Somente seis anos após a denúncia do suposto crime de lavagem de dinheiro, o ex-major da Policia Militar, Sérgio Roberto de Carvalho, vai a julgamento na Justiça Federal pelo crime de lavagem de dinheiro. Conforme a denúncia protocolada em 23 de maio de 2012, ele usou o nome da filha de 17 anos para ocultar dinheiro proveniente do tráfico de drogas e comprar posto de combustíveis em Ribas do Rio Pardo, a 100 quilômetros da Capital.
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Carvalho foi oficial da PM de Mato Grosso do Sul e passou a frequentar o banco dos réus desde 1997, quando foi preso com 237 quilos de cocaína na Fazenda Cordilheira, em Rio Verde do Mato Grosso.
Ele também é alvo assíduo das operações da Polícia Federal e chegou a receber o salário como oficial da reserva da PM até 7 de março deste ano, quando, finalmente, foi excluído da corporação pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). A demora é o reflexo dos inúmeros recursos utilizados pela defesa.
Conforme reportagem do Campo Grande News, até janeiro deste ano, o ex-major recebia R$ 8 mil do Governo do Estado. Em novembro de 2016, ele ganhava R$ 22,1 mil como aposentadoria.
A nova ação penal contra Sérgio Roberto de Carvalho é emblemática porque mostra a morosidade do Poder Judiciário. Narra a denúncia que entre os anos de 2008 e 2010, ele lavou dinheiro do tráfico de drogas na compra de imóveis em Ribas do Rio Pardo. O Auto Posto estava em nome da filha de 17 anos, que não tinha renda na época, conforme a denúncia.
O Ministério Público Federal viu ligação entre a apreensão de 237 quilos de cocaína e a apreensão de US$ 180 mil em pode do ex-major com a compra dos bens. Além disso, durante operação policial, documentos referentes ao posto foram encontrados em poder de Carvalho.
A 3ª Vara Federal de Campo Grande manteve a denúncia contra o major em 12 de março deste ano. O despacho do magistrado só foi publicado no Diário da Justiça Federal nesta segunda-feira e prevê a audiência de julgamento e instrução no dia 20 de agosto deste ano, com a inquisição das testemunhas às 14h e de Carvalho às 16h.
A defesa do ex-major tentou convencer o juiz a rejeitar a denúncia. O principal argumento é de que não é proibido uma adolescente comprar um posto de gasolina. Também destacou que a procuradoria não ouviu a jovem nem verificou se ela declarou o bem no Imposto de Renda, apesar de ter apenas 17 anos na ocasião.
Para Carvalho, não provas que a renda obtida com os 237 quilos de cocaína foi destinada para a compra dos lotes em Ribas do Rio Pardo, onde teria sido construído o posto para a revenda de combustíveis. Rechaçou que a compra ocorreu mediante sonegação fiscal.
O ex-oficial da PM é réu antigo da Justiça Federal. Além de ter sido condenado pela apreensão de uma carga de cocaína, ele foi alvo de duas operações da Policia Federal contra a jogatina, Xeque-Mate e Las Vegas, realizadas entre 2007 e 2009.
Carvalho ainda foi alvo da Operação Vitruviano, em 2010, que apurou a ação de uma quadrilha para ficar com a herança de Olympio José Alves, em São Paulo, que girava em torno de R$ 100 milhões.