Com os dois principais candidatos a governador na mira da Polícia Federal, a escolha do candidato a vice ganha tanta importância quanto a escolha do titular na sucessão estadual de Mato Grosso do Sul. O caso de Alcides Bernal (PP) também lança luz sobre o companheiro de chapa de quem tem como meta de campanha quebrar o sistema e apear um grupo do poder.
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Em resumo, nunca um candidato a vice-governador ganhou tanta importância na política regional. Se estiver preocupado em fazer uma boa escolha, o eleitor deverá votar como se estivesse escolhendo dois governadores.
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O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é alvo de dois inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O primeiro foi aberto com base na delação premiada da JBS, que o acusa de ter recebido R$ 38,4 milhões em propinas. O segundo apura pagamento de propina de até R$ 500 mil por curtume e frigoríficos para manter incentivos fiscais, que chegou a ser tema de reportagem do Fantástico da TV Globo.
O primeiro vice a virar governador
O primeiro vice a se tornar governador de Mato Grosso do Sul foi Ramez Tebet (MDB) em 1986. Na época, Wilson Barbosa Martins renunciou ao mandato para disputar o Senado.
O Estado teve 13 governadores em 39 anos. Coincidentemente, Ramez foi o primeiro vice-governador eleito em Mato Grosso do Sul. Antes, os governadores eram indicados.
Neste período, em 1996, quando Braz Melo foi eleito prefeito de Dourados, o Estado ficou sem vice-governador e o sucessor natural seria o presidente da Assembleia Legislativa.
O tucano nega as acusações e se diz vítima de retaliação de sonegadores de impostos. No entanto, com base na legislação brasileira, ele corre risco de ser afastado do cargo se o STJ aceitar a denúncia.
Situação semelhante poderá enfrentar o ex-governador André Puccinelli (MDB), que integra o primeiro inquérito contra o tucano no STJ. O emedebista é acusado pela JBS de ter recebido R$ 112 milhões em propinas em troca de incentivos fiscais.
Puccinelli é um dos alvos da Operação Lama Asfáltica, que apura o suposto desvio de R$ 315 milhões dos cofres públicos na sua gestão como governador do Estado. Ele é réu em uma ação pelo suposto prejuízo de R$ 142 milhões aos cofres públicos. Além disso, foi citado por cobrar propina na delação premiada da Odebrecht. O ex-governador classifica as denúncias como “inverdades”.
André e Reinaldo disputam a aliança com o DEM, que indicaria o ex-prefeito de Dourados, Murilo Zauith, como candidato a vice-governador. A legenda estaria dividida, com os dois deputados federais defendendo o apoio ao MDB, enquanto os dois estaduais preferem o PSDB.
Murilo foi deputado estadual por dois mandatos, deputado federal e vice-governador na primeira gestão de André. Administrou a cidade de Dourados por duas gestões consecutivas. Empresário e com um patrimônio de R$ 7,054 milhões, conforme a declaração feita à Justiça Eleitoral, ele deixou o PSB para voltar ao DEM neste ano.
Outra cotada para ser vice na chapa de André é a professora e escritora Lori Gressler, 74 anos, de Dourados.
O eleitor também deverá ficar atento para a escolha do candidato a vice-governador na chapa do juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), que prega a mudança na política estadual e se apresenta como o único capaz de quebrar o atual sistema.
Bernal é exemplo de como as coisas podem acabar com a escolha de um vice, digamos, mais esperto, mesmo sendo evangélico. Gilmar Olarte foi acusado de articular o golpe no titular e acabou preso.
O PDT cogita três nomes para ser o candidato a vice-governador. O consultor em gestão pública e empresário Herbert Assunção de Freitas, ex-superintendente da Fapec, fundação ligada à UFMS, é a opção de chapa pura.
A professora Reni Domingos Chaves dos Santos, esposa do senador Pedro Chaves (PRB) e irmã do conselheiro Jerson Domingos, do Tribuna de Contas, pode selar a aliança com o PRB.
A terceira opção é o pastor Antônio Dionízio, líder da Assembleia de Deus Missões e pai do deputado federal Elizeu Dionízio, garantiria a aliança com o PSB.
O primeiro candidato a definir a companheira de chapa foi o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci (PT). Ele deve ter chapa pura e a candidata a vice-governadora é a advogada e professora de Geografia de Três Lagoas, Lucilene Maria da Silva e Silva, 48 anos.
O mistério vai acabar mesmo é no dia 15 de agosto, quando acaba o prazo para registrar as candidaturas.
Os partidos podem repetir a estratégia de Bernal em 2012, que deixou para o último segundo para oficializar o candidato a vice-prefeito.
No entanto, os principais nomes prometem acabar com o mistério no dia da convenção. Odilon e André oficializam a pré-candidatura no dia 21. O PT faz o encontro no dia 28. Reinaldo vai deixar para o penúltimo dia, 4 de agosto.
Com a eliminação do Brasil da Copa do Mundo nesta sexta-feira, o sul-mato-grossense põe a campanha na roda.
Os mistérios das eleições
O destino do DEM
O DEM está dividido entre as pré-candidaturas de Reinaldo e André. Os democratas sempre transitaram nos governos de ambos e estão divididos. Os deputados estaduais Zé Teixeira e José Carlos Barbosa, o Barbosinha, querem apoiar o tucano.
No entanto, os deputados federais Luiz Henrique Mandetta e Tereza Cristina preferem Puccinelli. Murilo é cotado para ser candidato a vice-governador ou senador.
A incógnita Pedro Chaves
O milionário e empresário Pedro Chaves ganhou a vaga graças a cassação do senador Delcídio do Amaral. Aliado de primeira hora dos tucanos, ele acabou rejeitado por Reinaldo, que está com a chapa lotada, com Nelsinho Trad (PTB) e Marcelo Miglioli (PSDB).
Chaves ensaiou aproximação com Puccinelli, que decidiu priorizar a reeleição de Waldemir Moka (MDB).
Sem alternativa, Pedro Chaves pode fechar com Odilon para disputar a reeleição, considerada difícil, ou disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Para onde vai Marquinhos Trad
Um dos principais cabos eleitorais, o prefeito Marquinhos Trad (PSD), já sinalizou apoio à reeleição do governador Reinaldo Azambuja. No entanto, divergências misteriosas adiaram o anúncio oficial, previsto para o mês passado.
O deputado federal Fábio Trad (PSD) até lançou balão de ensaio de que poderá disputar a sucessão estadual. Marquinhos lançou um balde de água ao cogitar só oficializar apoio no segundo turno.
A mudança de rumo do PSB
O deputado federal Elizeu Dionízio foi fiel ao governador Reinaldo Azambuja como gratidão pela vaga, garantida com a nomeação de Márcio Monteiro para a Secretaria de Fazenda.
No entanto, efetivado na Câmara, trocou o PSDB pelo PSB para apoiar o candidato da oposição, André Puccinelli. Nos últimos dias, o pai do deputado, pastor Antônio Dionízio, começou a negociação com Odilon.
Na convenção, o PSB vai definir se apoia o PDT ou MDB.