Totalmente sem escrúpulos e debochado, Carlos Marun, o ministro da Secretaria de Governo que faz o sul-mato-grossense de bem passar vergonha, decidiu fazer chantagem com o STF (Supremo Tribunal Federal) para livrar o amigo Michel Temer (MDB) de nova investigação. Ele deve reassumir o mandato de deputado federal para propor o impeachment do ministro Luís Roberto Barroso e, de quebra, ter condições de disputar a reeleição.
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Defensor de personagens notórios do atual momento da política brasileira, como o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB), preso e condenado a 14 anos de prisão por corrupção, e do ex-governador André Puccinelli (MDB), acusado pela Polícia Federal de integrar esquema que desviou R$ 300 milhões dos cofres estaduais, Marun decidiu partir para o ataque contra o ministro do STF.
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A fúria do emedebista é com a quebra dos sigilos bancários e fiscal de Temer no inquérito que apura o pagamento de propina por empresas do setor portuário. O presidente é acusado incluir itens favoráveis ao grupo no decreto dos portos em troca de vantagem indevida.
Além de Temer, Barroso quebrou o sigilo do ex-deputado Rocha Loures, flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil em propina, e o coronel João Baptista Lima Filho, outro suposto intermediário para receber dinheiro em nome do presidente.
Marun ficou indignado com o risco do amigo ser pego com a boca na botija. Inicialmente, o próprio presidente anunciou que não temia a divulgação da sua movimentação bancária e apresentaria aos jornalistas os extratos bancários. Não só recuou como decidiu partir para a ofensiva contra a quebra do sigilo.
No sábado, Temer teve encontro com a presidente do Supremo, ministra Carmem Lúcia, que não viu problemas em recebe o “amigo” investigado em sua residência. Ele ainda enviou uma carta à procuradora geral da República, Raquel Dodge.
Agora, a estratégia é ir para o confronto. Marun até já preparou o pedido de impeachment de Barroso, conforme o jornal O Estado de São Paulo.
Marun vai usar o decreto de indulto natalino, alterado por Barroso. O ministro suspendeu os itens que beneficiariam condenados por crimes de corrupção e do colarinho branco, como Eduardo Cunha, o criminoso que sabe demais.
O ministro vai argumentar que Barroso agiu como político-partidário. Nomeado por Dilma Rousseff (PT) para o cargo, o ministro não suspendeu os mesmos artigos, segundo Marun, que teriam levado ao indulto para os petistas José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoíno.
O impeachment está previsto no artigo 39 da Lei 1.079/1950. O pedido será protocolado quando Marun reassume o mandato de deputado, em abril e tira a vaga de Fábio Trad (PSD), que tem se mostrado coerente no parlamento e dado orgulho a muita gente no Estado.
Marun vai deixar o cargo de ministro para ser candidato nas eleições deste ano. Ele deverá disputar a reeleição, já que amigos e assessores dão como certo o seu retorno à Câmara dos Deputados.
Alguns cogitam que ele seja até candidato a vice-governador na chapa de Puccinelli, pré-candidato a um terceiro mandato de governador.
Marun é ficha limpa. No entanto, é o tipo de político que não se intimida em defender os amigos acusados e até condenados por toda sorte de crime.
Ele foi o principal articulador da manobra que livrou Temer de ser julgado pelo STF pelos crimes de corrupção passiva, obstrução da Justiça e chefiar organização criminosa. Três deputados de MS ajudarem a manter os crimes impunes: Tereza Cristina, que trocou o PSB pelo DEM, Geraldo Resende e Elizeu Dionizio, que ameaçam deixar o PSDB neste mês.
Como nem tudo está perdido, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL) pediu a abertura de inquérito contra Carlos Marun por chantagear o ministro do STF. “O nome disso é constrangimento ilegal, é abuso de autoridade, o nome disso é obstrução de Justiça”, afirmou.
“Se tem criminosos nesta República, o principal local em que eles estão alojados é no terceiro andar do Palácio do Planalto”, ressaltou.
Não é o que pensa Marun, que tem certeza absoluta da inocência do presidente da República. Se bobear, ele entra com o pedido de canonização no Vaticano.