No cargo há um ano e meio, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), suspendeu o conserto das viaturas do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Só duas ambulâncias realizam o atendimento de emergência de Campo Grande nesta segunda-feira e pessoas vão correr risco de morrer à espera do socorro.
O caos causou pânico entre os profissionais do atendimento de emergência de Capital. Nove ambulâncias estão encostadas a espera de manutenção. Das três disponíveis, duas são básicas, sem qualquer equipamento para estabilizar os pacientes em estado grave até o hospital. A única avançada não dispõe de condições de transportar doentes.
Em média, no mês passado, o SAMU socorreu 116 pessoas por dia na cidade. Ou seja, cada ambulância fez o atendimento de nove casos. Agora, como praticamente todas as viaturas estão estragadas, cada uma das duas em condições de tráfego ficará encarregada em socorrer 58 pacientes.
Isto significa que o SAMU será obrigado a dedicar apenas 24 minutos para cada paciente para dar conta da demanda, considerando-se o tempo de deslocamento, o primeiro atendimento médico, o encaminhamento da vítima para o posto de saúde ou hospital e a espera para a liberação da maca.
O Correio do Estado divulgou, no início da tarde, que a coordenadora do SAMU, Maithê Vendas Galhardo, confirmou que nove ambulâncias estão encostadas devido a falta de manutenção. No mês passado, as ambulâncias atenderam 3,5 mil pessoas em Campo Grande.
Como não houve licitação para o conserto das ambulâncias, um ano e seis meses após a posse de Marquinhos, a coordenadora não quer correr o risco de ser responsabilizada por contratação sem licitação.
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Ex-secretário e empresa viram réus em ação que denuncia sucateamento do SAMU
No ano passado, o MPE denunciou o ex-secretário municipal de Saúde, Leandro Mazina, por permitir o sucateamento da frota do SAMU, de superfaturamento e de cercear a licitação para favorecer a empresa Mercebens Comércio de Peças e Acessórios.
Com o caos instaurado no SAMU, graças a eficiência da atual administração, já está comprometido o atendimento de casos de doentes que tenham sofrido AVC (Acidente Vascular Cerebral), infarto, parada cardiorrespiratória, em trabalho de parto e mau súbito ou sofrido afogamento, tentativa de suicídio.
Até o transporte de pacientes internados em UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e centros regionais de saúde fica suspenso por falta de viatura.
Maithê alertou, em audiência pública realizada na tarde de hoje, que o serviço pode parar completamente.
Com duas ambulâncias, os responsáveis pela regulação do SAMU vão atuar como Deus na vida das pessoas, escolhendo quem vai morrer por falta de socorro. E a população, que paga o IPTU em dia, será obrigada a se virar como pode para chegar a qualquer hospital ou unidade de saúde, porque a prefeitura não tem condições de realizar o atendimento de emergência.
Sensibilizada – o melhor seria alarmada – com a situação, a promotora Filomena Aparecida Depolito Fluminhan, anunciou a abertura de inquérito para apurar o sucateamento das ambulâncias do SAMU.
Graças a Deus, nem tudo está perdido. A promotora sinalizou firmar acordo emergencial para permitir o aluguel de ambulâncias da iniciativa privada até que a situação se normaliza.
Agora, quem foi o responsável em criar esta situação para que a rede pública recorra ao aluguel de ambulâncias para resolver o problema? Mesmo que seja por incompetência, o cidadão precisa ser responsabilizado, porque não é possível alguém deixar a situação chegar a situação de calamidade e não ser responsabilizado.