confirmar se ela continua com cargo comissionado no Rio de Janeiro até o momento.
Em 8 de maio deste ano, ela teve a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No entanto, como possui filha menor de 12 anos, passou cumprir prisão domiciliar.
O advogado de Rachel, Valeriano Fontoura, alega irregularidade na coleta das provas e tenta anular o processo no Tribunal Regional Federa da 3ª Região. Um dos argumentos é a interceptação telefônica de Giroto quando ele era deputado federal por seis dias sem o aval do STF.
O cargo comissionado com bom salário mostra o prestígio do marido, Edson Giroto, na cúpula da administração do presidente Michel Temer (MDB).
Ele foi o padrinho da indicação do atual superintendente do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), Thiago Carim Bucker, um dos principais órgãos federais no Estado. O ex-deputado visitava municípios e articulava investimentos nas rodovias federais.
Antes de ser preso, Giroto manobrou para tirar o controle do PR do ex-deputado Londres Machado. O projeto era disputar uma das oito vagas de deputado federal nas eleições deste ano. Agora, com a prisão, não se sabe se o ex-deputado insistirá no sonho.
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