A OMEP (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar) não era apenas cabide de emprego dos familiares da então presidente, Maria Aparecida Salmaze, 65 anos. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) conseguiu identificar o repasse de R$ 800 mil ao marido, filhos, neto e genro. Além disso, a investigação não conseguiu identificar o destino de R$ 32,2 milhões.
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A família Salmaze foi denunciada, no mês passado, por peculato, concurso de agentes públicos, organização criminosa e lavagem de capitais. Além de pedir a condenação do grupo à prisão, seis promotores, que assinam a ação penal, pedem a suspensão dos direitos políticos, o pagamento de R$ 1,033 milhão ao Município de Campo Grande e indenização de danos morais coletivos de R$ 500 mil.
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A denúncia expõe um dos maiores escândalos na área educacional, já que os recursos eram desviados da educação e assistência social. O Gaeco já tinha provado que a OMEP e Seleta eram usadas para pagar funcionários fantasmas, nora de ex-vereadora e até preso.
Maria Aparecida ficou famosa ao ser presa na operação e por ter usado o dinheiro da entidade para custear viagens internacionais. No entanto, ao destrinchar a denúncia, o MPE expõe que a entidade se transformou em sustento da família da então presidente, que desviava o dinheiro destinado para o custeio das creches no município de Campo Grande.
Inicialmente, os promotores descobriram que a ex-diretora empregava a família toda.
Agora, ao concluir a investigação, o Gaeco descobriu que houve repasse de R$ 800 mil por meio de cheques, com saques identificados na boca do caixa. O maior valor foi pago ao marido de Maria Aparecida, Valdevino Florentino dos Santos (R$ 277.717,98). A segunda maior quantia ficou com o genro, Rodrigo Messa Puerta, 35, que recebeu R$ 258.600,81.
Também foram identificados pagamentos para os filhos: Adriana Helam Corrêa, 38 (R$ 137.403,68), Andrea Cristina Corrêa, 46 (R$ 13.680,53), e Hélio Corrêa Júnior, 42 (R$ 89.700,00). Maria Aparecida ficou com R$ 6.381,73, e o irmão do genro,Darvin Messa Puerta, com R$ 16.540.25.
Esse montante se refere apenas aos repasses que tiveram o destinatário identificado. De acordo com o Gaeco, no período em que esteve sob o comando de Maria Aparecida Salmaze, a OMEP movimentou R$ 32,2 milhões sem identificar os beneficiados pelos pagamentos.
Apenas em cheques com valores acima de R$ 100 mil foram movimentados mais de R$ 10,8 milhões.
A revelação do suposto esquema criminoso contou com a colaboração premiada da tesoureira da entidade, Aliny Aparecida de Souza, que foi denunciada, mas poderá ter pena reduzida em dois terços.
Seis promotores assinam a denúncia contra a família Salmaze: Marcos Roberto Dietz, Fernando Martins Zaupa, Tiago Di Giulio Freire, Adriano Lobo Viana de Resende e Gervásio Ferreira de Lima Júnior.
O Gaeco mantém a investigação contra a Seleta, que poderá resultar em nova ação penal contra os acusados pelos desvios.
Os ex-prefeitos Nelsinho Trad (PTB), Gilmar Olarte (sem partido) e Alcides Bernal (PP) foram alvo de ação por improbidade administrativa e chegaram a ter R$ 16 milhões bloqueados a pedido do MPE. O progressista conseguiu liminar para suspender o bloqueio.
A ação penal contra a família Salmaze corre em sigilo e foi revelada, ontem, pela TV Morena e confirmada pelo O Jacaré.
Os integrantes da suposta organização criminosa, segundo o Gaeco
O MPE denunciou 10 pessoas pela farra nos gastos com dinheiro destinado à educação infantil. Enquanto milhares de crianças ficavam sem vagas em creches na Capital, a família Salmaze é acusada de ter feito de tudo com o dinheiro repassado pelo município:
Veja os denunciados pelos crimes de peculato, organização criminosa, lavagem de capitais, entre outros:
- Maria Aparecida Salmaze, diretora pedagógica
- Rodrigo Messa Puerta, genro
- Adriana Helam Corrêa, filha
- Andrea Cristina Corrêa, filha
- Hélio Corrêa Júnior, filho
- João Paulo Salmaze Corrêa Gonçalves de Oliveira, neto
- Valdevino Florentino dos Santos, esposo
- Darvin Messa Puerta Filho, irmão do genro
- Wesley Diogo Souza Porcino, empresário
- Aliny Aparecida de Souza, ex-tesoureira