A beira da prisão por corrupção, a família Olarte tenta dar a volta por cima em grande estilo. Com o marido condenado a oito anos e quatro meses por corrupção e ré por ocultação de bens e lavagem de dinheiro, a ex-primeira-dama de Campo Grande, Andréia Olarte conseguiu se filiar ao MDB, um grande partido, e pode ser candidata a deputada estadual com o apoio do ex-governador André Puccinelli (MDB).
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O Jacaré antecipou no dia 23 de fevereiro deste ano que o ex-prefeito Gilmar Olarte cogitava lançar a mulher para disputar uma das 24 vagas na Assembleia Legislativa. Inicialmente, todo mundo esperava que ela se filiaria a um pequeno partido, como fez o ex-senador Delcídio do Amaral, que optou pelo PTC.
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No entanto, Andréia surpreendeu ao participar do evento do MDB no sábado como pré-candidata a deputada estadual do partido. A notícia foi veiculada pelo site Top Mídia News.
A ex-primeira-dama teve sorte ao conseguir espaço em partido grande e com estrutura para dar apoio aos candidatos. E o mais importante, o apoio explícito do ex-governador, presidente regional da legenda e um dos favoritos na disputa deste ano.
Só que as coisas não estão fáceis para a nova emedebista. O marido já foi condenado pelo Tribunal de Justiça a oito anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva. No entanto, apesar do entendimento do Supremo Tribunal Federal, de que todo condenado em segunda instância deveria iniciar o cumprimento da pena, o ex-prefeito segue solto em Mato Grosso do Sul.
Além disso, ele e a esposa são réus por ocultação de bens e lavagem de dinheiro, crimes apurados na Operação Pecúnia. O casal chegou a ficar preso e até usou tornozeleira eletrônica por mais de um ano.
Gilmar, Andréia, o corretor de imóveis Ivamil Rodrigues de Almeida, o empresário Evandro Farinelli e a mulher, Christiane Frinelli, são réus na 1ª Vara Criminal de Campo Grande. De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o casal comprou R$ 4,1 milhões em imóveis em nome de laranjas, mas só conseguiu pagar R$ 2,863 milhões. Os pagamentos foram suspensos após Olarte ser afastado da prefeitura pelo Tribunal de Justiça em 25 de agosto de 2015.
O processo está na fase das alegações finais e a sentença poderá ser proferida antes do primeiro turno pelo juiz Roberto Ferreira Filho.
Contudo, se a ex-primeira-dama for eleita e tomar posse antes da sentença, a ação penal sobe para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, onde o deputado estadual tem direito a foro especial.
Andréia se filiou ao MDB no dia 2 de abril deste ano e circulou como pré-candidata no encontro regional. Até conseguiu foto ao lado ex-ministro da Fazenda e pré-candidato a presidente da República, Henrique Meirelles (MDB).
Não é a única em apuros com a Justiça a ter apoio importante. Antes de ser preso pela 4ª vez, o ex-deputado federal Edson Giroto contou com o aval de Puccinelli para retomar o controle do PR, partido até então comandado por Londres Machado.
Réu em cinco ações penais na Operação Lama Asfáltica, Giroto planejava ser candidato a deputado federal nas eleições deste ano.
No sábado, o ex-governador fez questão de reafirmar que é candidato a governador pela terceira vez. Investigado na Operação Lama Asfáltica, o emedebista enfatizou que é ficha limpa e poderá obter o registro em agosto.
André Puccinelli falou a verdade. Dificilmente, ele deverá ser condenado em segunda instância antes das eleições. Ele é investigado pela Polícia Federal no suposto esquema criminoso que desvio mais de R$ 300 milhões dos cofres púbico.
O ex-governador é investigado e, considerando-se o ritmo do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, poderá fazer a campanha tranquilo.
No entanto, ao procurar ajudar outros enrolados com a Justiça, como Andréia, Delcídio e Giroto, ele pode abusar da boa vontade do eleitor, que pretende lhe dar novo voto de confiança com base no histórico de bom gestor público e tocador de obras.
E nem vamos mencionar o amigo mais notório, no caso, o presidente da República, Michel Temer.