Cumprindo prisão domiciliar há 20 dias na Operação Fazendas de Lama por determinação do Supremo Tribunal Federal, a médica Mariane Mariano de Oliveira Dornellas pediu à Justiça para deixar o filho em casa e voltar a trabalhar em três locais. O pedido foi negado na quinta-feira pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, titular da 3ª Vara Federal de Campo Grande, que considerou a solicitação como revogação da prisão preventiva.
[adrotate group=”3″]
Filha do ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, também preso, ela ingressou com pedido para voltar a atender na Clínica Médica de Endocrinologia e Metabologia, no ambulatório da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul) e na Clínica São Francisco Saúde. De acordo com a defesa, Mariane atende cerca de 100 pacientes por dia.
Veja mais:
Defesa insiste em “fatos novos”, mas STF nega HC e mantém prisão de Amorim e sócia
HC não beneficia ex-deputado, médica e filha de Amorim, que vão continuar presos
A profissional alegou que os doentes serão prejudicados com a interrupção no tratamento e o trabalho garante o sustento de sua família.
O MPF (Ministério Público Federal) foi contra a autorização. O procurador Marcel Brugnera Mesquita frisou que a médica está presa preventivamente na Operação Fazendas de Lama, segunda fase da Lama Asfáltica. No entanto, devido a extensa jornada de trabalho apresentada pela médica, ele avalia que seria o caso de restabelecer o encarceramento da médica.
A prisão preventiva foi convertida em domiciliar para Mariane cuidar do filho, que estaria na fase de amamentação. No entanto, como ela pretende deixar o filho aos cuidados de terceiros para voltar a trabalhar em três locais, a autorização judicial esvaziaria a cautelar.
“Assiste razão ao Ministério Público Federal. Com efeito, a prisão preventiva foi convertida em prisão domiciliar, conforme se depreendem das fls. 854 dos autos em razão da requerente possuir, na época, filho em fase de amamentação. Por outro lado, a extensa e extenuante jornada de trabalho descrita pela peticionante não se coaduna com o fundamento pelo qual Mariane Mariano cumpre o regime peculiar de prisão domiciliar, ou seja, a maternidade de uma criança em tenra idade”, disse o juiz.
“Não se pode aqui olvidar, que a requerente tem decretada contra si a prisão preventiva, que está sendo cumprida em regime domiciliar. De fato, deferir o pedido aqui exposto equivaleria revogar tal prisão”, conclui, ao indeferir o pedido.
Mariane é acusada de ser usada pelo pai, Beto Mariano, para lavar o dinheiro supostamente obtido por meio de corrupção. Ela é sócia do ex-deputado federal Edson Giroto, também preso, em propriedades rurais adquiridas no período investigado na Lama Asfáltica.
Também estão presos desde o dia 8 deste mês o poderoso empresário João Amorim, dono da Proteco, sua sócia, Elza Cristina Araújo dos Santos Amaral, e sua filha, a empresária Ana Paula Amorim Dolzan, a esposa e o cunhado de Giroto, Rachel Portela Giroto e Flávio Henrique Garcia Scrocchio.
Na semana passada, Amorim teve o habeas corpus indeferido pelo ministro Dias Tofffoli, do STF. O ministro Alexandre de Moraes, que decretou a prisão preventiva ao revogar o habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, analisa o recurso dos acusados contra a prisão preventiva.