O ex-governador André Puccinelli (MDB),pré-candidato a governador do Estado nas eleições deste ano, tornou-se réu em mais uma ação decorrente da Operação Lama Asfáltica. Ele vai responder por improbidade administrativa ao lado dos empresários João Amorim, dono da Proteco, e João Roberto Baird, o “Bill Gates Pantaneiro”, e do ex-secretário adjunto de Fazenda, André Luiz Cance.
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A ação foi aceita, nesta semana, pelo juiz Henry Marcel Batista de Arruda, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, conforme despacho publicado na edição de hoje do Diário da Justiça.
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A denúncia foi protocolada em março do ano passado pela Força-Tarefa do MPE (Ministério Público Estadual) e tramita em sigilo por determinação da Justiça Federal. O juiz substituto Fábio Luparelli aceitou o compartilhamento das provas colhidas pela Polícia Federal na Lama Asfáltica, mas condicionou à manutenção do sigilo dos documentos.
“Em tal situação, não se mostrando manifestamente descabida a pretensão ministerial, é indispensável o prosseguimento da ação para apurar se de fato houve ou não, a alegada improbidade administrativa, razão pela qual, no termos do art. 17, § 8º, da Lei n. 8.429/92, recebo a inicial”, diz despacho de Arruda. Ele deu prazo de 15 dias para os acusados apresentarem a defesa.
A Força-Tarefa do MPE já denunciou 180 pessoas e 39 empresas pelos desvios apurados pela PF. O grupo de promotores pediu o bloqueio de R$ 2,090 bilhões desviados dos cofres públicos na gestão do emedebista. A Justiça estadual já decretou o bloqueio em algumas ações, mas a maior parte segue em sigilo.
Além das ações na Justiça estadual, o ex-governador é réu em ação penal na Federal, onde é acusado de chefiar organização criminosa e de causar prejuízo de R$ 142 milhões aos cofres públicos.
Além de Puccinelli, o ex-deputado federal e ex-secretário de Obras Edson Giroto é réu em outras seis ações penais. O procurador regional da República, David Marcucci Pracucho, trabalha na conclusão de outras ações contra o grupo. Na esfera estadual, o MPE concluiu os trabalhos e aguarda as primeiras sentenças, que devem demorar devido a grande quantidade de recursos questionando a investigação.
Giroto ingressou com ação para o Tribunal de Justiça invalidade as provas colhidas na Operação Lama Asfáltica. Ele aponta diversas irregularidades e perseguição política por parte do atual Governo.
Puccinelli também alega ser inocente e usa manifestação feita pelo desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, para criticar a demora na conclusão das investigações. A PF iniciou a investigação em 2013 e só deflagrou a primeira fase da operação em julho de 2015.
Dono de jornal define partido e anuncia apoio a ex-governador
Fora do cargo há três anos e enrolado em denúncias de corrupção, o ex-governador André Puccinelli ganhou mais um aliado de peso nas eleições deste ano. O empresário Antônio João Hugo Rodrigues, dono do Correio do Estado, anunciou apoio ao emedebista.
Candidato a senador na chapa de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2014, quando ficou em terceiro lugar na disputa, Antônio João anunciou a filiação ao PTC (Partido Trabalhista Cristão). Ele cogita disputar uma das 24 vagas de deputado estadual.
O empresário foi eleito suplente de senador de Delcídio do Amaral em 2002 e chegou a ocupar o mandato por quatro meses em 2006, quando o então petista disputou o Governo estadual. Há 16 anos, Antônio João integrou a chapa de Zeca do PT.
O apoio do sócio do Correio do Estado é fundamental para quem deseja ganhar o cargo de governador. Adversário de Delcídio em 2014, ele explorou ao máximo as denúncias que o envolviam no escândalo da Lava Jato. O desgaste foi uma das causas da derrota do ex-senador para Reinaldo no segundo turno.
Em 2016, na briga entre a vice-governadora Rose Modesto (PSDB) e Marquinhos Trad (PSD), AJ apoiou o atual prefeito. Ele decidiu deixar o PSD após se desentender com o atual presidente regional e secretário municipal de Governo, Antônio Lacerda.
Certo da vitória em outubro deste ano, Antônio João anunciou que irá trabalhar pelos menos desassistidos. “Antônio João é uma pessoa conhecida, que não adota política. Chegando na Assembleia Legislativa vai trabalhar pelo povo”, disse Puccinelli, conforme o Correio do Estado.
O ex-governador já garantiu o apoio do PSB, que conseguiu garantir a filiação do deputado federal Elizeu Dionízio, que saiu do PSDB, e do PR. A intervenção da direção nacional para apoiar o emedebista e garantir a candidatura de Giroto a deputado federal implodiu o Partido da República.
O DEM ainda não definiu o destino no Estado, mas filiou a deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa, que deixou o PSB para continuar com o presidente Michel Temer (MDB) e é fiel escudeira do ex-governador.