Três deputados federais sul-mato-grossenses apoiam a criação da CPI para investigar supostas irregularidades na Operação Lava Jato, maior ofensiva contra a corrupção na história do País. Além dos petistas Vander Loubet e Zeca do PT, que foram delatados na investigação, Fábio Trad (PSD) também assinou o requerimento.
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A criação da CPI chegou a contar com o apoio de 190 parlamentares. A proposta era investigar a manipulação nas delações premiadas, conforme denúncia feita pelos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Souza. O advogado Antônio Figueiredo Bastos receberia mesada para selecionar as delações que seriam aceitas pelo juiz Sérgio Moro.
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Proposta por líderes de cinco partidos no final de maio deste ano, a comissão virou polêmica ao ser chamada nesta semana, pelo site O Antagonista, de “CPI para matar a Lava Jato”. Como ganhou o apoio principalmente de deputados investigados, a criação da CPI pela Câmara dos Deputados ganhou ares de escândalo.
Dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul, três assinaram o requerimento. Vander Loubet foi denunciado na Operação Lava Jato em março de 2015 e se tornou réu no ano passado pelo suposto recebimento de R$ 1,028 milhão em propina da BR Distribuidora. O Supremo Tribunal Federal deve concluir o julgamento do petista no segundo semestre deste ano.
O ex-governador Zeca do PT é alvo de dois inquéritos na Lava Jato. No primeiro foi citado pelos delatores da Odebrecht, que o acusam de receber propina para pagar precatório. O apelido do petista no setor da propina seria “O Pescador”. Ele é alvo no mesmo inquérito do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Zeca ainda é investigado na delação da JBS, que surgiu a partir da Lava Jato, e é acusado de cobrar propina para conceder incentivos fiscais quando era governador.
Advogado experiente e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Fábio Trad defendeu a criação da CPI da Lava Jato. “A Folha de São Paulo apresentou denúncia de que um advogado estaria se antecipando as delações premiadas para captar clientes. Esta denúncia precisa ser investigada para impedir que delação premiada seja objeto de corrupção por parte de advogados envolvidos com agentes públicos”, defendeu o parlamentar, que é suplente do ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo e um crítico contumaz da investigação.
“No âmbito da Operação Lava Jato, foram produzidas centenas de delações. Uma pequeníssima parte delas apenas se deveu a atuação deste advogado acusado de captar clientes antecipadamente. Deste modo, a investigação não atinge a Lava Jato, mas investiga o comportamento ético de um advogado que – segundo indícios- praticou corrupção a pretexto de exercer a profissão”, explicou.
“O deputado paranaense, amigo pessoal de Sérgio Moro, Rubens Bueno, ardoroso defensor da Lava Jato assinou. Temos que investigar. Todos saem ganhando com a certeza de que houve ou não houve mácula na origem das delações”, justificou Fábio em um grupo de aplicativo.
No entanto, devido à polêmica criada pelo site O Antagonista, cerca de 50 deputados retiraram o apoio à criação da CPI, inclusive Ricardo Bueno, e até um dos autores, o deputado Júlio Delgado (PSB).
Com a perda de apoio no parlamento, a comissão não deverá ser criada. Deputados não querem desgaste com a opinião pública em plena campanha quando vão tentar a reeleição ou alçar voos maiores.
Até o PSOL se viu obrigado a justificar a defesa da CPI da Lava Jato após a repercussão negativa.
A investigação de todas as suspeitas é salutar para passar o Brasil a limpo, como pregava o jornalista Bóris Casoy. No entanto, com raras exceções, falta credibilidade ao parlamento de, por exemplo, garantir a sociedade que não vai transformar a CPI em uma arma para defender os suspeitos de toda sorte de crime.
Este é o problema, simples assim.
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