Dois delegados com fama de “duro na queda” vão assumir a cúpula da Policia Federal em Mato Grosso do Sul e podem dar o mesmo status da Operação Lava Jato à Lama Asfáltica, que apura o maior escândalo de corrupção no Estado. Os novos indicados não se intimidaram com operações polêmicas.
O novo superintendente será o delegado Luciano Flores de Lima foi nomeado novo superintendente da PF no dia 31 de janeiro deste ano. A nomeação do delegado Luciano Menin para comandar o Departamento de Investigação e Combate ao Crime Organizado ocorreu nesta quarta-feira.
Além do nome em comum, Flores e Menin integraram a Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba, que desvendou o esquema de corrupção na Petrobras. Eles não fogem a uma polêmica.
Luciano Flores fez parte da coordenação de grandes eventos durante as Olimpíadas. No entanto, ganhou fama mesmo ao cumprir o mandado de condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em março de 2016.
Luciano Menin foi um dos primeiros integrantes da Lava Jato e a investigar o ex-presidente Lula.
Em 2016, ele comandou a Operação Miragem, em Marília (SP), que fechou o jornal Diário de Marília, do grupo CMN. Nesta investigação, um dos alvos foi o deputado estadual Abelardo Camarinha (PSB) e seu filho, o prefeito da cidade, Vinícius Camarinha (PSB).
Essas duas operações mostram que os dois delegados não devem se intimidar com eventuais ataques feitos às investigações.
Eles vão assumir o comando da Operação Lama Asfáltica, que apura suposta organização criminosa liderada pelo ex-governador e presidente regional do MDB, André Puccinelli. O desenrolar da investigação neste ano será fundamental para definir o pleito eleitoral de outubro, quando o emedebista deverá enfrentar o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT) e atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), também citado em denúncias de corrupção.
Um dos principais críticos ao trabalho da Polícia Federal é o ministro Carlos Marun, responsável pela articulação política do presidente Michel Temer (MDB), o primeiro presidente a ser acusado de chefiar uma organização criminosa na história da República.
No entanto, o diretor geral da Polícia Federal, Fernano Segóvia, nomeado por Temer com o apoio do ex-senador José Sarney (MDB), prometeu por a Lama Asfáltica entre as prioridades da corporação neste ano.
Até o momento, a PF desencadeou cinco fases da operação e conseguiu três liminares da Justiça para bloquear R$ 303 milhões. Além de Puccinelli, a operação tem como alvo o ex-deputado federal Edson Giroto e o poderoso empresário João Amorim, dono da Proteco.
O primeiro desafio dos novos delegados será concluir a investigação feita com base na delação premiada da JBS, que teria dado mais indícios de irregularidades no Estado.
A esperança é que a Lama Asfáltica ganhe uma força-tarefa específica, o que permitirá mais agilidade nos inquéritos e na conclusão da operação, que começou em 2013.