Em queda nas pesquisas e bombardeado por denúncias de corrupção, que classifica como “inverdades”, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) sonha em tirar os principais adversários da disputa nas eleições deste ano. Para retornar à Governadoria pela terceira vez, ele propôs a sua chapa dos sonhos, o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), primeiro colocado nas pesquisas como candidato a vice-governador, e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que assumiu a segunda colocação, como senador.
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O presidente regional do MDB fez as revelações na entrevista ao jornalista Otávio Neto, da rádio CBN. Pela primeira vez, ele falou como pré-candidato a governador e descartou, de forma categórica, disputar uma vaga na Câmara dos Deputados ou Senado.
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Pesquisa aponta queda de André após prisão e Odilon na liderança na disputa do Governo
Conforme a pesquisa do instituto Ranking Comunicação, divulgada ontem pelo Diário de Mídia, Reinaldo ultrapassou o ex-governador e assumiu o segundo lugar. Considerado carta fora do baralho pelos adversários, o juiz federal continua em ascensão e na primeira colocação.
Odilon acumula alta de dez pontos percentuais entre outubro e este mês. O pedetista estreou na disputa em segundo lugar, com 20,16% em outubro, quando anunciou a aposentadoria da Justiça Federal. O magistrado assumiu a dianteira em dezembro, quando atropelou Puccinelli e atingiu 28,36%. Agora, está com 30,16%.
Apesar das denúncias de corrupção, o governador começou a subir nas últimas três pesquisas do Ranking. Reinaldo estava em terceiro em outubro, quando tinha 15,63%. Ele empatou com o emedebista em dezembro, quando atingiu 16,13%. Manteve o crescimento, atingindo 18,16% em fevereiro e assumindo a segunda colocação.
O ex-governador liderava a disputa em outubro, com 21,66%. Caiu para o segundo lugar em dezembro, 17,06%, logo após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça na Operação Papiros de Lama. Manteve a tendência de queda, chegando a 15,5% este mês, ficando em terceiro lugar.
No entanto, Reinaldo e André estão empatados tecnicamente, porque a margem de erro é de 2,83% para mais ou para menos.
Impulsionado pela candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro, de extrema direita, o ex-deputado Coronel David (PSC), assumiu a quarta colocação, passando de 1,13% em dezembro para 5,5% neste mês. Ele voltou ao índice de outubro, quando tinha 4,43%.
Indeciso, o presidente da Cassems, Ricardo Ayache (PSB), perdeu terreno, oscilando de 3,63% para 1,66%. Alcides Bernal (PP) saltou de 1,7% para 4,6%.
A pesquisa revela que os principais pré-candidatos serão Puccinelli, Reinaldo e Odilon. Os três sofrem com boatos de que não devem manter a candidatura até o fim e vão apoiar o adversário para garantir a eleição para o Senado, que terá duas vagas.
Na versão dos adversários, o juiz deve desistir da disputa do Governo porque não dispõe de estrutura nem dinheiro para manter a candidatura a governador.
Puccinelli desistiria por causa do desgaste das investigações feitas pela Polícia Federal e optaria em garantir o foro privilegiado com a eleição garantida para o Senado.
A mesma teoria bombardeia a candidatura à reeleição de Reinaldo, que toparia renunciar ao mandato para garantir o foro privilegiado com a vaga garantida de senador.
As teorias possuem apenas um objetivo: desgastar o adversário nas pesquisas até o final de março, prazo máximo para a mudança de legenda. As principais alianças vão definir os partidos de olho na aliança que vão fechar em agosto. E quem estiver com maior perspectiva de ocupar a Governadoria, vai ganhar mais apoio na pré-campanha.
No entanto, o eleitor tem demonstrado que a estratégia ajuda, mas não garante a vitória.
Edson Giroto, que tinha o apoio de 15 partidos, do governador e do prefeito, Nelsinho Trad (PTB), perdeu para Bernal, que não tinha dinheiro e estava com chapa pura, em 2012.
Delcídio do Amaral, na época no PT, liderava as pesquisas, mas perdeu em decorrência das denúncias de corrupção na Petrobras.
E depois, quem decide tudo, é o eleitor, que irá às urnas no primeiro domingo de outubro. O resto é conversa e suposição.
Ex-governador se diz vítima de “inverdades” e aposta na “voz de Deus”
O ex-governador André Puccinelli destacou, na entrevista concedida à CBN, que é vítima de “inverdades”, sobre as denúncias de corrupção investigadas na Operação Lama Asfáltica. Ele busca uma espécie de absolvição nas urnas, já que considera o povo como “a voz de Deus”.
Conforme a Polícia Federal, o emedebista é acusado de chefiar uma organização criminosa que desviou R$ 242 milhões dos cofres públicos. Ele se tornou réu na primeira ação penal da Lama Asfáltica no início deste ano.
Sem citar a operação, ele se defendeu e classificou as denúncias como “inverdades”. Puccinelli destacou que é alvo de investigações desde 2001, ou seja, há 17 anos. E só agora, quando sonha em retornar ao Governo, sofreu a primeira denúncia.
Ele defendeu a conclusão do Aquário do Pantanal e chamou os críticos de “equivocados”. Para o emedebista, defender que o dinheiro do Aquário deveria ser investido em saúde “é um equívoco”. “É um equívoco ou má fé, que Deus os perdoe”, disse.
Sobre o fato de ser lembrado como o melhor prefeito de Campo Grande, mostrou-se gratificado. Ele aposta nesta lembrança para voltar a ser governador pela terceira vez, repetindo a trajetória de Pedro Pedrossian, que foi governador por três ocasiões, sendo uma pelo Mato Grosso, antes da divisão.
Puccinelli classificou a voz do povo como a “voz de Deus”. E aposta no apoio da população para superar as denúncias e ganhar a eleição deste ano, mantendo a trajetória vitoriosa. Ele não perdeu nenhuma eleição que disputou – deputado estadual, deputado federal, prefeito e governador.