A direção nacional do MDB vetou a utilização do fundo eleitoral nas campanhas dos candidatos a governador e deve complicar ainda mais a situação do ex-governador André Puccinelli. Na mira da Polícia Federal por suspeita de corrupção, o pré-candidato está com os bens bloqueados por três liminares da 3ª Vara Federal, o que dificulta até o autofinanciamento da campanha.
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Hábil articulador político, com a fama de bom gestor construída pelos dois mandatos consecutivos como prefeito da Capital e governador do Estado, André enfrentará uma disputa aguerrida e difícil com o atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB) e o neófito na política, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT).
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Ao contrário de outros anos, ele não contará com o apoio de nenhuma máquina para tentar assumir o comando do Estado pela terceira vez. Em 2006, quando venceu a eleição para governador pela primeira vez, ele teve o apoio do então prefeito Nelsinho Trad (PTB),que era do mesmo grupo político.
Agora, sem o apoio da família Trad, que comanda o município com Marquinhos (PSD), ele ainda enfrenta a máquina estadual. Ex-aliado do emedebista, Reinaldo vem usando a máquina estadual para cooptar apoio à reeleição. Além do PPS e do Solidariedade, o tucano já garantiu o apoio do PTB de Nelsinho e do PP, do ex-prefeito Alcides Bernal (PP).
A esperança do ex-governador era o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, que destinará o maior bolo para o MDB, R$ 234,2 milhões. No entanto, a direção da sigla decidiu priorizar as campanhas dos senadores e deputados federais.
Conforme os jornais O Estado de São Paulo e O Globo, a sigla não destinará um centavo para as campanhas dos candidatos a governador e a presidente. A decisão foi uma das condições que viabilizou a candidatura do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, milionário e que não terá problemas em tirar os R$ 70 milhões necessários para a campanha presidencial.
No entanto, a medida representa mais uma pedra no caminho de André. Presidente regional da sigla, ele pode contar com o fundo partidário, que representou R$ 1,2 milhão no ano passado, para fazer a pré-campanha.
Ele também terá dificuldades de autofinanciamento, permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral. O ex-governador está com todos os bens bloqueados. A 3ª Vara Federal determinou a indisponibilidade nas operações Fazendas de Lama, Máquinas de Lama e Papiros de Lama. Nesta última, aliás, a Justiça até suspendeu a retirada mensal de R$ 18 mil e só permitiu a liberação da aposentadoria de R$ 11 mil como deputado estadual.
Em decorrência do bloqueio, o emedebista não poderá tirar os R$ 4,9 milhões necessários para a disputa no primeiro turno, conforme o teto estabelecido pelo TSE.
Outra dificuldade é que a Polícia Federal continua a investigação contra o emedebista, que integraria o suposto esquema montado pelo ex-deputado Edson Giroto (PR) e pelo empresário João Amorim, presos desde 8 de maio deste ano.
Em segundo lugar nas pesquisas, André precisa de recursos financeiros para manter os aliados. A “estrutura” da campanha é um dos pontos que os partidos levam em consideração na hora de fechar alianças.
Antes certos no palanque do emedebistas, alguns partidos sinalizam que podem mudar de lado. Este é o caso do PSB, agora sob o comando do deputado federal Elizeu Dionizio. Nos últimos dias, os socialistas ensaiaram fechar aliança com Odilon, mas devem tentar se acomodar, mesmo, no ninho tucano.
É o mesmo motivo do DEM, que até parece tucano diante de tanta indecisão. Após anunciar apoio a Reinaldo, o presidente regional da sigla, Murilo Zuaith, recuou e decidiu bater o martelo nesta quarta-feira.
A boa notícia para André veio do seu principal adversário na disputa de 2006. Revitalizado politicamente com a absolvição no caso da acusação de compra do silêncio de Nestor Cerveró, o ex-senador Delcídio do Amaral deu musculatura de gigante ao minúsculo PTC .
Até os adversários, como o coordenador da campanha de Reinaldo, Carlos Alberto Assis, reconheceu que o ex-petista teria condições de disputar a vaga de senador na chapa tucana caso desejasse. Só que o tempo é curto para o ex-senador reverter a inelegibilidade, em vigor até 2026, mas ele terá condições de ser um bom cabo eleitoral.
Em último caso, o ex-governador poderá recorrer à vaquinha social, o recurso inovador da atual campanha, em que os cidadãos poderão financiar seus candidatos de preferência. Com tanta gente indignada com a corrupção na política e a impunidade, resta saber se o exército de fãs será suficiente para garantir o mínimo necessário para manter o emedebista na disputa até o primeiro domingo de outubro.
Caso consiga passar para o segundo turno, a história já será outra. Talvez até mais fácil do que o atual contexto.
O Jacaré procurou a assessoria do ex-governador, mas não houve retorno até o momento.
Direção nacional garante R$ 2 milhões para a campanha de Waldemir Moka
Como o MDB decidiu priorizar as campanhas de senador, Waldemir Moka não passará apuro, considerando-se que vão ser repassados R$ 2 milhões. O teto para a campanha ao Senado é de R$ 2,5 milhões em Mato Grosso do Sul.
O partido também vai garantir R$ 1,5 milhão aos candidatos a deputado federal com chances. Sem o polêmico Carlos Marun, que optou em continuar no comando da articulação política de Michel Temer, o MDB não tem nenhuma estrela na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados.