Desencadeada para combater a corrupção na Polícia Militar, a Operação Oiketikus, do Gaeco (Grupo Especial de Combate à Crime Organizado) e da Corregedoria da PM, prendeu o segundo sargento Ricardo Campos Figueiredo, 42 anos. Com salário de R$ 16,3 mil, ele foi promovido três vezes por ato de bravura e é assessor do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
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O pior é que esta não é o primeiro caso de corrupção envolvendo o militar. Conforme o Campo Grande News, Ricardo foi denunciado por cobrar propina de motoristas flagrados cometendo infração de trânsito em Camapuã entre os anos de 2002 e 2003. Neste caso, ele foi denunciado em 2013 e absolvido no ano seguinte por falta de provas.
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Nesta quarta-feira, o sargento é um dos 19 policiais que tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Alexandre Antunes, da Auditoria Militar. O 20º é alvo de prisão temporária. Conforme a denúncia, os policiais recebiam propina para ajudar no contrabando de cigarro.
Em um caso em Campo Grande, ocorrido em dezembro do ano passado, sete militares foram presos por sequestrar o motorista para cobrar propina de R$ 150 mil da organização criminosa. O envolvimento de integrantes da PM é um escândalo sem precedentes devido ao grande número de envolvidos.
Ao ser preso na manhã de ontem, o sargento Campos teve um ataque de estrelismo. De acordo com o Midiamax, ele xingou os responsáveis pela prisão e quebrou os dois telefones celulares. Os aparelhos foram apreendidos para serem periciados e podem trazer revelações comprometedoras.
O 2º sargento não é qualquer pessoa. Ele é assessor militar na Casa Militar, com cargo comissionado na Secretaria Estadual de Governo. Ele recebeu R$ 16.389 de salários em abril deste ano, conforme o Portal da Transparência, sendo R$ 8,2 mil como militar e R$ 8.128, como assessor do governador Reinaldo Azambuja.
A ligação de Ricardo com o poder lhe garantiu promoções relâmpagos na PM. Foram três por atos de bravura, um legítimo herói.
A primeira promoção foi de soldado para cabo em 2007, ainda na gestão de André Puccinelli (MDB). Na ocasião, em Camapuã, ele interveio em um conflito e conseguiu resgatar a vítima sem qualquer lesão.
Logo após a posse de Reinaldo como governador, em 14 de abril de 2015, Campos foi promovido pela segunda vez por bravura, de cabo para 3º sargento da PM.
Em 29 de junho do ano passado, o tucano lhe promoveu pela segunda vez por atos de bravura, desta vez de 3º para 2º sargento. Atualmente, como um policial “esforçado e dedicado”, ele estaria fazendo curso para ser promovido a 1º sargento.
No entanto, o caso do policial lotado na Casa Militar não é o único caso de comissionado preso na Operação Oiketikus. Também foram presos os comandantes do batalhão de Jardim, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, da Companhia Militar em Bonito, tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva, do 1º Grupamento de Boqueirão, sargento Jhondei Aguilera, do 2º Grupamento de Guia Lopes da Laguna, sargento Angelucio Ricalde Paniagua, e da 2ª companhia de Bela Vista, major Oscar Leite Ribeiro. Os nomes foram revelados pelo Correio do Estado.
Critaldo tinha carreira brilhante na PM. Além da Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da corporação, ele foi agraciado com a Medalha do Mérito Santos Dumont e a Ordem do Mérito Aeronáutico (a mais alta comenda), concedidas pela Força Aérea Brasileira. O Sindicato Rural lhe agraciou com o título de herói.
O caso pode causar revolta porque os policiais se envolvem ao invés de combater o crime organizado. No entanto, ao decidir enfrentar o problema, a PM dá mostras de coragem ao expor o problema, de não se omitir e mostrar disposição de cortar na própria carne para combater o crime.
Em nota, Governo anuncia inquérito para apurar conduta de sargento
O Governo do Estado instaurou inquérito para apurar a conduta do sargento Campos, conforme nota divulgada pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
Ele não perderá as promoções, mas poderá ser responsabilizado caso a sindicância confirme as denúncias apontadas pelo Gaeco.
Confira a nota, na íntegra, publicada às 16h15 desta quinta-feira:
“01) No caso do Segundo Sargento PM. Ricardo Campo Figueiredo, o Governo do Estado através Corregedoria da Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar para apurar os fatos, as circunstâncias em que ocorreram e individualizar a autoria dos delitos;
02) O Inquérito Policial Militar será concluído em dez dias e será remetido para Auditoria Militar Estadual, e seu relatório subsidiará as demais providências judiciais e administrativas decorrentes dos fatos apurados;
03) A inocência ou culpa serão apurados no curso dos procedimentos instaurados;
04) A prisão não revoga as promoções do militar, uma vez que os atos que as ensejaram se deram antes do episódio que levaram à sua prisão em flagrante.”
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