Presidente regional do MDB, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos consecutivos, o ex-governador André Puccinelli se transformou no enigma a ser desvendado neste mês de março. Aliados e adversários tentam adivinhar se o ex-governador será candidato pela terceira vez ao Governo de Mato Grosso do Sul.
O emedebista tem bom cacife político e fama de bom gestor. No entanto, ele está desgastado pelas acusações de corrupção. O maior desgaste é a Operação Lama Asfáltica, comandada pela Polícia Federal, que o acusa de chefiar uma organização criminosa investigada por desviar R$ 242 milhões dos cofres públicos.
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O segundo desgaste foi a colocação de tornozeleira eletrônica na Operação Máquinas de Lama, determina pela juíza substituta Monique Macchioli Leite, que foi retirada mediante pagamento de fiança de R$ 1 milhão.
O maior golpe, até o momento, foi a decretação da prisão preventiva do ex-governador na Operação Papiros de Lama, que chegou a dormir na prisão com o filho, o advogado André Puccinelli Júnior.
Neste ano, Puccinelli se tornou réu pela primeira vez na Lama Asfáltica por causar prejuízos de R$ 142 milhões, conforme denúncia aceita pelo juiz substituto Rodrigo Boaventura Martins. Além disso, ele teve os bens bloqueados pela Justiça Federal em três ações só da Lama Asfáltica.
Alheio às acusações, com o apoio da família, dos amigos e de políticos do MDB, Puccinelli anunciou a pré-candidatura a governador nas eleições deste ano. Contudo, enquanto os aliados dão como certa o seu nome na urna, adversários desdenham e até o colocam apenas como candidato a deputado federal.
Puccinelli tem histórico de não voltar atrás nos anúncios. Em 2002, com a popularidade em alta e no segundo mandato de prefeito da Capital, ele resistiu a pressão de aliados, empresários e políticos e manteve a disposição de concluir o mandato e não disputou o Governo.
Na ocasião, ficou famosa a manchete do Correio do Estado, que externou a frustração do dono, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues. Para o jornal, o emedebista “amarelou” diante do risco de perder a eleição para Zeca do PT, que teve uma disputa difícil e venceu Marisa Serrano (PSDB) no segundo turno.
Em 2014, Puccinelli não se curvou à mesma pressão para renunciar ao cargo para disputar o Senado. Ele anunciou desde o início de que não disputaria eleição e apoiaria Simone Tebet (MDB), que acabou eleita.
Atualmente, ele já reiterou a disposição de disputar o cargo de governador. Em inúmeras entrevistas, colocou a disputa como forma de dar a volta por cima após a prisão e recorrer à campanha eleitoral para provar ao povo que é inocente.
A incógnita do pleito é que Puccinelli, vencedor de todas as eleições disputadas, sempre se baseou em pesquisas de opinião pública.
Em 2002, ao confirmar a decisão de não disputar, ele anunciou que a maioria dos campo-grandenses era contra a renúncia. O mesmo ocorreu em 2014.
Considerando-se as pesquisas divulgadas e as feitas para consumo interno dos partidos, a situação do ex-governador não é confortável: as denúncias e a prisão preventiva fizeram estrago na imagem do “mito”.
Ele perdeu terreno para os principais adversários, o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT) e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Até momento, a situação é que pela disposição mostra, o emedebista será candidato a governador, considerando-se o histórico.
Puccinelli vem articulando a formação de um grande grupo de aliados. Ex-prefeito de Corumbá, ex-deputado estadual e ex-presidente estadual do PT, Paulo Duarte, trocou o PDT pelo MDB a convite do ex-governador.
O deputado estadual George Takimoto, de saída do PDT, vai para o partido a ser indicado pelo emedebista. Até o ex-prefeito Gilmar Olarte, apesar dos processos e denúncias, arriscou-se a lançar a esposa, a ex-primeira dama da Capital, Andreia Olarte, como pré-candidata a deputada estadual após ouvir o presidente regional do MDB.
Sem mandato, Puccinelli tem até agosto para aguardar o humor da Polícia Federal e decidir se entra para valer na disputa da Governadoria.
O único entrave é que o plano B do partido, o prefeito Waldeli Rosa, de Costa Rica, só tem este mês para decidir e encaminhar a renúncia ao cargo. Se houver mudanças após 7 de abril, o MDB vai precisar de um plano C para disputar o Governo do Estado.