Celebrado pelos jornais e pelas emissoras de televisão, o acordo entre as associações e o governo federal não colocou fim à paralisação dos caminhoneiros. Em Mato Grosso do Sul, a greve, que ganhou mais força e apoio popular, deve parar totalmente as indústrias. Após várias cidades do interior, a Capital pode ser a próxima a ficar sem combustível.
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Conforme o Sindicato dos Revendedores de Derivados do Petróleo, 60% dos postos já estão sem gasolina na manhã desta sexta-feira. A situação tende a se agravar ao longo do dia com o pânico dos motoristas, que estão correndo para aproveitar o que sobrou do combustível e afastar o risco de ficar a pé.
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A Federação das Indústrias estima que 100% das indústrias podem parar devido à greve dos caminhoneiros. Além de não conseguir escoar ar produção, as empresas sofrem com a falta de insumos.
A falta de gasolina só não é problema nas cidades de fronteira, que já recorriam ao Paraguai. Os postos do outro lado da fronteira revendem a gasolina com preço 40% inferior ao adotado no lado brasileiro.
Segundo a Policia Rodoviária Federal, após o “acordo” celebrado pelo presidente Michel Temer (MDB), o número de pontos de interdição subiu para 42 em Mato Grosso do Sul. Nas rodovias estaduais são 21 pontos de paralisação.
Enquanto jornais, sites e emissoras de televisão comemoravam o fim da greve, acompanhando a linha do governo, caminhoneiros recorreram às redes sociais e grupos de aplicativos para reforçar que a continuidade da paralisação. Duas associações não assinaram o famoso acordo, que prevê a desoneração de R$ 5 bilhões.
Na prática, para não assustar o mercado, Temer tentou enrolar os caminhoneiros, porque a política de reajuste diário da Petrobras só seria suspensa por 30 dias. O tucano Pedro Parente, que foi ministro na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), reforçou aos analistas de mercado que não mudará a política de reajuste de preços, que repassa imediatamente ao consumidor os efeitos do preço no mercado internacional e da cotação do dólar.
Apesar dos transtornos, a população tem mostrado apoio aos caminhoneiros e a mobilização começa a repetir o fenômeno de 2013, quando as manifestações contra o valor da tarifa do transporte coletivo transbordaram nas megamanifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Nesta sexta-feira, os donos de caçambas decidiram fazer carreata para demonstrar apoio aos caminhoneiros em Campo Grande. Ontem, eles já tiveram o carinho dos motoristas de aplicativos, como Uber, e taxistas.
No interior, comerciantes de várias cidades fecharam as portas para engrossar o protesto contra o aumento abusivo no preço dos combustíveis. O movimento ocorreu em Três Lagoas, Ivinhema e Naviraí.
O medo do presidente Temer, o mais impopular da história até o momento, é perder,de vez, o comando do País. A Justiça Federal já autorizou o uso da polícia e até das Forças Armadas para liberar as rodovias.
As consequência do uso da força contra os caminhoneiros são imprevisíveis. Pode levar a decretação de estado de sítio, como também pode incendiar a população contra o pouco d prestígio que mantém o atual presidente no poder até o momento.
É difícil de prever o desfecho da greve histórica dos caminhoneiros, que conseguiram parar o País – um sonho que o PT não conseguiu realizar no caso da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Algumas cidades e estados já decretaram ponto facultativo por causa da greve. Em Campo Grande, serviços essenciais, como a coleta de lixo e o transporte coletivo, podem ser suspensos a partir de terça-feira.
Enquanto Temer ainda titubeia entre atender o mercado e os caminhoneiros, os caminhoneiros vão parando o Brasil em toda a sua extensão continental.