O Supremo Tribunal Federal devolveu seis das sete ações contra o deputado federal Zeca do PT em decorrência da restrição do foro privilegiado. A decisão é da ministra Rosa Weber, relatora dos processos, e deve retardar novamente o julgamento do caso conhecido como farra da publicidade, alvo de Força-Tarefa do Ministério Público Estadual há 11 anos.
Em agosto do ano passado, devido ao ex-governador ter foro privilegiado graças ao mandato de deputado federal, a Justiça estadual encaminhou 11 denúncias criminais. O petista é réu por falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato.
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Quatro meses depois, em dezembro do ano passado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ratificou sete dos 11 processos contra o parlamentar. Duas ações foram arquivadas.
No início do mês, o STF reviu a interpretação sobre foro privilegiado e o restringiu apenas aos crimes cometidos durante o mandato parlamentar. Como o suposto desvio de R$ 130 milhões ocorreram no mandato de Zeca como governador do Estado entre 1999 e 2005, a ministra Rosa Weber decidiu encaminhar duas ações penais e quatro inquéritos criminais para a 2ª Vara Criminal de Campo Grande.
O julgamento do petista ficará a cargo do titular da vara, juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian. Além do parlamentar, são réus nas ações donos de agências de publicidade, empresários, ex-servidores públicos estaduais e ex-secretários.
É mais uma reviravolta no julgamento das ações criminais. A primeira paralisação ocorreu sobre a legalidade da investigação conduzido pelo Gaeco, por ser órgão especial do MPE. Em seguida, os promotores e os réus travaram ações até no STJ sobre a polêmica investigação.
Com o fim das dúvidas acerca das ações, Zeca foi eleito deputado federal e o magistrado da 2ª Vara Criminal decidiu encaminhar todos os processos para o STF. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, endossou as denúncias, mas pediu o desmembramento dos casos para deixar apenas o deputado federal no Supremo.
Não é o primeiro caso de Mato Grosso do Sul a ser enviado para a primeira instância após a decisão do plenário do STF.
O primeiro envolveu o deputado federal Vander Loubet (PT), sobrinho de Zeca. Ele foi denunciado pela procuradora-geral da República pelo suposto crime de caixa três na campanha eleitoral de 2010. Na ocasião, o parlamentar recebeu R$ 50 mil da Odebrecht por meio de uma cervejaria.
No início do mês, o ministro Celso de Melo concluiu que o crime foi cometido anterior ao atual mandato, apesar do petista já exercer o cargo de deputado federal em 2010. Ele encaminhou a denúncia para ser julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Na semana passada, a procuradora-geral da República entrou com agravo para manter o julgamento da denúncia contra Loubet no STF.
Zeca ainda vai continuar com dois inquéritos no Supremo. O primeiro envolve a delação premiada da Odebrecht, no qual teria recebido R$ 400 mil na campanha de 2006 e faz parte da ação junto com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
O segundo envolve da delação da JBS, que o acusa de implantar o esquema de cobrar propina em troca da concessão de incentivos fiscais. O ex-governador é acusado de cobrar 20%, percentual que foi elevado para 30% pelos sucessores, André Puccinelli (MDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB).
Todos negam as denúncias e alegam ser vítimas de mentiras por parte dos delatores.