Um novato, empossado há seis meses, e juiz com fama internacional, por ter condenado o atacante Neymar, assumem o comando da 3ª Vara Federal Especializada no Sistema Financeiro e Lavagem de Campo Grande, principal unidade de combate ao crime organizado e responsável pela “Lama Asfáltica”, maior operação de combate à corrupção no Estado.
O titular da vara será o juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, que volta a Mato Grosso do Sul, para assumir a vaga deixada por Odilon de Oliveira, que se aposentou em 5 de outubro do ano passado para ser candidato a governador pelo PDT.
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O substituto será Sócrates Leão Vieira, que assumiu o cargo de juiz federal em 26 de setembro de 2017. Ele foi procurador federal até 2 de julho de 2013, quando passou em concurso público e assumiu o cargo de defensor público federal, ocupado até ser aprovado no concurso de juiz federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Eles foram nomeados em concurso de remoção realizado neste mês pelo TRF3. Bruno tinha colocado a 3ª Vara Federal como segunda opção. A primeira era a 5ª Vara, também especializada nos crimes de lavagem de capitais.
Teixeira ingressou na Justiça Federal como substituto em 22 de junho de 2011. Ele é formado em Direito com pós graduação pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e tem mestrado pela PUC de São Paulo.
Professor nas áreas de direito civil e previdenciário, ele pode assumir a Lama Asfáltica, que já desencadeou cinco operações e aponta o desvio de R$ 300 milhões dos cofres públicos. A maior investigação contra a corrupção no Estado envolve o ex-governador André Puccinelli (MDB), que é pré-candidato a governador, e acumula uma carreira política vitoriosa nos últimos 20 anos, sendo prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos.
Outros investigados, que estão nas mãos do magistrados, são o ex-deputado federal Edson Giroto, que chegou a ser cotado para secretário executivo do Ministério dos Transportes, e o empresário João Amorim, dono da Proteco.
Outro candidato a comandar a operação é o juiz substituto Sócrates Leão Vieira, que ingressou por meio do último concurso realizado pela Justiça Federal.
Bruno Cezar permaneceu por mais de um ano em Corumbá, período em que condenou a União a instalar Defensoria Pública no município, e estava há poucos meses em Ourinhos (SP).
Desde a posse na Justiça Federal, ele ganhou projeção internacional ao condenar o atacante Neymar Júnio e seu pai, Neyma da Silva Santos, ao pagamento de multa de R$ 460 mil por elisão abusiva de impostos.
Além da corrupção, a 3ª Vara tornou-se um marco no combate ao narcotráfico, contrabando e tráfico de armas. Sob comando de Odilon, a unidade confiscou mais de R$ 2 bilhões de criminosos poderosíssimos na fronteira com o Paraguai, que inclui fazendas, mansões, carros de luxo e aviões.
O protagonismo do magistrado será fundamental para o êxito das operações. Um problema crônica da Justiça Federal de MS é a lentidão no julgamento dos casos.
A Lama Asfáltica deverá completar cinco anos sem condenar nenhum dos envolvidos no megaesquema de corrupção, enquanto Lava Jato já condenou 160 em quatro anos.
A lei é a mesma nos dois casos, mas o que faz a Justiça ser ágil no Paraná e no Rio de Janeira e lenta, quase parando, em MS?
São mistérios que só a história pode desvendar.