Apesar das críticas de parte da classe política e dos meios de comunicação, a greve histórica dos caminhoneiros completa nove dias e já causa prejuízo de aproximadamente R$ 900 milhões só em Mato Grosso do Sul. Com o caos instaurado, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) decretou situação de emergência no Estado.
[adrotate group=”3″]
No entanto, assim como a maior parte da classe política, o tucano ignora os caminhoneiros, responsáveis pelo movimento. Enquanto o governador Márcio França (PSB), de São Paulo, recebe os grevistas e busca saída para a crise, Reinaldo não recebeu nenhum representante da paralisação até o momento.
Veja mais:
Comércio fecha as portas e milhares vão às ruas apoiar greve dos caminhoneiros em MS
Petrobras reajusta gasolina e põe fogo na greve; PM fica sem combustível no interior
Aliado do presidente Michel Temer (MDB), Reinaldo limitou-se a baixar a pauta do óleo diesel, valor usado para o cálculo do ICMS, de R$ 3,90 para R$ 3,65. Na prática, a festejada medida do tucano só representará queda de quatro centavos no preço do combustível.
Sobre a promessa de campanha, quando prometeu reduzir a alíquota de 17% para 12%, não houve manifestação. No entanto, aflitos com as consequências da greve, empresários e produtores rurais defenderam a medida em reunião na tarde de ontem com Reinaldo.
Com o caos instaurado no Estado, o Governo decidiu seguir o exemplo de outros estados e decretou situação de emergência. Conforme a nota oficial, 30 cidades estão sem combustível. O setor produtivo acumula prejuízo diário de R$ 100 milhões.
Desde o início da paralisação, só dois caminhões de cargas entraram no Estado e podem faltar alimentos, remédios, insumos de saúde e gás de cozinha. Outro risco é a morte de milhares de aves e suínos por falta de ração.
A situação pode ficar pior com o atraso no pagamento de salários dos trabalhadores da indústria. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, os empresários estão descapitalizados e podem atrasar o pagamento da folha de maio para 120 mil pessoas.
A queda na arrecadação pode atrasar o pagamento dos 75 mil servidores públicos estaduais, previsto para o dia 1º de junho.
O decreto de emergência suspende férias dos agentes da segurança pública, como agentes penitenciários, bombeiros e policiais, e permite a compra de produtos sem licitação.
No entanto, o governador, os deputados estaduais ou a bancada federal, composta por oito deputados federais e três senadores, não buscaram ouvir os caminhoneiros para tentar por fim à paralisação.
Aliados do presidente da República, o mais impopular da história e acusado de vários crimes, ignoram o apoio popular à manifestação para salvar Michel Temer.
Apesar dos reflexos negativos da greve, a população vem realizando passeatas e carreatas para apoiar o movimento. Até as carreatas que defendem a intervenção militar começaram a ganhar corpo com a demora das autoridades em ouvir o povo e buscar uma saída democrática para o problema.
Entre as dezenas de propostas, as manifestações pedem, de concreto, o fim do reajuste abusivo em todos os combustíveis, a queda de Temer e o fim da alta dos impostos.
No entanto, graças a proteção do Congresso Nacional, Temer mantém a política de preços dos combustíveis e tenta criminalizar o movimento. De acordo com a Folha de São Paulo, a equipe do emedebista, que inclui Carlos Marun, vem pressionando a PF para que prenda os caminhoneiros para enfraquecer a mobilização.
Ainda dá tempo de ouvir o movimento e buscar uma saída política, basta saber qual político está disposto a ouvir os caminhoneiros e seus apoiadores.