Enquanto os jornais festejam o anúncio de Michel Temer (MDB), de que haverá redução nos preços do óleo diesel e da gasolina, a Petrobras ignora o presidente. Na prática, a estatal reajustou em 6,3% o litro da gasolina e põe fogo na paralisação dos caminhoneiros, que completa oito dias. O apoio a greve cresce e se espalha com passeatas e carreatas no Estado.
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O desabastecimento se agravou em algumas cidades do interior, como Paranaíba, onde falta combustível para abastecer as viaturas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e até ambulâncias.
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Acuado e enfraquecido, Temer só consegue o apoio dos meios de comunicação. No domingo, emissoras de televisão, jornais e portais de internet festejaram o anúncio do acordo para por fim à greve. A medida mais significativa foi a redução de R$ 0,46 no preço do diesel.
O anúncio mostra um governo sem rumo. Na sexta-feira, a equipe do emedebista anunciou o endurecimento com os grevistas. Temer acionou o Exército para desbloquear as rodovias e por fim à paralisação. Foi pior que “fakenews”.
No sábado, o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, anunciou a prisão dos empresários pelo suposto locaute – greve comandada pelos donos das transportadoras. A Polícia Federal não se manifestou, nenhum jornalista questionou Marun e a paralisação continuou mais forte. Ninguém foi preso.
No desespero, Temer ignorou a política de reajuste diário, adotada pelo tucano Pedro Parente, presidente da Petrobras, e anunciou a queda no preço do diesel e o congelamento do preço por dois meses. O impacto nas contas públicas pode chegar a R$ 13 bilhões.
Não houve recuo dos grevistas, pelo menos até o momento. Só em Mato Grosso do Sul são 50 pontos de manifestação no 8º dia da paralisação dos caminhoneiros.
Nesta segunda-feira, as maiores universidades do Estado suspenderam as aulas: UFMS, UEMS, UFGD e Uniderp. O transporte coletivo mantém a frota reduzida e os passageiros enfrentam mais transtornos.
Em alguns municípios, a situação é de calamidade. Sem combustível desde quarta-feira, Paranaíba pode sofrer gravíssimas consequências com a paralisação. Segundo Célia de Souza Borges, gerente do Posto Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a falta de combustível parou as viaturas do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar e até das ambulâncias. “Não tem ninguém nas ruas”, comentou, sobre a situação de feriado no município.
De acordo com o Campo Grande News, são 51 pontos de manifestação no Estado, sendo 19 nas rodovias federais e 32 nas estaduais.
Indiferente à maior greve da história, a Petrobras ignora os anúncios feitos pelos jornais. Na prática, a gasolina deixou a distribuidora, em Campo Grande, com o litro custando R$ 4,04 a R$ 4,20 nesta segunda-feira. O valor representa acréscimo de 6,3% em relação aos R$ 3,95 cobrados antes da paralisação.
Os caminhões deixam a unidade sob escolta das polícias militar e rodoviária e do Exército. No entanto, não está havendo escolta para o transporte de etanol das usinas até a distribuidora.
Mesmo com a redução de álcool na gasolina de 25% para 20%, o estoque de anidro deve acabar nas próximas horas. O risco de novo desabastecimento geral é questão de horas em Campo Grande.
Treze caminhões-tanque são escoltados de Cuiabá e devem se juntar a outros sete da Capital para seguirem até a refinaria de Paulínia (SP).
As rodovias seguem vazias sem registrar movimento de carretas, o que evidencia o fracasso do acordo com o Governo.
Nesta segunda-feira, o comércio de Aparecida do Taboado fecha as portas e fará carreata de apoio aos caminhoneiros a partir das 16h. Em Paranhos, dezenas de veículos fizeram carreata de apoio na manhã de hoje.
Em Campo Grande, milhares de pessoas foram às ruas na tarde de domingo em protesto contra a política de preços nos combustíveis do Governo Temer. Também carreata no início da noite. Centenas de defensores da volta da ditadura militar cantaram o hino nacional em frente ao Comando Militar do Oeste.
Na manhã desta segunda-feira, caminhões fizeram nova carreata pelas ruas da Capital em apoio aos caminhoneiros. Além de nova manifestação na Praça do Rádio, também está prevista nova carreata que deve seguir até às distribuidoras.
A situação segue crítica e a mobilização, que trocou as passeatas pelas carreatas, já começa a balançar o curto mandato de Michel Temer.