A direção nacional decidiu impor a candidatura a deputado federal do ex-secretário de Obras Edson Giroto, réu em seis ações penais e com os bens bloqueados na Operação Lama Asfáltica, maior escândalo de corrupção no Estado. A decisão implodiu o PR em Mato Grosso do Sul, que ficou sem os únicos deputados estaduais, e uniu o grupo político do decano Londres Machado à família Trad.
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Inicialmente, o partido caminhava para fechar com a pré-candidatura de Giroto a deputado federal. Ele controla o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura), que tem orçamento milionário e pode render apoio político de prefeitos e vereadores. No entanto, a prisão preventiva do ex-deputado jogou o pouco de prestígio político na lama, literalmente.
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Preso pela quarta vez, Giroto passou 12 dias no presídio junto com o empresário João Amorim, dono da Proteco, o cunhado, Flávio Henrique Scrocchio, e o ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira. A mulher, Rachel Portela Giroto, ficou em prisão domiciliar no mesmo período.
Ele é acusado de comandar organização criminosa junto com Amorim e Puccinelli, que teria desviado mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos. Réu em ações por improbidade e penais nas varas da Justiça federal e estadual, o ex-deputado garante que não disputará as eleições neste ano, mas articula com apoio de André e do ministro Carlos Marun, secretário de Governo.
A estratégia é clara: obter foro privilegiado e levar todas as ações da Lama Asfáltica para o Supremo Tribunal Federal, onde o andamento dos processos consegue, acredite, superar a lentidão da Justiça Federal em Mato Grosso do Sul. Só para efeito de comparação, a Lava Jato completou quatro anos com 160 condenados, enquanto a Lama Asfáltica caminha para cinco anos sem nenhuma sentença.
A Operação Lama Asfáltica, que conseguiu o bloqueio de R$ 303 milhões do suposto grupo criminoso, poderá ser dividida em três. As ações contra Giroto subiriam para o STF. Caso Puccinelli consiga ser eleito para o terceiro mandato, o processo irá para o Superior Tribunal de Justiça. Os funcionários e empresários sem foro seriam julgados em Campo Grande.
O plano vai ser submetido ao eleitor em outubro. O momento é de articulação política nos bastidores. Giroto mostrou força e prestígio. O ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, dirigente nacional da sigla, decidiu intervir para garantir a sua candidatura nas eleições deste ano.
Sem mandato, o ex-deputado superou o prestígio de Londres, recordista nacional com 11 mandatos de deputado estadual, que controla um grupo com oito prefeitos e 54 vereadores. Neto interveio para dar o comando da sigla a Giroto e garantir o apoio à pré-candidatura a governador de Puccinelli.
A medida implodiu o partido no Estado. Paulo Corrêa decidiu se filiar ao PSDB, com o aval do governador Reinaldo Azambuja. A deputada estadual Grazielle Machado, filha de Londres, ingressou no PSD, do prefeito Marquinhos Trad.
A filiação garante a união de Londres, que já chegou a ser hostilizado pelos Trad, à família mais tradicional da política campo-grandense, que inclui o ex-prefeito Nelsinho, pré-candidato a senador, e o deputado federal Fábio, que disputará a reeleição.
Nelsinho está praticamente fechado com Azambuja, o que significa que o PSD, dos irmãos, deve subir no palanque tucano. Marquinhos anunciou que só deverá oficializar a decisão em junho.
Grazielle, que acumula uma carreira vitoriosa com três mandatos como vereadora na Capital e deputada estadual mais votada em 2014, ainda não decidiu o rumo na sucessão estadual, mas garante que acompanhará a decisão de Marquinhos.
A deputada explicou que o grupo político, uma máquina de votos, segue unido, mesmo com os prefeitos e vereadores filiados ao PR devido à legislação eleitoral. Giroto terá o partido para disputar uma das oito vagas na Câmara, mas não terá a estrutura. Ficará com o dinheiro e o tempo de TV.
Giroto e Puccinelli negam ter cometido irregularidades apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Eles querem usar a campanha eleitoral para convencer o eleitor de que são inocentes.
Para quem fica desanimado com a orquestração nos bastidores, Giroto é exemplo de que as coisas já começaram a mudar. Com a maior aliança da história da Capital, contando com o apoio do prefeito da Capital, Nelsinho, e do governador do Estado, Puccinelli, ele não conseguiu derrotar Alcides Bernal (PP), que concorreu em chapa pura, sem dinheiro e sem tempo de televisão.
E por último, pela lei brasileira, todos que não foram condenados podem disputar eleição. Caberá ao eleitor analisar a defesa de cada e votar consciente.
Agora, quem votar por um cargo ou em troca de um penduricalho, este não tem jeito mesmo. A esperança é de que não seja maioria e o voto consciente prevaleça para o bem de todos.
Aliada de André, Simone defende prisão em segunda instância
Aliada do ex-governador André Puccinelli, que chegou a ter a prisão preventiva decretada na Operação Lama Asfáltica, a senadora Simone Tebet (MDB), faz parte do grupo que pressiona o Supremo Tribunal Federal a negar habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com o país dividido, os ministros do Supremo enfrentam pressão de todos os lados. Ontem, juízes e promotores entregaram abaixo-assinado em defesa da manutenção da prisão de condenados em segunda instância.
Advogados também entregaram pedido para que o STF siga o artigo 5º da Constituição e conceda o habeas corpus a Lula, porque prisão só após o julgamento de todos os recursos possíveis.
Treze senadores encaminharam carta à presidente do STF, ministra Cármem Lúcia, para que mantenha o entendimento de que os condenados em segunda instância iniciem o cumprimento da prisão.
Simone assinou a carta.
Para a parlamentar, segue o alerta do polêmico ministro Gilmar Mendes, do STF, de que amanhã pode ser Lula, depois pode ser “B” ou “C”. Ou seja, nesta quarta-feira, a prisão será de um adversário.
Amanhã, o aliado pode entrar na mesma situação. E na ocasião, o que dirá Simone?