Uma das principais obras do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em Campo Grande, a duplicação da Avenida Euler de Azevedo virou motivo de chacota nas redes sociais. Infelizmente a intervenção também deixou a via mais violenta, causando preocupação e pânico entre os moradores da região.
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Só neste ano, após a instalação das muretas centrais na avenida, acidentes de trânsito mataram duas pessoas. A última morte foi a do candidato a vereador Nilton Lima dos Santos, 46 anos, ocorrido no dia 6 deste mês após a colisão entre motocicleta e carro. A primeira foi da professora Luzinete Cezar Gonçalves, diretora adjunta de uma escola pública, que chegou a ter perna amputada em outra colisão de carro e moto, mas não resistiu e faleceu.
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No ano passado, de acordo com Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), não houve morte na Avenida Euler de Azevedo. O número de mortes registrados em 30 dias já é igual ao total registrado em 2016, quando duas pessoas morreram na avenida.
Os números oficiais corroboram a preocupação dos moradores da região e estudantes da UEMS, que apontam o aumento da insegurança com a obra do Governo. Agora, a Euler de Azevedo se transformou em “via da morte”.
Enquete do Top Mídia News mostrou a reprovação total da obra. Para 67% dos leitores do site, a obra é considerada ruim ou péssima. Apenas 14% a apontaram como boa, enquanto 13% avaliaram como “regular”.
Não bastasse a reprovação popular, a duplicação virou piada nos sites de humor e nas redes sociais. De longe, dependendo do ângulo, a via é mostrada torta. Bastou para que a página de humor “Campo Grande Mil Graus” a colocasse entre os atrativos turísticos tortos no mundo.
Outros brincaram que as avenidas são corrigidas e ficam retas em outras cidades brasileiras, mas saem tortas na Cidade Morena.
Não é a primeira intervenção do poder público a causar polêmica. A revitalização da Avenida Júlio de Castilho, por exemplo, causou tanta polêmica que até hoje não foi inaugurada pelo município, apesar de ter passado por cinco prefeitos.
André Puccinelli (MDB) causou intervenção semelhante na Avenida Eduardo Elias Zahran, que ganhou canteiro central e foi totalmente revitalizada. Após as obras, a via saiu do ranking do topo do ranking de acidentes e ficou mais segura.
A Avenida Euller de Azevedo ficou mais perigosa após a duplicação. No entanto, o governador Reinaldo Azambuja vem postergando a inauguração da obra desde julho do ano passado.
De acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura, a inauguração só vai ocorrer após a conclusão de todas as obras, como iluminação e instalação de semáforos. Em nota, a pasta tenta tranquilizar os moradores, garantindo que a via se tornará mais segura.
A Prefeitura informou, em nota, que a obra é de competência do Governo estadual e aguarda a conclusão das obras.
Especialista alerta para riscos com intervenção móvel
A revitalização poderá deixar a Avenida Euler de Azevedo mais perigosa caso mantenha a intervenção móvel, a mureta central para dividir as pistas. O alerta é do ex-presidente da Agetran e presidente do Sindicato dos Engenheiros, Jean Saliba.
Conselheiro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), ele concorda que a instalação de semáforo vai deixar a via mais segura.
Saliba recomenda que o ideal seria o quebra-molas elevado para dar mais segurança aos pedestres e ciclistas.
No entanto, ele alerta que a manutenção da intervenção móvel vai manter o risco de acidentes, porque a abertura para facilitar a passagem das pessoas acaba sendo usada por motociclistas e ciclistas.
Sobre a polêmica em torno do fato da via ser torta, o engenheiro descarta erro no projeto. Conhecedor in loco da duplicação, Jean Saliba destaca que a duplicação só acompanha a avenida. Ou seja, não foi um milagre de serviço mal feito, mas as muretas só deixaram mais evidentes as linhas tortas da via.