O fim do Carnaval não deve marcar apenas o início do ano para os moradores de Mato Grosso do Sul, que deverão se preparar para o encarecimento do custo de vida. Decisões importantes devem ter impacto direto na vida dos cidadãos. O “pacote de maldades” deve estender a Quarta-Feira de Cinzas.
O assunto mais polêmico é a Reforma da Previdência do presidente Michel Temer (MDB), o primeiro a ser acusado formalmente de chefiar uma organização criminosa, obstrução da Justiça e corrupção passiva. A proposta não acaba com privilégios e ainda penaliza os trabalhadores com regras mais rígidas para a concessão dos benefícios.
A tropa de choque do Governo prevê a votação na Câmara dos Deputados no dia 28 deste mês. De Mato Grosso do Sul, vão votar contra os deputados federais Dagoberto Nogueira (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Vander Loubet (PT) e Zeca do PT.
Os deputados Carlos Marun (MDB), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (DEM), Geraldo Resende e Elizeu Dionízio, ambos do PSDB, devem marchar juntos, repetindo a façanha ao aprovar a Reforma Trabalhista, que acabou com direitos dos trabalhadores, e de livrar Temer do julgamento pelos crimes denunciados pelo MPF. No entanto, só Tereza, Marun e Resende já oficializaram o voto a favor da reforma previdenciária.
Em março, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) deve definir o valor da taxa do lixo, criada no ano passado com o apoio de 25 vereadores e revogada após protestos dos contribuintes contra o aumento abusivo. Uma comissão deverá definir o valor e a cobrança deve voltar a ser feita em abril por meio de boleto. A inclusão na conta de água, para reduzir a inadimplência, só deverá ocorrer em 2019.
A conta de água pode ter reajuste extra nos próximos dias. Com o fim da tarifa mínima, o consumidor teve queda de até 50% na conta neste ano. Marquinhos decretou o fim gradual da tarifa mínima, que passou de 10 para cinco metros cúbicos neste ano. Em 2019, não haverá valor mínimo e o cliente pagará apenas pela água que consumir.
Só que a Águas Guariroba alega reequilíbrio econômico-financeiro e ingressou na Justiça com pedido de reajuste extra de 5% ou a volta da tarifa mínima de 10 metros cúbicos. A decisão deve ser tomada nos próximos dias pelo desembargador Marcos José de Brito Rodrigues, que pode derrubar o decreto ou determinar o aumento extraordinário.
Em abril, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autoriza reajuste de 8,41% a 11,82% nas contas de energia elétrica. O índice é quatro vezes a inflação acumulada. Em audiência pública realizada na quinta-feira passada, a economista Andreia Ferreira, do DIEESE, destacou que o índice é abusivo, porque o salário mínimo só teve aumento de 1,81%, o menor dos últimos 24 anos.
O “presente de grego” terá a contribuição dos deputados estaduais, que discutem projeto do Tribunal de Justiça para elevar o valor das custas extrajudiciais em até 48%. As taxas dos cartórios estão sem reajuste desde 2014, apesar de serem as mais caras do País.
O presidente em exercício do TJMS, desembargador Julizar Barbosa, destaca que, por outro lado, haverá redução significativa nos valores pagos para registro de imóveis, principalmente, os populares e de menores valores.
Outro fator que vem contribuindo para o empobrecimento do poder de compra do brasileiro é a política de reajuste dos combustíveis do Governo. Desde a posse de Temer, o valor médio da gasolina teve alta de 17,8% no Estado, de R$ 3,556 para R$ 4,19.
Apesar do brasileiro não ser idiota e acompanhar o noticiário, com reajuste quase diário no preço dos combustíveis, o presidente da República anunciou que o valor reflete cartel e pediu a investigação dos empresários. Como tem gente que acredita no discurso, não custa tentar, não é mesmo?
No final das contas, o poder público não reduz o custeio e põe a conta para o povo pagar. E tem deputado que aposta cegamente que muita gente vai esquecer disso tudo em outubro e lhe dará o voto de confiança mais uma vez.
Só não vai poder culpar os outros por ter desperdiçado a única arma que ainda dispõe em outubro: o voto.