Sem a ajuda do Governo federal, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) fez a prova dos nove na eficiência tucana e deixou a economia do Estado de Mato Grosso do Sul a beira do colapso em 2017. Além de contabilizar déficit de R$ 1,878 bilhão em 2017, valor histórico e recorde, a administração estadual fechou com dívida de R$ 13,3 bilhões.
Os resultados mostram que a gestão moderna e eficiente, prometida pelo governador na campanha eleitoral de 2014, ficou apenas no discurso. Aliás, só teve gasto, considerando-se os R$ 1,442 milhão pagos ao Movimento Brasil Competitivo, do famoso empresário Jorge Gerdau, que firmou o convênio para ensinar mecanismos para tornar a máquina pública mais eficiente.
Os números do ano passado mostram que alguém não aprendeu o curso ou os consultores não ensinaram direito.
Conforme o balanço de 2017, divulgado ontem no Diário Oficial do Estado, a arrecadação total foi de R$ 11,879 bilhões, muito abaixo da despesa de R$ 14,506 bilhões. A maior parte do gasto foi com pessoal (R$ 9,263 bilhões), apesar do reajuste salarial pífio de 2,94% concedido em outubro do ano passado, após três anos sem correção nos vencimentos dos 75 mil funcionários públicos estaduais. Estima-se que a defasagem nos salários desde a posse do tucano fique em torno de 20%.
Reinaldo empenhou R$ 1,109 bilhão em investimentos. Em relação a 2016, quando foram investidos R$ 897,5 milhões, houve aumento de 23,63%. No entanto, o valor é muito abaixo dos investimentos feitos pelo antecessor, André Puccinelli (MDB), por meio do programa MS Forte.
O valor recorde em investimentos ainda é do emedebista, quando aplicou R$ 1,721 bilhão em obras de infraestrutura e nas áreas sociais, de educação e de saúde.
Mato Grosso do Sul registrou déficit de R$ 1,878 bilhão no ano passado – o valor representa dois meses de receita do Estado.
Em relação a 2016, quando o déficit ficou em R$ 178,1 milhões, o aumento é mais que dez vezes. A situação é preocupante, porque a população não aguenta mais aumento na carga tributária.
Os investimentos feitos em MS
2013 – R$ 1,042 bilhão
2014 – R$ 1,721 bilhão
2015 – R$ 619,8 milhões
2016 – R$ 897,5 milhões
2017 – R$ 1,109 bilhão
Fonte: Balanço e prestações de contas do Governo de MS
Reinaldo determinou o aumento do IPVA em 40% em 2015, primeiro ano de Governo. A medida continua em vigor. Ele somente recuou da decisão de reduzir a alíquota do ICMS sobre o óleo diesel de 17% para 12%, uma promessa de campanha que foi cumprida por apenas seis meses.
A situação do Estado é muito delicada, porque a dívida total é de R$ 13,313 bilhões, mais que o total arrecadado no ano passado. Conforme o balanço divulgado na segunda-feira, as dívidas de curto prazo somam R$ 2,527 bilhões, enquanto as de longo prazo totalizam R$ 10,786 bilhões.
Em 2015, quando teve a presidente Dilma Roussseff (PT) sancionou a lei que liberou o dinheiro dos depósitos judiciais para ajudar os estados e municípios, o tucano recebeu R$ 1,742 bilhão. O dinheiro foi fundamental para ele fechar aquele ano com superávit de R$ 1,5 bilhão.
Em 2016, quando o presidente Michel Temer (MDB), suspendeu o pagamento da dívida para aliviar a situação dos Estados em sufoco, a administração estadual teve déficit de R$ 178,1 milhões.
O problema vai ficar para o sucessor do tucano. Como o novo presidente da República será obrigado a tomar uma série de medidas para por fim ao caos deixado por Temer, que não poupa gastos para salvar o mandato e manter um pouco de prestígio,principalmente, com os deputados e senadores, a União não terá dinheiro para socorrer os estados.
E além disso, o governador a ser eleito – ou reeleito – em outubro, terá o desafio de equilibrar as contas sem castigar ainda mais a população com o aumento de impostos, promessa não cumprida por Reinaldo na última eleição.
Além disso, o novo inquilino da Governadoria terá todo o funcionalismo descontente com o aumento na alíquota da previdência de 11% para 14%, com o plano de saúde e ainda com a atual política de contenção de gastos.
Para tentar uma nova ação, vamos deixar as críticas mais contundentes aos adversários do governador, que, espera-se, tenham sabedoria em fazer as observações necessárias.
Na defesa, o governador tem enfatizado que os números refletem a crise econômica, que considera uma das mais graves desde a fundação da República. Ele tem destacado que conseguiu viabilizar obras importantes apesar das dificuldades financeiras.
Os resultados primários
2014 – déficit de R$ 1,2 milhão
2015 – superávit de R$ 1,560 bilhão
2016 – déficit de R$ 178,1 milhões
2017 – déficit de R$ 1,878 bilhão
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