Pela primeira vez disputando um cargo eletivo, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT), que lidera as pesquisas de opinião como pré-candidato a governador nas eleições deste ano, definiu como prioridade não ter suspeito de corrupção como companheiro de chapa. No entanto, a principal meta é uma tarefa quase impossível.
Ao contrário do Paraná e do Rio de Janeiro, onde as ações penais tramitam a jato, os processos seguem o ritual brasileiro em Mato Grosso do Sul e não devem chegar a sentença até outubro deste ano. Odilon terá a mesma dificuldade do eleitor em separar o joio do trigo.
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Em entrevista à rádio CBN, na manhã desta quarta-feira, o juiz foi claro que não pretende se coligar com candidato suspeito de corrupção para vencer a disputa. Este será dilema deverá marcar a campanha do pedetista da atual fase, de filiações, até o eventual segundo turno, no último domingo de outubro.
Os principais nomes, inclusive com chance real de ganhar o pleito, estão atolados em denúncias de corrupção. Os dois principais adversários de Odilon são investigados por corrupção.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que começou a falar oficialmente como pré-candidato à reeleição, é acusado de cobrar propina de R$ 38,4 milhões da JBS, conforme delação premiada da empresa e inquérito aberto pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O tucano ainda é alvo de outra denúncia, de cobrança de vantagens financeiras por integrantes do Governo para manter incentivos fiscais, conforme denúncia veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, no dia 28 de maio passado. O caso foi enviado ao STJ porque o governador foi citado como suspeito.
O ex-governador André Puccinelli (MDB) não só é investigado como chegou a ser preso na Operação Lama Asfáltica, que apura suposto desvio de R$ 300 milhões dos cofres públicos. O emedebista nas delações da JBS, suspeito de cobrar R$ 112 milhões em propinas, e da Odebrecht, acusado de cobrar vantagem de R$ 2,3 milhões.
Reinaldo e André negam as acusações e, com base na Constituição, são inocentes até eventual condenação. Ou seja, oficialmente, Odilon poderia se coligar com ambos, porque não há óbice ou condenação. No entanto, para o eleitor, o entendimento é outro.
A mesma situação se repete com os principais candidatos ao Senado. Nelsinho Trad (PTB), líder das pesquisas, responde a ações por supostas fraudes na operação tapa-buracos e está com os bens bloqueados. Também jura inocência. E mais, pelo ritmo do Poder Judiciário, ele não deverá ser condenado até a eleição.
O ex-governador e deputado federal Zeca do PT, com chances de ficar com a segunda vaga, está em situação ainda mais delicada. Ele já foi condenado em segunda instância, na farra da publicidade, e não poderia disputar por ser ficha suja. No entanto, o petista aposta em uma liminar para incluir o nome na urna eletrônica.
Ele ainda é investigado no STF pela farra da publicidade e pela delação da Odebrecht, que o acusa de ter cobrado R$ 400 mil. Além de negar as acusações, o deputado tem fé que reverterá a condenação.
Outra opção seria Alcides Bernal (PP), que foi denunciado por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. O ex-prefeito não tem ação criminal, mas tem suspeita de improbidade.
Neste cenário, Odilon ainda poderá ser coligar com o senador Pedro Chaves, que trocará o PSC pelo PRB, sigla dominada pela Igreja Universal do Reino de Deus. O senador não responde por ações na Justiça, mas votou, no Congresso, para salvar o senador Aécio Neves (PSDB), que dispensa apresentações .
A princípio, o presidente regional do PDT, João Leite Schimidt, que deverá articular as alianças, terá, entre as opções de apoio à candidatura de Odilon, o PCdoB, PSD, PSB, PPS, SD e DEM.
O PCdoB é tradicional aliado do PT. O PSB está dividido entre o apoio a candidatura de André e a vontade de Ricardo Ayache, que não se decidiu sobre o futuro político.
O PSD é liderado por Marquinhos Trad, que não deverá deixar de dar apoio ao irmão, Nelsinho Trad.
O PPS e SD possuem cargos no Governo e não deverão deixar Reinaldo. O DEM é tradicional aliado tucano, mas pode chegar dividido entre André e a candidatura própria com o deputado federal Luiz Henrique Mandetta.
Odilon sabe que as opções de escolha vão ficar restritas ao primeiro turno. Em eventual segundo turno, ele sinalizou que não dispensará apoio, independente da ficha corrida do proponente.
Ele também descartou, de forma veemente, que poderá desistir da disputa do Governo para fazer o passeio na disputa de uma das duas vagas ao Senado.