Em 2016, a violência foi causa da morte de 61.619 pessoas no Brasil. Não se matou tanto nem em países em guerra. No entanto, apesar da gravidade dos problemas, é comum governador dar entrevista se esquivando de responsabilidade e culpando o Governo federal pelos problemas.
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Com o objetivo de combater este mal da cultura brasileira, problema tão grave quanto à corrupção, a Igreja Católica lançou, nesta quarta-feira, a Campanha da Fraternidade 2018, com o tema “Fraternidade e Superação da Violência – Vós sois todos irmãos”.
O tema é um apontado como um dos principais problemas em Mato Grosso do Sul, que contabilizou 10.890 roubos, 533 homicídios, 292 mortes em acidentes de trânsito, 1.648 estupros, 40.571 e 11.003 vítimas de violência domésticas em 2017, conforme dados da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública.
Os números da violência em MS
Os dados da violência em 2017 mostram redução em alguns crimes e crescimento de outros, confira:
Queda de 4% no número de roubos
No ano passado, MS registrou 29 assaltos a mão armada por dia. Apesar do número ainda ser expressivo, a boa notícia é a redução de 4% no número de roubos, de 11.351 em 2016 para 10.890 no ano passado.
Também houve queda de 6,7% no número de homicídios dolosos, de 560 para 522, e de 9% nas mortes em acidentes de trânsito, de 321 para 292.
Sequestros disparam e crescem 20%
A Polícia Civil contabilizou 119 sequestros no ano passado, aumento de 20% em relação aos 99 registrados em 2016.
A quantidade de furtos cresceu 4,72%, de 38.742 para 40.571. Em média foram 111 casos por dia. Ou seja, a cada hora, quatro pessoas tiveram algo levado por ladrões no ano passado em Mato Grosso do Sul.
Outro dado negativo é o crescimento de 5% nos casos de estupro, de 1.561 para 1.648.
O problema exige conscientização da população. No entanto, apavorada, parte da sociedade defende medidas extremas, como pena de morte e redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.
Além de conscientização da população, com maior respeito ao próximo e às regras de trânsito, espera-se que a campanha mude também a atuação dos governantes. O caso emblemático foi o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que acuado pelo morticínio nos presídios estaduais, responsabilizou a fronteira com o Paraguai pela violência em uma área de sua responsabilidade.
Não é único. Governador de Mato Grosso do Sul, onde fica a dita fronteira, Reinaldo Azambuja (PSDB) repete a mesma ladainha, que é necessário investimento do Governo federal para reduzir a entrada de armas e drogas.
Ele chegou a se falar em construir “muro”, repetindo o discurso em voga nos Estados Unidos, por meio do presidente fanfarrão, Donald Trump. Aliás, neste ano, o republicano deu o primeiro passo para erguer a barreira na fronteira dos Estados Unidos com o México.
O problema é que os governadores não definem um plano estratégico para combater a violência, o crime organizado e o tráfico de drogas. Só aparecem para assumir que são responsáveis pela segurança pública quando os números são favoráveis.
No ano passado, o Estado teve redução em alguns crimes, como homicídios, mortes no trânsito e roubos.
Por outro lado, houve aumento nos casos de furtos, violência doméstica e estupros. O Estado tem outros problemas, como falta de armamento para os policiais e de efetivo para as polícias Militar e Civil.
A guerra sangrenta entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho começa a extrapolar o muro dos presídios. É comum a polícia prender grupos que roubaram, sequestraram e até mataram de forma cruel por determinação de chefes presos. Mais grave, não se vê as autoridades definindo planos estratégicos de combate e pondo fim à desorganização do poder público para enfrentar, enquanto há tempo, o crime organizado.
Apesar da gravidade da situação, o Governo do Estado reduziu em 9,5% o investimento previsto para este ano em segurança pública. Serão investidos R$ 1,726 bilhão, contra R$ 1,909 bilhão no ano passado, conforme o Orçamento Geral do Estado aprovado, pasmem, por todos os deputados estaduais.
É preciso reagir enquanto ainda temos condições de vencer a criminalidade. Espera-se que a campanha da igreja inspire a população a se moldar em novos costumes, como o amor ao próximo e ao cumprimento das leis.
Das autoridades, inclusive das lotadas no Poder Judiciário, espera-se ofensiva para construir a paz, qualidade de vida e dignidade. Não dá para tapar os olhos diante de escalada sem fim da violência.
Como há diversidade de crença, que esta campanha não fique restrita apenas aos católicos. Combater a violência é uma tarefa de todos.