Um dos principais cabos eleitorais da sucessão estadual de 2018 será o prefeito Marquinhos Trad (PSD), que poderá ser decisivo na disputa acirrada por uma vaga no segundo turno. A estratégia eleitoral é complexa, porque ele precisará contemplar a família Trad e ainda jogar de olho em facilitar a sua reeleição em 2020.
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A tendência é a família Trad apoiar a reeleição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O ex-prefeito da Capital e presidente regional do PTB, Nelsinho Trad, tem percorrido o Estado ao lado do tucano como pré-candidato a senador. Líder nas pesquisas, ele já sinalizou a intenção de fazer dobradinha com o ex-secretário de Infraestrutura, Marcelo Miglioli (PSDB).
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Só que Nelsinho anunciou a intenção no início do ano e a decisão seria referendada pelo irmão neste mês. No entanto, junho está acabando com troca de farpas entre os aliados do prefeito e os tucanos.
Até o deputado federal Fábio Trad (PSD), sempre comedido nas declarações políticas, lançou o balão de ensaio de que trocar a reeleição praticamente certa pela disputa do Governo do Estado em caso de desistência de um dos três candidatos.
A declaração faz alusão ao eterno boato de que o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), que lidera as pesquisas, pode abrir trocar a disputa de governador pelo cargo de senador. O magistrado não só desmente a articulação, como aposta que tem chance de vencer a eleição no primeiro turno.
Outro a colocar fogo no parquinho foi o líder do prefeito na Câmara, vereador Chiquinho Teles (PSD), que criticou as articulações feitas pelo PSDB. Jornais até identificaram o responsável pela crise entre o PSDB e o PSD, o presidente regional tucano, o deputado estadual Beto Pereira.
Ele estaria articulando a eleição de deputado federal de olho na cadeira de Marquinhos em 2020. A reação de Marquinhos, de suspender o anúncio do apoio a Reinaldo neste mês, teria sido adiado para tirar o filho do ex-senador Walter Pereira do caminho. Prefeito de Terenos por dois mandatos, Pereira sonha em alçar voos maiores e repetir a estratégia de Reinaldo, que governou Maracaju e chegou a disputar o comando da prefeitura da Capital.
No entanto, Beto não é a única ameaça no horizonte de Marquinhos. Considerada favorita a disputar uma das oito cadeiras na Câmara dos Deputados, a vice-governadora Rose Modesto (PSDB) não desistiu do sonho de ser prefeita. Marquinhos sonha em fechar aliança com os tucanos neste ano já pensando em repetir a dobradinha em 2020.
Pesa na decisão do prefeito o crescimento do ex-governador André Puccinelli (MDB) nas intenções de voto. Enquanto o governador segue estagnado, o emedebista espantou o desgaste pela prisão na Operação Lama Asfáltica em novembro de 2018 e vem mostrando força de “mito”.
Além de mostrar força junto à opinião pública, André vem atraindo os maiores partidos, mesmo não contando com o poder de um governador. Ele já conseguiu o apoio do PR, PSB e vários partidos nanicos, que incluem, por exemplo, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues, um dos sócios do Correio do Estado.
Azambuja só assegurou o PPS e Solidariedade, que ocupam cargos no Governo.
O DEM está dividido entre Reinaldo e André. Os democratas podem lançar Murilo Zauith para o Senado, como representante da região de Dourados, na chapa do MDB ou como vice-governador na coligação com os tucanos.
Caso o DEM bata o pé para lançar Murilo ao Senado, Reinaldo teria um problema a administrar, porque Nelsinho e Migioli não cogitam desistir da candidatura. O petebista lidera as pesquisas e ex-secretário tem cacife político e financeiro.
Neste cenário, Marquinhos ainda deve considerar a aliança do governador com o ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal (PP).
O bombardeio da aliança entre o PSD e o PSDB faz parte da estratégia. Ao contrário do que afirmou ao Correio do Estado, de que não tem poder de transferir voto, Marquinhos sabe da importância do seu apoio na sucessão estadual. Só a máquina dos comissionados do município, mesmo que estejam liberados para fazer campanha, pode fazer a diferença em disputa que se desenha acirrada.
A disputa por uma vaga no segundo turno pode se repetir a de 2016, quando Bernal ficou de fora por uma diferença mínima, de apenas 2,6 mil votos.
Além do poder da caneta, o prefeito leva junto Nelsinho, o líder nas intenções de voto, e Fábio, bem cotado para deputado federal. Os três irmãos nunca disputaram eleição em campos adversários.
Nos próximos dias, com o início das convenções, as articulações e as brigas de bastidores devem colocar fogo na disputa, mesmo com o eleitorado de olho na seleção brasileira na Rússia.