Poderosos, milionários e influentes por duas décadas na política de Mato Grosso do Sul, o empresário João Amorim, 64 anos, dono da Proteco, e o ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal Edson Giroto, 58, dividem cela com outros 20 presos e comem marmitex há um mês. Presos desde o dia 8 de maio deste ano graças às denúncias reveladas na Operação Fazendas de Lama, 2ª fase da Lama Asfáltica, eles esperam o julgamento do habeas corpus pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal.
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Dono de patrimônio incalculável e acusado de ser um dos reais sócios da Solurb, concessionária do lixo que mantém contrato bilionário com a Prefeitura de Campo Grande, Amorim está acuado. Considerado “arquivo vivo” de muitos segredos escusos da política estadual, o empresário não conseguiu evitar a prisão.
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Mesmo com os bens bloqueados, o dono da Proteco contratou os melhores advogados do Estado e do Brasil. O principal defensor junto ao STF é o criminalista Alberto Zacharias Toron, que supostamente cobraria honorário de R$ 10 milhões por causa, segundo reportagem da revista Veja.
Irmão da deputada estadual Antonieta Amorim (MDB) e ex-cunhado do ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB), Amorim é acusado de ocultar o dinheiro desviado por meio da filha, Ana Paula Amorim Dolzan, esposa do sócio oficial da Solurb, Luciano Poltrich Dolzan. Ele simulava empréstimos, que superaram R$ 50 milhões, e eram usados para comprar fazendas e pagar propinas.
Ana Paula é uma das quatro mulheres que teve a prisão preventiva decretada no caso. No entanto, como tem filho pequeno, ela cumpre prisão domiciliar. As outras são a sócia da Proteco, Elza Cristina Araújo Santos Amaral, a esposa do ex-secretário, Rachel Portela Giroto, e a filha de Beto Mariano, a médica Mariane Mariano de Oliveira Dornellas.
Réu em cinco ações penais na Justiça Federal, Giroto seria dono de um patrimônio de R$ 18,1 milhões, considerando-se apenas três ações penais protocoladas na Justiça Federal. Só na mansão no Residencial Damha, que trocou pela cela no presídio, investiu R$ 4,219 milhões, conforme denúncia do MPF. Ele tentou vender a casa para um médico por R$ 4,8 milhões, mas o negócio foi vetado pela Justiça.
De acordo com a Agepen (Agência Estadual da Administração Penitenciária), Giroto, o cunhado, o engenheiro Flávio Henrique Garcia Scrocchio, o ex-deputado estadual Wilson Roberto Mariano de Oliveira e Amorim dividem com mais 16 homens a cela 17 do Centro de Triagem Anízio Lima. A ala, que já abrigou o ex-governador André Puccinelli por 24 horas, transformou-se em espaço reservado aos “notáveis”.
Ao contrário das demais celas, o espaço não é superlotado. A capacidade é de 24 pessoas. A alimentação é servida em marmitex pela Real Food, que presta serviço ao local desde a gestão de Puccinelli.
Eles ainda têm direito ao banho de sol duas vezes por dia, das 8h às 11h30 e das 12h às 16h.
Caso Alexandre de Moraes não analise o pedido de soltura antes do início da Copa do Mundo, eles contam com um aparelho modesto de televisão para acompanhar a campanha da seleção brasileira rumo ao hexacampeoanto mundial. A Agepen destaca que todos os demais presos possuem televisão para acompanhar os jogos do Brasil.
Com os dias das outras três ocasiões que foram presos na Operação Lama Asfáltica, Giroto e Amorim completam hoje 86 dias atrás das grades. O período mais longo foi em 2016, quando ficaram detidos 42 dias na primeira vez que a juíza Monique Marchioli Leite decretou a prisão preventiva. Na terceira, eles ficaram detidos por 11 dias, tempo para que a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região revogasse a prisão determinada pelo Supremo.
Eles são réus em várias ações por improbidade administrativa e criminais na Justiça estadual.
Além da prisão, os investigados na Operação Lama Asfáltica estão com praticamente todos os bens bloqueados. Só a Justiça Federal decretou a indisponibilidade de R$ 303 milhões.
A defesa dos réus defendem a concessão de habeas corpus porque a Polícia Federal não teria encontrado indícios de que cometeram crimes após a saída de André do Governo do Estado em 31 de dezembro de 2014. Os advogado ainda apontam a sonegação de documentos essenciais por parte da PF e o trancamento das ações penais.
A procuradora geral da República, Raquel Dodge, acusa o grupo de ainda continuar ocultando os recursos desviados do patrimônio público e a manutenção da prisão de todos.
As 5 fases da operação contra a corrupção
Lama Asfáltica – R$ 11 milhões (9 de julho de 2015)
Fazendas de Lama – R$ 67,343 milhões (10 de maio de 2016)
Aviões de Lama – R$ 2 milhões (7 de julho de 2016)
Máquinas de Lama – R$ 150 milhões (11 de maio de 2017)
Papiros de Lama – R$ 85 milhões (14 de novembro de 2017)
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