Sem condenar nenhum político com direito a foro especial na Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal sente a pressão e tenta apressar os julgamentos do grupo denunciado há três anos. Candidato a ser o primeiro réu sentenciado no escândalo, o deputado federal Vander Loubet (PT) não consegue suspender o andamento da ação penal com apresentação dos recursos.
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Por determinação do ministro Edson Fachin, relator da operação no STF, a Justiça começou a ouvir as testemunhas de acusação contra o petista em quatro estados. Os depoimentos começaram no Rio de Janeiro, no dia 23 de março, com a coleta dos depoimentos em juízo dos delatores, os ex-diretores da Petrobras, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, e do doleiro do MDB, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano.
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Devido a dificuldades de locomoção, a defesa do petista solicitou e obteve o direito de acompanhar os depoimentos por meio de videoconferência no Fórum da Justiça Federal em Campo Grande. Um dos problemas pode ter sido a prisão do juiz aposentado compulsoriamente Jail Azambuja, acusado de tentar matar um magistrado no Paraná. Ele foi excluído da banca de defesa do deputado.
Os depoimentos seguem na sexta-feira (6) em São Paulo. Por determinação de Fachin, vão prestar depoimentos o ex-deputado federal Cândido Vacarezza, acusado de integrar o esquema criminoso, e do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e um dos delatores na Lava Jato. Ainda serão ouvidos Meire Bonfim da Silva Poza e Rafael Ângulo Lopez.
Esta fase continua em Campo Grande no dia 13 deste mês, com os depoimentos de Joel Lino Pereira, Rosângela Mascoli Pereira e Júlio Hermes Nunes. Este último será notificado pela Vara Federa de Coxim.
O último depoimento será de Marilaine Castro da Costa, dona de uma produtora, em Porto Alegre (RS), no dia 20.
Réus pelo suposto recebimento de R$ 1,028 milhão em propinas, Vander, o cunhado, o advogado Ademar Chagas da Cruz e empresário Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos tentaram, de novo, postergar o julgamento. Eles voltaram a pedir mais prazo para a apresentação da defesa, acesso integral aos áudios das interceptações telefônicas, entre outros. Todos os pedidos foram negados por Fachin.
O STF tenta agilizar o julgamento das denúncias feitas contra 50 políticos, em março de 2015, pelo então procurador geral da República, Rodrigo Janot. No entanto, só quatro se tornaram réus. Nenhum deputado ou senador foi condenado no maior escândalo de desvio de recursos públicos da Petrobras.
No mesmo período, só para efeito de comparação, 160 políticos sem foro foram condenados em primeira instância. A lentidão do Supremo é apontada por especialistas como um dos principais motivos da corrupção que assola a república brasileira.
Vander nega as acusações e enfatiza que irá provar a inocência no julgamento do STF. Ele e o cunhado apresentaram perícia contábil para provar que não houve irregularidade na evolução patrimonial.
O petista é enfático ao negar o recebimento de propina e a participação em suposta organização criminosa para desviar recursos da BR Distribuidora.
Ele é alvo de um segundo inquérito na Lava Jato, no qual teria sido beneficiado de R$ 50 mil pago por meio de caixa três, uma nova modalidade de pagamento ilegal na campanha eleitoral.
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