A reviravolta no Supremo Tribunal Federal, que revogou o habeas corpus e levou o ex-deputado federal Edson Giroto à prisão, fez a primeira mudança nas eleições deste ano no Estado. O PR deve desfalcar a campanha do ex-governador André Puccinelli (MDB),que tenta disputar o governo pela terceira vez, e reforçar o apoio à reeleição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Inicialmente, o partido presidido por Londres Machado, recordista nacional em mandatos de deputado estadual, apoiaria o emedebista. Pelo projeto elaborado pelo líder nacional da sigla, Waldemar Costa Neto, condenado no mensalão petista, Giroto seria candidato a deputado federal.
Veja mais:
Reinaldo fecha com Nelsinho e secretário de Obras e descarta Pedro Chaves
Odilon fecha com Chico Maia e deve lançar ex-secretário como 2º candidato a senador
Ex-secretário de Obras nas gestões de Puccinelli, o ex-deputado comanda politicamente o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), órgão federal com maior orçamento e cacife político. Apesar de negar a candidatura, Giroto percorria os municípios com o superintendente do órgão, Thiago Carim Bucker, e aproveitava para articular com prefeitos, vereadores e líderes políticos.
No entanto, a história começou a mudar com a decisão da 1ª Turma do STF, que revogou o habeas corpus por quatro votos a um. O voto incisivo do ministro Alexandre de Moraes, que considerou fortes os indícios de desvios apurados na Operação Lama Asfáltica, pode levar a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal a rever os votos e manter o grupo preso.
Além de Giroto, estão presos preventivamente o empresário João Amorim, o seu cunhado, o engenheiro Flávio Henrique Garcia Scrocchio, e o ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano. A decisão do TRF está prevista para segunda-feira.
Se os desembargadores manterem a prisão preventiva, a Lama Asfáltica ganha gás e status semelhante à Lava Jato. A operação iniciada em 2013 aponta desvios de R$ 300 milhões dos cofres públicos pelo grupo chefiado por Giroto, Amorim e Puccinelli.
As acusações não reduziram o poder político e de articulação do grupo. Porém, as prisões foram fatais para as pretensões políticas. A perda de compostura de Giroto, famoso pela calma e autocontrole, ao agredir a repórter do jornal Midiamax no dia 9 deste mês foi sintomática.
Londres passou imediatamente a buscar um plano B para as eleições deste ano. Nos bastidores, o PR deve apoiar o PSDB como parte do plano nacional do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deve renunciar ao mandato para disputar a presidência da República pela segunda vez.
Com a prisão de Giroto, a candidatura a deputado federal perdeu força e o partido desembarcou da campanha de Puccinelli, que também chegou a ser preso na Operação Papiros de Lama em novembro.
O PR é importante porque dispõe do quinto maior orçamento do Fundo Eleitoral e tempo de TV. Reinaldo já conseguiu outro apoio importante, da família Trad, que inclui o ex-prefeito Nelsinho (PTB), líder das pesquisas na disputa do Senado, o deputado federal Fábio e o prefeito da Capital, Marquinhos (PSD).
O tucano aposta na articulação política para minimizar as denúncias de corrupção, como a feita pela delação da JBS, de que aceitou o pagamento de R$ 38,4 milhões em propinas. O caso segue em sigilo no Superior Tribunal de Justiça e Reinaldo se diz vítima de uma organização criminosa liderada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Os outros pré-candidatos a governador são o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), que já definiu o apoio do PODEMOS, e o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci (PT). Pela primeira vez, os petistas devem ir de chapa pura e sem o apoio dos tradicionais aliados, como PDT, PSB e PCdoB.
O PSB segue dividido entre Puccinelli, Odilon e Reinaldo. O PP, presidido pelo ex-prefeito Alcides Bernal, negocia com Puccinelli e o PDT.
Com cargos no governo tucano, PRB, que filiou o senador sem votos Pedro Chaves, pode fechar com Odilon.
A dança de cadeiras promete ser intenso até 7 de abril, quando termina a janela partidária. Elizeu Dionízio já decidiu deixar o PSDB, mas ainda não definiu o destino.
Geraldo Resende pode, mais uma vez, mudar de partido. Acostumado a mudar de sigla (já foi do PPS, PMDB e PSDB) teme perder espaço em Dourados e cogita deixar o ninho tucano.
As mudanças estão apenas começando. Apesar do eleitor se indignar com a política, milhares estão enfrentando filas quilométricas e horas de espera para fazer a biometria e não perder o direito de votar nas eleições deste ano em Campo Grande.
Pode ser apenas obrigação, mas não custa ter esperança de que o eleitor terá mais critério nas eleições deste ano.
2 Comentários
Pingback: Para ministra, houve desmantelamento da organização criminosa de ex-governador – O Jacaré
Pingback: Preso há dois meses, André pede votos para Mochi ao governo e Delcídio e Moka ao Senado – O Jacaré